Luanda - O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, disse hoje que a livre circulação deve ser um pilar da comunidade lusófona, mas ressalvou que tem de ser feita "com responsabilidade" e "sentido real das coisas".

Fonte: Lusa

"A livre circulação de pessoas e bens deve constituir-se num dos pilares da nossa organização, mas ela precisa de ser feita com responsabilidade e com o sentido real das coisas. Somos países com uma diversidade visível, incluindo em termos de continentes, e temos de ter em conta cada uma das realidades", disse Manuel Augusto.

O chefe da diplomacia angolana falava aos jornalistas no intervalo para almoço do Conselho de Ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que hoje decorre, no hotel Hilton, na cidade de Santa Maria, ilha cabo-verdiana do Sal.

Sem querer antecipar a posição concreta de Angola, antes de a apresentar aos homólogos da comunidade, Manuel Augusto manifestou a convicção de que haverá uma "caminhada gradual" em matéria de mobilidade.


"Caminharemos sempre, é nossa convicção, de forma gradual para que os passos que possamos dar nesse sentido sejam os mais certos possíveis e não tenhamos de nos arrepender de qualquer decisão menos pensada", disse.

Manuel Augusto sublinhou a atitude positiva com que Angola participa nesta cimeira, mostrando-se convicto de que serão encontradas "decisões que possam servir os interesses dos cidadãos e dos países e que respeitem todos os pressupostos que as constituições exigem".

Questionado sobre se a recente manifestação de interesse de Angola em aderir à organização da francofonia significa relegar para segundo plano a CPLP, Manuel Augusto, foi perentório: "A nossa língua oficial é o português".

"A manifestação de interesse de Angola em ser observador ou membro associado de outras comunidades linguísticas decorre de uma exigência que tem a ver com a nossa localização geoestratégica. Nas regiões onde estamos inseridos, somos os únicos estrangeiros. Estamos rodeados de países anglófonos e francófonos. Até para uma maior comunicabilidade de um país de língua portuguesa para o resto do mundo, só ganharemos se pudermos pertencer a essas outras organizações", acrescentou.

O ministro angolano lembrou, por outro lado, o interesse de países que não falam português em serem observadores da CPLP.

"Amanhã, se tudo correr bem, vamos admitir a França. Não me parece que a França queira colocar o francês ou a francofonia num plano inferior", reforçou.

O Conselho de Ministros da CPLP antecipa a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização, que decorre terça e quarta-feira.