Luanda. - Mais de uma centena de famílias na povoação de Lobia, município de Caimbambo, província angolana de Benguela, tem recorrido a mangas verdes para se alimentar, devido à seca que afeta algumas regiões do sul do país.

Fonte: Lusa

Face à situação, a diretora da delegação provincial do Ministério da Ação Social, Família e Igualdade do Género, Leonor Kafundanga, lançou um pedido de ajuda para estas pessoas, salientando que estão igualmente afetados os municípios de Chongoroi, Ganda e Cubal.

"As mulheres que nós reunimos na presença do administrador disseram-nos mesmo que graças às mangas verdes, que têm estado a acudir grandemente a fome daquela população. Como exemplo, disseram que a uma criança se dá duas a três mangas para matar a fome no almoço e à noite uma pequena papa para conseguirem durante o dia", disse a responsável, em declarações emitidas pela rádio pública angolana.

A agência Lusa contactou o bispo da diocese de Benguela, Eugénio Dal Corso, que confirmou a falta de chuvas nessas zonas, onde "lamentavelmente está a morrer gado", salientando que a Cáritas local está a prestar apoio.


Em declarações à Lusa, também o pároco de Chogoroi, João Kassuki, referiu que "chove muito pouco", o que afetou as primeiras colheitas, agravando a situação destas famílias.

Segundo o pároco, o Governo lançou uma campanha de recolha de apoios, mas nem todos têm possibilidade para ajudar, o mesmo acontecendo com a Igreja.

"O Governo entendeu pedir uma ajuda para ver se pode minimizar a carência da população, tendo em conta essa situação que a população vive, aí em Caimbambo, Cubal, chove pouco, há o problema da seca, não há água, até o capim está escasso para o gado, assim também como em Chongoroi", referiu.

Segundo João Kassuki, todo o município está afetado pela seca, salientando que por esta altura, "há já alguma esperança do povo" relativamente à colheita.

"Já há quem vá à lavra e consegue voltar com milho", disse o pároco, acrescentando que "o povo vai se arranjando com uma ou outra coisa, com algumas frutas".

"É época de mangas, então, vivem disso, arranjam uma ou outra coisa, os que têm um pouco de dinheiro importam milho lá no Caluquembe [província da Huíla] e vendem um pouco, ajudam-se mutuamente", frisou.