De acordo com o Dr., Manuel Pinheiro, um dos advogados da reclusa falando hoje à Ecclesia, razões humanitárias acabaram por persuadir a grevista de cessar a greve a partir deste domingo.
Porém o seu estado de saúde continuará a exigir cuidados devido aos inevitáveis rescaldos do longo período passado sem alimentação normal.
O causídico mostrou-se optimista com a recente revisão da lei da justiça militar, mantendo-se no entanto cauteloso devido à indefinição do prazo até à plena prática do instrumento.
Maria Domingos desencadeou o seu protesto desde 1 de Abril passado na cadeia de Viana, tendo sido transferida, duas semanas depois, devido ao seu enfraquecimento, para o hospital militar.
Estava irreversível perante a indefinição em que se encontra o seu recurso contra a sentencia pronunciada em primeira instância pelo Supremo Tribunal Militar por crime de desobediência.
Uma luz palpitou no fundo do túnel no princípio deste mês, quando o parlamento reviu a lei da justiça militar, revisão que facilita o surgimento do órgão apropriado para despachar o tipo de situação que ela partilha com colegas condenados no chamado ‘processo Miala’.
Carta ao chefe de Estado
Pelo seu lado, a Fpd dirigiu, ao chefe de Estado, uma carta aberta cujo teor essencial foi explicado à Ecclesia hoje pelo seu presidente, Filomeno Vieira Lopes.
« Nós estamos aqui a rogar ao presidente da república para que tenha este acto de humanismo. Também é um acto digamos das suas próprias competências. Deve estar nas suas mãos hoje a decisão de se a senhora morre ou não», referiu o político, ignorando, a posição de a grevista acabar com o seu movimento.
O líder da FPD comentou que «se havia uma falha no próprio sistema judicial, porque não estava constituído até o outro órgão que tinha de interferir na aplicação da justiça, então impunha-se ao senhor presidente da república, até, com mais celeridade, promulgar a lei, caso entenda que não há nada de inconstitucional»,
Rematando, frisou: «em política, temos que nos influenciar uns aos outros. Nós não sabemos o que vai no íntimo do presidente da república, mas é nosso dever actuar e, também, devia ser dever de todos nós, porque todos nós estamos a assistir à extinção de uma pessoa e digamos não podemos ficar impávidos e serenos. É esta a nossa postura política, Cada um deve fazer aquilo que lhe compete».
Antiga directora da Contra Inteligência Externa, Maria da Conceição foi julgada m Setembro do ano transacto junto com os outros responsáveis da Segurança Externa, no baptizado ‘processo Miala’, do nome do antigo director geral do organismo, Fernando Garcia Miala, este castigado com 4 anos de cadeia.
O conjunto dos quatro réus contestaram o veredicto com um recurso não atendido por causa do vazio vigente, o que levou a única mulher à exasperada medida da greve de fome.
Fonte: Apostolado