Lisboa - O Cônsul-Geral de Angola em Lisboa diz não ter “nenhuma indicação sobre eventuais dificuldades financeiras” que os membros da Comunidade angolana residente no território português “estejam a ultrapassar em termos de perda de emprego ou por falta de rendimentos”, devido à Covid-19, pelo que a sua “maior preocupação são os cidadãos que se encontram de trânsito (não residentes) em Portugal”.

*Manuel Matola
Fonte:JornaleAgora

Em resposta a um conjunto de questões feitas por escrito pelo jornal É@GORA sobre a situação de imigrantes angolanos residentes em Portugal nesta fase da pandemia de Covid-19, o Cônsul-geral de Angola em Lisboa, Narciso Espírito Santo Júnior, disse haver “um número considerável” de cidadão angolanos em dificuldades, mas, garantiu: são “os que aguardam o regresso para Angola”.

 

“Falando especificamente da Comunidade angolana residente, não temos nenhuma indicação sobre eventuais dificuldades financeiras que estejam a ultrapassar em termos de perda de emprego ou por falta de rendimentos”, disse Narciso Espírito Santo Júnior.

 

E acrescentou: “A nossa maior preocupação são os cidadãos que se encontram de trânsito (não residentes) em Portugal que tinham regresso confirmado para Angola no período em que foi decretado o Estado de Emergência e que até à data presente ainda não foi possível regressar”, referiu.

 

À pergunta se houve algum levantamento do número de angolanos que estejam a passar dificuldades, e se sim, quantos e onde se nota mais em termos geográficos, o Cônsul-geral de Angola em Lisboa apontou “a Área Metropolita de Lisboa” como “a região com maior incidência”, numa alusão à parte dos 7.000 angolanos que aguardam o repatriamento de Portugal.

 

Há dias, o secretário de Estado para a Saúde Pública angolano, Franco Mufinda, anunciou que os voos humanitários para repatriar os cerca de 7.000 angolanos retidos em Portugal devido ao fecho de fronteiras no seu país vão ter início na terça-feira, dia 21 de julho.

 

Anteriormente, o Governo angolano tinha anunciado que Portugal seria o próximo destino de repatriamento para os angolanos que querem regressar ao seu país, cujas fronteiras foram encerradas a 20 de março devido à pandemia de covid-19.

 

“O próximo destino será Portugal. Como sabem temos uma comunidade à espera do regresso de cerca de 7.000 cidadãos”, o que vai representar um esforço elevado em termos financeiros e de meios de transportes”, disse o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, que reconheceu que estes “estão em condições bastante difíceis”.

 

“Reconhecemos isto. Não imagino estar três, quatro meses fora de casa e sem recursos para sobreviver”, sublinhou o general Pedro Sebastião, que é também coordenador da comissão multissetorial de combate e prevenção da Covid-19.

 

Depois disso será dada atenção a outros núcleos de angolanos que estão espalhados pela Europa e pelo mundo, como Dubai, disse na mesma altura.


O jornal É@GORA quis saber qual era a posição da representação diplomática angolana em Portugal face ao pedido de repatriamento por parte deste grupo de angolanos que continua retido no território português, ao que Narciso Espírito Santo Júnior respondeu: é “aguardar instruções das autoridades competentes angolanas para o efeito”.

 

Apesar de os serviços consulares em Lisboa responderem questões relacionadas com cidadãos angolanos que se encontrem nas zonas de circunscrição de Lisboa, Vale do Tejo e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, Narciso Espírito Santo Júnior lembrou que “para o efeito” da Covid-19 o Consulado da República de Angola em Lisboa “não cobre todo o país”.

 

Por outro lado, Narciso Espírito Santo Júnior disse que as “instruções das autoridades competentes angolanas” servirá também para o Consulado-Geral de Angola em Lisboa definir o critério a seguir em termos de prioridade dos cidadãos angolanos que há meses estão a pedir para serem repatriados.

 

Na passada quinta-feira, chegaram a Angola pelo menos 270 angolanos provenientes do Brasil, entre os quais 27 crianças, transportados pelos voos da transportadora de bandeira angolana TAAG, que em comunicado repudiou a atitude e o comportamento de passageiros que procuraram “forçar o embarque irregular de bagagem”.

 

“O Conselho de Administração da TAAG deplora, igualmente, a atitude e o comportamento daqueles que, desejando realizar os seus interesses comerciais, procuram forçar o embarque irregular de bagagem, como sucedeu, em particular, com alguns passageiros embarcados no voo humanitário proveniente de São Paulo, Brasil. Esse mesmo comportamento já tinha sido observado aquando do voo humanitário de repatriamento dos 50 cidadãos angolanos retidos na Turquia que, para além da total ocupação da capacidade de carga da aeronave, pretendiam transferir a responsabilidade de 10 Toneladas adicionais para o Estado, quando se tratava de carga totalmente de carácter comercial”, lê-se na mesma nota. (MM)