Londres - É o aspecto mais “ desanimador” que o Secretário de Estado britânico para a África, Ásia e as Nações Unidas constatou na sua recente visita ao país. "Os altos níveis de riqueza, gerados pela indústria petrolífera, ainda não foram traduzidos em ganhos para os mais pobres", lamentou, durante a abertura do 10º Fórum Angola na Chatham House.

Riqueza não é traduzida em ganhos para os mais pobres

Malloch-Brown, que termina funções no governo britânico, visitou Angola em meados de Junho e disse ter ficado "surpreendido com o fantástico desenvolvimento".

No domínio económico, elogiou os grandes investimentos em infra-estruturas e edifícios e o crescimento nos sectores fora do petróleo, mas mostrou-se preocupado com a corrupção e a desigualdade social e económica.

Sobre as recentes eleições legislativas, acredita que deram "nova energia e legitimidade" ao partido no poder, o MPLA, "que estava cansado".

Todavia, alertou o perigo de se juntar ao grupo de "demasiados países onde os rendimentos do petróleo só beneficiam a elite".

"Os sucessos podem ser efémeros se não existirem estratégias sólidas, claras e não corruptas", avisou, no seu último compromisso oficial enquanto secretário de Estado.

O Fórum teve como oradores administradores de empresas e bancos, dirigentes de organizações não-governamentais, diplomatas e investigadores.

No final, a embaixadora britânica do Reino Unido em Angola, Pat Phillips, descreveu a encruzilhada em que Luanda se encontra após as eleições de 2008.

Na sua opinião, existem dois cenários possíveis, um idêntico ao que aconteceu ao Zimbabué e outro à transformação observada no Brasil.

Se seguir o primeiro, o partido no poder pode "agarrar-se" à riqueza e ao governo.

Em alternativa, afirmou, "daqui a 10 anos pode ser uma economia enorme e um país com grande influência".


Fonte: Lusa