Lisboa - Tal como enunciado na parte 1 deste artigo, “Na sociedade atual tem se criado uma hierarquia que tem sido de suprema importância a qual denominamos hierarquia do género, dividindo homens e mulheres sendo quase sempre notória a posição de supremacia por parte dos homens”.

Fonte: Club-k.net

As sociedades patriarcais impõem e atribuem “aos homens” determinados papéis considerados masculinos, como a obrigação de se envolverem na política e nos serviços militares, e às mulheres, resta-lhes o pensar e o agir, conferindo-lhes papéis considerados femininos como trabalhos domésticos, criar e cuidar dos filhos. É verdade que nos nossos dias esses papéis têm se dissipado por força de alguns movimentos de luta pela igualdade do género que ano após ano, têm crescido e vêm invertendo gradualmente esse quadro no mundo e em quase todas as esferas da sociedade, apesar de ainda haver alguma resistência por parte de algumas culturas consideradas conservadoras.

 

No que concerne a igualdade do género, apesar de ser um assunto da atualidade e bastante controverso, académicos afirmam haver diferenças do ponto de vista biológico pelo simples facto de um nascer com um cromossoma X e um Y, e o outro nascer com um par de cromossomas X (sendo o primeiro do sexo masculino e o segundo do sexo feminino) mas, o que define a sua posição (de supremacia) na sociedade são muito mais as questões culturais do que propriamente biológicas. Tais diferenças que colocam um na posição de supremacia, não são glórias garantidas porque ao contrário do que se pensa, os homens passam uma vida inteira a tentar provar a sua masculinidade e têm se mostrado dispostos até a arriscar e as suas próprias vidas só para que as pessoas possam dizer que (ele é um

homem a sério, um homem com H maiúsculo). Por outro lado, o trabalho da mulher nunca está terminado, ela vê-se constantemente na posição de ter de convencer-se a si mesma e aos outros de que é suficientemente capaz e que merece estar em pé de igualdade.


Todavia existem exceções que confirmam a regra, pois existem mulheres que conseguiram atingir posições de relevância como a Imperatriz Wu Zetian na China (700 anos d.C.), Cleópatra no Egito e por último a Rainha Isabel I que durante 45 anos de reinado todos membros do parlamento, do exército e de toda estrutura do reino eram homens.


Um artigo publicado por Belarmino Van-Dúnem em 2014, com o título “A liderança das mulheres em África”, faz uma abordagem transparente sobre a evolução que o continente africano tem tido no que concerne a igualdade do género. É verdade que depois da conquista da independência por parte dos países africanos o género feminino apesar de ter dado o seu contributo no jugo colonial, esteve sempre marginalizado do sistema do poder.

 

Alguns países Africanos na década de 2000 elegeram e nomearam líderes do sexo feminino para cargos de estado, sendo o primeiro a Libéria com a eleição e posterior reeleição da Presidente da República Ellen Johnson (2006 - 2018) que desempenhou um papel importante na consolidação da paz e da unidade nacional tendo sido condecorada com o Prémio Nobel da Paz em 2011. Em abril de 2012 Malawi elegeu Joyce Banda para o cargo de presidente da república, depois da morte do Bingu Wa Mutharika, neste mesmo ano chefes de estado e de governo de países africanos elegeram a primeira presidente da União Africana, a sul-africana NKosazana Dlamani-Zuma. Acontecimentos desta natureza foram inúmeros para outros cargos de direção em todo o continente.


A União Inter-Parlamentar (UIP) em 2017 publicou um relatório sobre países com maior representatividade feminina em cargos de direção, Angola ocupava a posição 46a da classificação mundial, dado o número de ministras que na altura eram 8 e representavam uma cifra de 22,2% face aos 36 postos disponíveis.


Apesar de haver uma crescente participação de mulheres qualificadas no mercado de trabalho, estimulando assim a competitividade e a igualdade de oportunidade, ainda há muito a fazer para que se possa atingir de facto a igualdade do género. Por isso, hoje se defende uma maior valorização do sexo feminino e exorta-se, principalmente às jovens,
a aproveitarem todas as oportunidades criadas para a sua inserção em cargos de decisão no mercado de trabalho. Apesar de continuarmos a observar discursos por parte dos chefes de Estado e de governo sobre a implementação de políticas de inclusão do sexo feminino nos órgãos de decisão, importa enfatizar que não se trata propriamente de uma oportunidade concedida pelos Estados mas sim de um direito natural e fundamental com respaldo constitucional a medida que todos os Estados ratificam a igualdade do género.


Estas políticas de inclusão têm apresentado resultados gradualmente visíveis a medida em que atualmente muitas mulheres têm sido nomeadas e fazem parte da estrutura do governo atual, com destaque aos casos mais recentes no qual o presidente João Gonçalves Lourenço nomeou para o seu governo, uma jovem de 35 anos de idade, Vera Daves de Sousa, como a primeira mulher ministra das Finanças de Angola e recentemente na reorganização da Administração Pública foi nomeada Adjany da Silva Freitas Costa de 30 anos de idade como ministra da Cultura, Turismo e Ambiente. Estamos certos de que ainda há muito caminho para percorrer, mas a caminhada faz-se caminhando e acreditamos nós que lá chegaremos.

 

Por Amilton Macosso