Lisboa - O líder da oposição no Zimbabué, Morgan Tsvangirai, morreu esta quarta-feira. O The Guardian conta que o político lutava contra um cancro do cólon há dois anos, mas a sua condição piorou drasticamente nos últimos dias, enquanto fazia tratamentos na África do Sul. Tinha 65 anos.

Fonte: Lusa

A morte de Tsvangirai acontece apenas meses antes das primeiras eleições pós-Robert Mugabe, que foi afastado do poder em novembro de 2017, depois de 30 anos como presidente do Zimbabué. A doença do líder do Movimento para a Mudança Democrática foi tornada pública em 2016 e dividiu desde aí o partido. Agora, o principal partido da oposição vai ter de escolher um novo presidente e lançar a campanha contra o Zanu-PF — o partido do poder, chefiado por Emmerson Mnangagwa, o sucessor de Mugabe.


Morgan Tsvangirai era um dos fundadores do Movimento para a Mudança Democrática e o seu desaparecimento pode ter implicações imediatas. A aliança de sete partidos da oposição, formada com o simples propósito de enfrentar o Zanu-PF, pode ficar fragilizada e corre o risco de deixar de existir.


Em 2007, depois de ser espancado pela polícia do Zimbabué


O mais velho de nove filhos, Tsvangirai deixou a escola aos 16 anos para ajudar a sustentar a família. Tornou-se mineiro e rapidamente se juntou ao grupo de ativistas daquela classe, acabando por ascender aos cargos mais altos do Sindicato dos Mineiros do Zimbabué. Em 1988, foi eleito secretário-geral do Sindicato do Comércio e em 1999 fundou o Movimento para a Mudança Democrática.

Líder assumido da oposição a Robert Mugabe, esteve perto de vencer as eleições parlamentares em 2000 e as presidenciais em 2002. A política de repressão do anterior presidente do Zimbabué cimentou a reputação de Tsvangirai como um homem corajoso e persistente: em 2007, as imagens em que surge momentos depois de ser espancado pela polícia, por estar numa oração considerada ilegal, correram o mundo.