Brasil - Duas publicações nacionais, com a presunção que caracteriza os angolanos, anunciaram, sem o maior constrangimento, as personalidades do ano. Nada mal para quem de um lado deve continuar na pele de bajulador e tem como essência ( características pela qual se defini um ser) a covardia. Por outro lado, vindo de uma outra publicação, a iniciativa passa a ser louvável quando o homem do ano, no país dos mwangolé, já não precisa ser o homem do mesmo partido, o mesmo camarada de sempre, a monotonia, ou mesmo a rotina a que fomos falsamente habituados a conviver nos tempos de partido único.


Fonte: www.blog.comunidades.net/nelo

O País das Aranhas XXX

Tolerância zero promessa sem fundo

O homem do ano para essa última publicação, que para muitos pode ser tida como coisa assustadora e boçal, mas uma boçalidade que recompensa as nossas expectativas e curiosidades, é alguém que noutro hora poderia ser intragável e indesejável. Se não é! 


Nós também, com a presunção a que nos habituamos –porque somos angolanos-, vimos também fazer a nossa declaração do nosso homem do ano, talvez um pouco atrasados. Mas não tanto para não recordarmos que o último ano está ainda fresco em nossas memórias, e assim poder ser identificado como o ano do Corrupto, ou seja, o ano do Homem Corrupto. É o ano daqueles que acreditaram que podiam estar a altura de serem os dignos representantes do povo, mas descobriu-se que o vício e a corrupção vem precisamente onde mais se deveriam esperar exemplos dignificantes e gloriosos. A decepção só não supera a própria corrupção, porque esta, na sua grandeza, habituou a humilhar aquela na sua pequenez, na sua simplicidades e humildade.


A decepção é coisa de gente pobre, dos trabalhadores desse país. É coisa do nativo, dos homens desta terra. A decepção acompanha a alma dos nativos, isso é quando não está junto dela, fazendo parte do mesmo ser, gritando – quando ainda sobram forças- ao lado deste mesmo ser. E ela mesmo sendo comovente e patética, de afogar a alma, a alma dos pobres, sente-se diminuída diante da corrupção. A verdade é que a corrupção, assusta sim, mas já não induz o medo que provoca o terror.


Por incrível que pareça, e inédito, é precisamente com a decepção que hoje enfrentamos o que há de mais corrupto e falso nesse país, onde até o Tolerância Zero já se transformou numa promessa sem fundo. O Tolerância Zero é a prova da força da corrupção, do seu gigantismo, sua força aparentemente inabalável. Seu incumprimento e sua falta de transparência é um desafio ao pobre, ao mendigo, a esse país miserável e de gente miserável. Não é a simples promessa oca, ou o simples desrespeito. É a declaração de guerra –típica? Vamos usar a expressão atípica, já que agora é a que está em moda.


Porque é essa a palavra agora que têm usado para se declarar guerra aos pobres. O Tolerância Zero no seu descumprimento, na sua força, na sua mentira, no seu caráter falso, cínico, fingido e na sua capacidade de se transvestir em herói torna o ano de 2009 o ano que jamais deveria existir no nosso calendário. Torna o ano de 2009 o ano de todos os corruptos!