Numa distancia, a  30 minutos do centro da Cidade do Cabo, África do Sul  esta localizada a avenida “The lansdown” que separa vários bairros periféricos. Entre eles esta  “Philips” uma favela conhecida por albergar muitos estrangeiros. Centenas angolanos tem lá a sua moradia. No ultimo dia do mês de maio, o jovem Zico Balanga vice presidente de uma activa organização “Congresso de Estudantes e comunidades na África do Sul” telefona para um dos funcionários da missão consular angolana informando que uma desgraça acabava de acontecer, no seio daquela comunidade. Nelson Kalunga Figueira já não poderá, no próximo dia 16 do corrente,  festejar os seus 31 anos com os amigos. Acabava de ser assassinado. No mesmo dia um jornal local trás em destaque “angolano baleado num assalto a mão armada”.

ImageTudo começou na tarde de sexta feira, 30 de Maio, poucas horas antes do por do sol  quando Joseph popularmente conhecido por Azeitona bateu a porta da casa de Nelson  para juntos se deslocarem-se, no bairro ao lado para compra de algo para consumo. De regresso, nas proximidades da fazenda “Brown farm”,  em Nyanga, um dos bairros mais antigos e considerado como a capital do crime, são despertados com  vozes que diziam, o seguinte, numa das línguas locais “Seus estrangeiros quando é que vocês vão ir embora”. Eram dois jovens munidos de faca e pistola  que os interceptavam. Pediram-lhes que entregassem  dinheiro e  telemovel. Azeitona entregou . Nelson não o fez porque não  trazia consigo.. Os assaltantes terão entendido como um sinal de recusa. Dispararam mortalmente contra ele atingindo a barriga, nos lados do umbigo.

O outro assaltante tinha a faca apontada no pescoço de Azeitona. Estava  preste a espetar-lhe mas  opta antes , em dar lhe uma corneada na cabeça para minutos depois dar um tiro. O Jovem caiu ao chão  perdendo os sentidos. Os marginais meteram-se em fuga convencidos que o tivessem também morto. O próprio Azeitona ao acordar julgou que tivesse sido atingido. O tiro rasou-lhe a cabeça sem causar ferimento algum segundo conta Simão Martins, um angolano vizinho da vitima.

ImageTodo incidente que envolve cidadão estrangeiro com sul africano é associado a Xenofobia que desde o dia 11 de Maio provocou a morte de cerca de 62 não-nacionais. Para o “caso  Nelson Figueira” as autoridades sul africanas rejeitam associar aos incidentes ocorrentes no pais. Entrevistado pela emissora “Radio Talk 707”, Bernadine Steyn, o oficial da policia  que acompanha o processo, descartou a idéia de se fazer um paralelismo aos ataques xenófobos  e reforça a sua tese ao facto de os assaltantes terem exigido, das vitimas,  dinheiro e telefones celulares que no seu entender são  indicadores de que  estavam diante de um assalto. Mas a Comunidade angolana local pensa diferente. Suspeitam que as autoridades  policias  desejam ocultar  primando  pela imagem do pais. Simão Martins, por exemplo,  não tem duvida que tenha sido um acto de xenofobia ou que pelo menos os meliantes aproveitaram-se da situação. Dando reforço no que diz este angolano recorre as frases provocatórias que inicialmente os assaltantes usaram para chamar atenção dos dois compatriotas. Revela que  uma semana antes um angolano foi dirigido com as mesmas palavras, por sul africanos, quando era transportado por um Zama-zama (entendam-se  candogueiro).

Cavera C, um conhecido rapper angolano de intervenção musical é de opinião que “foi sou um assalto”. O Musico juntou a vários amigos estrangeiros para compor a canção “Stop xenophobia” disponível em (www.alliancacamponesa.com). A musica segundo ele “foi feita em inglês, xhosa,  e umas linhas em Português e é  dedicada as victimas dos ataques” porque no seu entender “Há  necessidade de nos como africanos nos unirmos para evitar acontecimentos do gênero”.

Transladação do cadáver e futuro dos órfãos

O Consulado angolano em Cape Town que responsabilizou-se pela  trasladação do cadáver tinha previsão de enviar o corpo a Luanda  sexta feira ultima. Os amigos de Nelson  discutem o futuro dos filhos que Nelson deixou fruto da relação com uma cidadã sul africana. Um dos amigos que acompanha de perto o processo diz que “um dos problemas que enfrentamos tem  haver com a esposa  em ceder as crianças” que no seu entender  “deveriam rumar para a terra do falecido para serem acompanhada pelos avos”.

Efeito na missões consulares

Se antes para tratar um documento salvo conduto que permitisse  viajar de regresso a Luanda custava aproximadamente 140 dolares, hoje o preço baixou segundo confirmações de fontes consulares angolana na África do Sul. Muitos compatriotas  que perdiam os passaportes, em caso de assalto ou extraviamento recorriam os préstimos junto aos consulados angolanos. Havia caso de compatriotas que lhes tivessem roubados e ficado sem dinheiro, estes viam o seu regresso a Luanda mais complicado devido aos altos  preços  estabelecidos pelos serviços consulares junto as missões diplomáticas, para  obtenção do documento de viagem. As autoridades consulares terão tomado consciência  tendo nos últimos dias entrado em vigor novos precários. A medida é como efeito dos incidentes de violência que se regista neste pais.

Fonte: Club-k.net