Luanda - O presidente do Conselho de Administração da Sonangol, petrolífera angolana, informou, hoje em Luanda, que o projeto de construção da Refinaria do Lobito "vai em alta velocidade", apesar de "complexo".

Fonte: Lusa

Carlos Saturnino falava à margem da cerimónia de assinatura de um acordo de cooperação, de 220 milhões de dólares ((186,9 milhões de euros) com a petrolífera italiana, ENI, para manutenção geral e aumento da produção de gasolina, na Refinaria de Luanda.

O responsável referiu que das 64 propostas para a implementação da segunda fase da Refinaria do Lobito, localizada na província angolana de Benguela, foram selecionadas as sete melhores, submetidas no final de março ao Governo.

"Das sete empresas que passaram para a segunda fase, neste momento, estamos a trabalhar já no sentido de implementar a segunda fase da Refinaria do Lobito", explicou o responsável.

O presidente da petrolífera angolana referiu que no dia 07 deste mês foi realizada uma sessão de trabalho com as sete empresas e no mesmo dia, os serviços jurídicos da Sonangol encaminharam para as mesmas a proposta de acordo de confidencialidade, que estão a ser analisadas, devendo a assinatura ocorrer esta quinta-feira.

"A semana que vem devemos ter todas essas empresas com os documentos assinados. Depois disso, temos o trabalho de verificação da credibilidade, capacidade financeira e técnica e ver que não tem nada que impeça de ser associada da Sonangol, de todas essas empresas utilizando os serviços da Sonangol e utilizando também empresas especializadas - as 'due diligence' - na verificação da parte técnica, legal, financeira, etc", referiu.

Segundo Carlos Saturnino, seguir-se-á o período de negociações, para se selecionar e concluir o consórcio de acionistas da Refinaria do Lobito.

"O projeto da Refinaria do Lobito está de pé, foi relançado em dezembro do ano passado, estamos na segunda fase, foi feita uma calendarização das atividades, de abril até ao dia 31 de agosto de 2018", salientou.

O projeto da Refinaria do Lobito, num investimento inicial de 10.000 milhões de dólares, prevê o processamento diário de cerca de 200 mil barris de crude, criando 10 mil postos de trabalho diretor e indiretos.

Localizada no Morro da Quileva, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, numa área de 3.805 hectares, teve suspensa a sua construção em 2016, pela administração da Sonangol, liderada por Isabel dos Santos, para reavaliação da obra, "com o atual contexto de quebra do preço do petróleo".

A retomada do projeto, seguiu-se a uma intervenção em novembro de 2017 do Presidente de Angola, João Lourenço, sobre a necessidade de se construir uma nova refinaria em Angola, para reduzir as importações de combustíveis.

"Não faz sentido que um país produtor de petróleo, com os níveis de produção que tem hoje e que teve no passado, continue a viver quase que exclusivamente da importação dos produtos refinados", disse na altura João Lourenço.

Atualmente, a Sonangol mantém em operação a Refinaria de Luanda, com 62 anos de atividade e uma capacidade nominal instalada de 65.000 barris por dia.

Angola importa mensalmente cerca de 150 milhões de euros em combustíveis refinados, fornecimento que está a ser dificultado pela falta de divisas, atrasando pagamentos por parte da Sonangol, que reconheceu produzir apenas 20% do consumo total de produtos refinados.