Lisboa - As celebrações do 41 aniversario dos massacres do 27 de Maio, protagonizado pelo MPLA, no ano de 1977, em Angola trouxe, ao lume - um caso nunca mencionado pela imprensa – relacionado ao primeiro governador provincial do Kwanza Sul, Antônio da Conceição Gaspar, desaparecido misteriosamente e sem explicação até aos dias de hoje.

Fonte: Club-k.net

Na década de 70, Antônio da Conceição Gaspar fora um escrivão colocado em Cabinda, onde depois passou a colaborar para a fuga de combatentes do MPLA, para as matas do Mayombe e nos Congos. Com Angola, independente, Presidente Agostinho Neto, deu-lhe, a missão de dirigir a província do Kwanza Sul que na altura havia se ter tornado no maior produtor e exportador de Café.

 

Estaria a caminho de Luanda, quando ele mais dois colegas, os então governadores de Malanje e Benguela, foram emboscados e detidos. De acordo com testemunhos, quando tentaram soltar-lhe insurgiu-se dizendo que só sairia se soltassem os seus companheiros como Zeca Vandunem, Mussolo e Andrade. Dizia-se inocente acrescentando que só sairia com a presença do Presidente Neto. Terá sido pela ultima vez pelo seu amigo de cela Fernando Torres da Conceição “Mussolo” e posteriormente ninguém mais soube dele.

 

Tão misterioso foi o seu desaparecimento que, aos dias de hoje, fontes na província do Kwanza Sul, atestam que o malogrado Antônio da Conceição Gaspar foi o único governador que não tem o seu retrato na gala de galeria do palácio do governo provincial ilustrando todos os governadores que por ai já passaram.

 

 A nível do regime, Antônio  Gaspar é tio da actual Secretaria do Conselho de ministro Ana Maria da Silva e Silva e do ex-ministro  do Urbanismo e Habitação, José da Silva “Salú”.  A sua primogênita é  Marelina da Conceição Gaspar, uma cidadão nascida ao tempo em que esteve em Cabinda.  Já em Luanda, teve   outros  dois  filhos, Analise Raimundo Gaspar e Massoxi  Raimundo da Conceição Gaspar, esta última,  professora de psicologia que tem aparecido em programas de saúde educacional  na televisão angolana.  

 

Em solidariedade as vitimas do 27 de Maio, o advogado e sobrevivente Miguel Francisco “Michel”, escreveu uma carta ao Presidente João Lourenço para não cometer o erro do seu antecessor e avançar com a institucionalização de uma comissão para a descoberta da verdade sobre estes casos.

 

Para este sobrevivente “É que sem que haja um processo que tenha como base a descoberta da verdade, não será possível sarar as feridas que ainda sangram nas mentes dos familiares das vítimas da tragédia, com especial realce para os filhos e as viúvas, pois, muitos nem sequer certidões de óbito lhes foram dadas, até o momento.”

 

“Daí que sugiro a vossa Excelência, senhor Presidente da República e actual vice presidente do MPLA, que em nome da verdade e da justiça que foi negada às vitimas da tragédia, ao menos tenha a ombridade de ordenar a institucionalização da Comissão que proponho, para que nos possamos verdadeiramente reconciliar.”, le-se na carta.