Luanda - O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, disse hoje à Lusa, em Paris, que "2020 devia ser a data para a realização das eleições autárquicas" em Angola.

Fonte: Lusa

O chefe do maior partido de oposição no país afirmou que "há que dizer a data exata da realização das eleições autárquicas", depois de o Presidente angolano, João Lourenço, ter anunciado, a 19 de fevereiro, que o executivo vai preparar as condições legais e técnicas para realizar as primeiras eleições autárquicas em Angola antes das eleições gerais de 2022, em data a "negociar" com os partidos.

"Não basta dizer que acontecem antes de 2022, precisamos da data exata. Quando? Na minha maneira de ver, na nossa maneira de ver, nós, UNITA, achamos que 2020 devia ser a data para a realização das eleições autárquicas", defendeu.

Isaías Samakuva apontou 2020 porque em 2018 "há ainda alguma legislação a aprovar sobre as eleições autárquicas", 2019 "devia ser o tempo para as candidaturas, para a campanha" e, no início de 2020, o escrutínio, porque, mais tarde, fica muito próximo das eleições gerais de 2022.

O líder da UNITA sublinhou, também, que as autárquicas já se deveriam ter realizado porque "em 2011, o Conselho da República reuniu para tratar das eleições autárquicas e tinha sido concordado que deviam acontecer em 2014", algo que não aconteceu.

Questionado sobre se acredita que as autárquicas se realizem mesmo antes de 2022, Isaías Samakuva alertou que "os responsáveis do país não podem andar com fintas" e que "seria bom que não houvesse mais recuos".

"Para o Presidente falar disso, esperamos que não faça como o outro. Esperamos que elas tenham mesmo lugar e, por enquanto, não tenho razões para não acreditar. Pelo menos, faria algo de concreto das intenções e das promessas que tem estado a fazer. Precisamos que saiamos das promessas, das intenções para a realidade", declarou.

O líder da UNITA disse, também, que o partido está pronto para as autárquicas e que é preciso analisar a composição do organismo que vai conduzir as eleições porque "até aqui, no fundo, [as eleições] têm sido conduzidas pelo partido no poder" e "eles ficam árbitros e jogadores ao mesmo tempo".

Isaías Samakuva está de passagem por Paris, antes de regressar, este sábado, a Angola, depois de uma deslocação a Budapeste, na Hungria, para a reunião anual do comité executivo da Internacional Democrata Centrista, e a Madrid e Salamanca, em Espanha, para a reunião anual da União Internacional Democrata.