Luanda - O Instituto Nacional de Estatística (INE) admitiu nesta terça-feira, 15, ter cometido algumas falhas no processo de divulgação e publicitação atempada do terceiro Inquérito sobre Despesas, Receitas e Emprego de Angola (IDREA), situação que está a criar constrangimentos para o "bom andamento do processo".

Fonte: Angop
A falha na comunicação e publicitação do inquérito, que prevê abranger 12 mil e 500 agregados familiares, em todo país, levou a população de Ambaca, um município da província do Cuanza Norte a se recusar a fornecer os dados aos técnicos do INE.

A recusa da população da Aldeia do Quissonde, comuna do Tango, município de Ambaca, em fornecer os dados aos inquiridores poderá afectar a qualidade da informação a ser recolhida na província do Cuanza Norte, segundo o coordenador do IDREA, Paulo Fonseca, que falava hoje em conferência de imprensa.

Em termos de cumprimento do cronograma de trabalho, até ao momento as equipas de campo já cobriram 180 conglomerados nacionais, o que equivale a cobertura de três mil e 420 agregados familiares, representando cerca de 27 porcento dos agregados familiares do total de 12 mil e quinhentos agregados previstos na amostra.

Essa situação deve-se ao facto de até ao momento não arrancar a campanha de publicidade prevista para o terceiro Inquérito sobre Despesas, Receitas e Emprego de Angola (IDREA).

Segundo o coordenador-técnico do IDREA, foi contratada uma empresa, com base num concurso público, para gerir a campanha que permitiria levar ao conhecimento do público que o INE está a realizar o inquérito em todo território nacional.

Trata-se da Isenta Comunicação & Imagem que venceu o concurso, mas que até ao momento ainda não arrancou com a campanha para alcançar o seu público-alvo.

Contactado pela Angop, o técnico da Isenta Comunicação & Imagem, Flávio Neto, referiu haver questões cronograma de tarefas que ainda têm de ser aprovados.

“A campanha está desenhada, leva várias fases, como da concessão, aprovação do cliente que pode orientar mudanças e influenciar no processo. Não é questão de incumprimentos, mas de time. As próximas fases vão ser cumpridas”, assegurou.

Para esta campanha, que arrancou a 05 de Março último, em todo o país, o Instituto colocou 10 agentes de campo em cada uma das províncias do país, com excepção para Luanda, devido à sua particularidade, que tem o dobro do número de agentes de campos onde constam o inquiridor, supervisor, motorista, agente cartografo.

Nos municípios e comunas que vão servir de amostras para este inquérito, durante os 12 meses os agentes efectuam em regra três a quatro visitas dia, em diferentes agregados familiares.

O inquérito está a cobrir áreas rurais e urbanas, visa a recolha de informação relacionada ao consumo por parte das famílias, para obtenção de dados sobre o que geralmente consomem, seu poder de compra e sua condição sobre o emprego.

Paulo Fonseca, que apresentou o ponto de situação deste processo de recolha de dados, solicitou à compreensão da população e a permitir que os técnicos possam realmente tirar a fotografia das localidades, transformar essa informação em número para reportar aos decisores políticos.

Nas zonas urbanas, segundo o responsável, nem tudo tem sido um “mar de rosas”, porque os técnicos do Instituto Nacional de Estatística (INE) têm encontrado algumas áreas cinzentas no decorrer das actividades no campo.

“Encontramos algumas dificuldades em zonas urbanas, onde decorrem normalmente algumas construções, os agregados familiares normalmente nos confundem. Confundem os agentes de campo com outros agentes alheios ao INE, não permitindo muitas vezes fornecer-nos a informação conforme é desejada”, admitiu.

Para este inquérito, que arrancou em Março, o Instituto Nacional de Estatística (INE) prevê publicar os seus resultados preliminares sobre o perfil da pobreza e alguns indicadores relacionados ao emprego entre Agosto e Setembro deste ano.

Inquérito sobre o Bem-Estar da População

Os principais resultados sobre o Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População (IBEP), realizado pela primeira vez no país, pelo Instituto Nacional de Estatística, no período de 2008 a 2009, estão já disponíveis ao público.

O inquérito produziu resultados sobre 83 indicadores básicos relacionados com a demografia, educação, saúde, atitudes da população em relação a doenças como o VIH/Sida e o comportamento sexual de adultos, trabalho, renda e acesso a bens públicos.

As estatísticas do IBEP davam conta que 37 por cento da população vivia a abaixo da linha nacional de pobreza, 40,2 por cento tinha acesso à electricidade, 42 por cento dos agregados familiares tinham acesso à água apropriada para beber, 5 pessoas é o tamanho médio dos agregados familiares chefiados por mulheres e 18 anos é a idade média de nascimento do primeiro filho dos angolanos.

Além desses dados, o IBEP apurou que 17,7 por cento das mulheres entre os 12 e 49 anos, casadas ou em união de facto, utilizava métodos contraceptivos e 77,2 por cento das crianças de 6 a 11 anos de idade frequentavam o ensino primário.