Luanda - A crise económica e financeira que afeta Angola desde finais de 2014 poderá levar à falência mais de 1.600 empresas e 576 fecharam já a suas portas, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, hoje conhecidos.

Fonte: Lusa

Segundo o chefe de departamento de Contas Nacionais e Coordenação Estatística do INE, Agostinho Sardinha, o ramo do comércio é o mais afetado e decorrem neste momento trabalhos para a recolha de dados sobre quantas pessoas ficaram desempregadas em face da situação.

O responsável avançou que estão registadas 152.359 empresas, das quais 46.093 estão ativas e 104.088 aguardam para o arranque da sua atividade.

"Temos também desse universo 1.609 empresas em situação de suspensão temporária e empresas dissolvidas de facto, fechadas, são 576 empresas", disse Agostinho Sardinha, que participava de um programa da emissora estatal angolana.

Agostinho Sardinha disse que o que mais preocupa é a quantidade de empresas constituídas que aguardam pelo início da sua atividade.

Por sua vez, o administrador executivo do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), Samora Kitumba, disse que atualmente o crédito à economia é quase inexistente, por isso as empresas não têm condições de avançar com o exercício da sua atividade.

No caso daquelas que ainda assim "conseguem dar os primeiros passos e lançarem-se na atividade empresarial", no decorrer da sua atividade também "vão encontrando alguns empecilhos", referiu.

De acordo com o gestor, o "mais flagrante neste momento" é a atitude da Administração Geral Tributária, que devido à falta de alguma flexibilidade "tem levado a que muitas dessas empresas prefiram fechar as portas".

"Porque têm-se deparado com situações incontornáveis para o pagamento das excessivas multas e pelos valores avultados que têm que pagar em impostos, que não são nada adequados à atividade já exígua, que têm vindo a desenvolver", criticou.

Apontou a falta de "flexibilidade por parte da entidade tributária" sobretudo, para "aquelas empresas que já se encontram numa situação periclitante e podem de facto vir a resolver a situação económica do país".

No entanto, apesar do quadro acima descrito, o diretor-geral do Guichet Único de Empresas (GUE), Israel Nambi, disse que diariamente são constituídas 50 novas empresas e até fevereiro deste ano, já foram criadas 2.000 firmas.

De 2016 até à presente data, realçou Israel Nambi, que o GUE mantém a demanda de 50 empresas por dia para constituição.

"Em 2017, foram constituídas acima de 16.000 empresas e este ano, segundo os dados que temos, até o último dia do mês de fevereiro já constituímos mais de 2.200 empresas. Não obstante as dificuldades com que os empresários se deparam, nós vemos muitos empreendedores que procuram os nossos serviços solicitando a formalização dos seus negócios", sublinhou.

Angola enfrenta uma crise económica e financeira desde 2014 à custa da baixa do preço do petróleo no mercado internacional, a principal fonte de receita do país.