Luanda - O líder da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, apresentou ontem ao Tribunal Provincial de Luanda(TPL) uma queixa-crime contra o advogado David Mendes e a Rádio Despertar, por calúnia e difamação. Uma fonte da CASE-CE disse que a queixa resultou de uma crise política que se instalou nesta força política, num diferendo que opõe entre os seis Partidos Políticos que constituem esta coligação e o seu líder, acusado de mau dirigismo e desvio de dinheiro. O político David Mendes foi constituído como advogado pelo líderes destes partidos políticos sob coordenação de Alexandre Sebastião André, presidente do PADDA.

Fonte: País
Contra Abel Chivukuvuku pendem acusações de desvio de vários milhões de dólares, entretanto desmentidas por este em recente conferência de imprensa, na passada semana. O presidente da CASA-CE, em declarações à Voz da América (VOA) na passada semana, em Luanda, acusou o também deputado David Mendes e a Rádio Despertar de serem os principais responsáveis pela “calúnia” e “difamação”. A Rádio Despertar, emissora de rádio pertencente partidários da UNITA, é citada por Chivukuvuku como tendo sido ela a ter difundido a notícia sobre o alegado desvio de fundos.

O pomo da discórdia Os partidos PADDA, PALMA, PPA, PNSA, PDP-ANA e o BD apresentaram, recentemente, um memorando ao líder da coligação Abel Chivukuvuku, em que sugerem para que organize de maneira diferente a CASA-CE, evitando assim que a mesma caia em ruptura, mas este não respondeu, tendo delegado um dos seus vice-presidentes, Lindo Bernardo Tito, a fazê- lo.

Os pontos divergentes constantes no memorando, segundo fontes familiarizadas com o assunto, prendem-se com o mau dirigismo e a má gestão dos dinheiros da coligação. Os partidos alegam que Chivukuvuku utiliza os fundos da coligação para sustentar a comissão instaladora do seu futuro partido “Podemos Já”, coordenada pelo político Xavier Jaime, e o DIA, uma outra comissão instaladora fundada por filhos de alguns líderes da CASA-CE.

Chamado à razão, este terá recusado sentar-se à mesa para dirimir este conflito, e afirmado que os que partidos que se sentem incomodados com a sua gestão, que se retirassem e seguissem o seu rumo. Este pronunciamento, atribuído a Chivukuvuku, segundo as mesmas fontes, foi o “pomo da discórdia” que suscitou o memorando em causa.

Insatisfeito, os partidos remeteram uma carta ao Tribunal Constitucional para clarificar a posição de Chivukuvuku, sendo que é apontando por estes como apenas coordenador da coligação e não como presidente, como ele próprio se apresenta. Como coordenador, segundo os líderes dos partidos que integram a CASA-CE, ele não tem competências para se sobrepor aos demais presidentes, como até agora tem feito.

Ele terá sido indicado para esta função apenas com fins organizativos, segundo as fontes, e com o andar do tempo criou um órgão decisório da coligação, denominado Conselho Presidencial. Este conselho é que superintende toda a gestão da CASA-CE, e os seus membros, tanto em Luanda, onde funciona a sede nacional, quanto nas províncias, foram nomeados por si, sem ouvir os líderes dos partidos. A maioria é integrada por pessoas da sua confiança, e parte deles são membros independentes, contou a fonte deste jornal. O Conselho Político é apontado como inviabilizador das decisões dos partidos políticos, e decide de forma unilateral, contra a vontade dos partidos da coligação.

Dívidas e má gestão do dinheiro

Acerca dos dinheiros, Chivukuvuku é apontado como tendo contraído uma dívida de USD 6 milhões junto a uma empresa chinesa que trabalha em Angola, em nome da CASA-CE. Este empréstimo foi feito sem o conhecimento dos partidos políticos, e quando instado por estes alegou que fe-lo para suportar a campanha eleitoral das eleições gerais de 2017, em que o partido teve uma safra de 16 deputados. Além deste valor, a CASA-CE deve ao Grupo Parlamentar desta coligação 30 milhões de Kwanzas.