Luanda - O Ministério da Defesa angolano nega a existência de militares das Forças Armadas de Angola (FAA) mortos em ataques dos guerrilheiros da FLEC, em Cabinda, ao mesmo tempo que garante que a província está "estável".


Fonte: Diário Digital / Lusa


Depois do comunicado emitido na quinta-feira pela Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), em que o movimento reivindicou a morte de 12 soldados angolanos em três emboscadas, o Ministério da Defesa, através de fonte oficial contactada pela Agência Lusa, nega e diz que se trata de uma tentativa de chamar à atenção da comunidade internacional.


No comunicado, assinado pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Cabindesas, Estanislau Miguel Boma, este afirma que, no dia 30 de Agosto, oito soldados angolanos foram mortos na região de Buco-Zau, em dois recontros que causaram ainda a morte de um guerrilheiro, identificado como José Lussuali.

Num dos confrontos, cinco soldados foram abatidos "quando uma patrulha das Forças Armadas

Angolanas foi surpreendida numa emboscada das forças cabindesas", refere o líder militar do movimento liderado por N´Zita Tiago.


No dia 1 de Setembro, quatro soldados angolanos foram mortos e vários outros feridos, quando "as forças cabindesas atacaram uma patrulha das FAA, que se preparava para surpreender uma posição de combatentes das FAC", na zona sul da região de Necuto.


Luanda mantém que o território está pacificado desde a assinatura do Memorando de Entendimento de Agosto de 2006, que envolveu o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), de Bento Bembe, e outras associações, mas não a FLEC de N´Zita Tiago.


No entanto, a fonte do Ministério da Defesa angolano, hoje contactada pela Lusa, admite que ocorram esporadicamente mortes entre os soldados angolanos, vítimas de acidentes de viação ou de outras situações, como zaragatas e banditismo, que a FLEC "aproveita para empolar" numa tentativa de fazer passar a ideia para a comunidade internacional de que está activa.


Os ataques reivindicados pelo braço armado das FLEC têm sido sucessivamente negados pelo Governo angolano ou considerados como actos de banditismo.


Apesar de a FLEC insistir que mantém uma luta independentista em Cabinda, de onde provém a maior parte da produção petrolífera de Angola, o Executivo de Luanda rejeita a existência de quaisquer perturbações.


Recentemente, a organização não governamental (ONG) norte-americana Human Rights Watch (HRW) acusou as Forças Armadas Angolanas de "cometerem graves violações dos direitos humanos" em Cabinda e exortou o Governo de Angola a pôr fim imediato à detenção ilegal e tortura de pessoas suspeitas de actividades rebeldes no enclave.


Num relatório de 29 páginas, exclusivamente relativo à situação na província angolana de Cabinda, a HRW apela às autoridades angolanas para que zelem pela transferência dos detidos por militares para as autoridades civis competentes, garantam condições de detenção de acordo com os padrões internacionais e permitam julgamentos atempados e imparciais.


O governo de Luanda não chegou a pronunciar-se sobre o comunicado da HRW.