Luanda - A quadra festiva que, por “regra das regras”, sempre foi um período em que a alegria toma conta das pessoas em todos os quadrantes do globo, tem mexido com a ansiedade popular na passagem do ano, 31/12, um dia, o único na história de cada um de nós, em que o hoje deixa de ser notícia, para nos apegarmos ao amanhã, como o melhor que nos pode ser oferecido.

Fonte: Lusa

Sendo certo que a “alegria é uma espécie de elegância do bem”, os últimos dias têm provado particularmente dramáticos, ao sermos forçados a remar contra a maré, num “mar” jamais conhecido e onde as ondas, ao invés de balancear as águas, arrastam consigo e para bem longe, vidas e mais vidas humanas.



Sem generalizarmos, não estaríamos errados ao afirmar que os angolanos na África do Sul não têm motivos para celebrar a passagem do ano, embora tenha havido encontros familiares, de amigos, entre colegas, durante o Natal, dentro da mais restrita intimidade, a julgar pelo momento que a África do Sul atravessa, como Nação, diante da mais mortífera pandemia dos últimos cem anos, a Covid-19.


Sem antes entrar para o íntimo de cada angolano, quer seja residente, estudante, uncionário, ou mesmo visitante que tenha cruzado o território sul-africano, ao longo do ano que acaba de terminar (2020), a imagem do “paraíso para férias” se foi apagando, na medida em que todos foram poucos para dar as mãos e fazer uma corrente de forças, ainda que imaginária, mas positiva, para que a pandemia não atingisse tanto as nossas almas.


E esse sentimento continua patente, porque o mais importante era "acender uma vela" nessa noite, em homenagem a todos os que partiram para a eternidade por conta da Covid-19 e não embarcar em celebrações como seria desejado. Aliás, foi este o pedido feito pelo Presidente da República, Cyril Ramaphosa, no seu último discurso à Nação, após o país cruzar a marca de um milhão de casos positivos, hoje com um milhão 039 mil e 161 infecções e 28 mil e 033 mortos.



De facto, “os angolanos na África do Sul não tem motivos para celebrar a passagem de ano”.


Embora a maioria tenha optado pelo silêncio, numa ronda efectuada pela Angop, com o intuito de se “medir o pulso” aos cidadãos da “Mãe Pátria” em terras de Nelson Mandela, pudemos apurar que a mensagem é única: “Vivemos momentos críticos devido a pandemia, o que obrigou o país a tomar medidas mais duras de confinamento, para além das dificuldades gerais que todos vimos vivendo, quer seja estudante, visitante, ou mesmo funcionário", avançou uma fonte oficial, que solicitou o anonimato.


- Quais são os pontos fortes e naturalmente os mais fracos que poderiam ser exaltados nesta data?, questionamos!

Um grupo de estudantes angolanos de distintas universidades em Gauteng ( província que alberga as cidades de Pretória, Sandton e Joanesburgo) disseram a Angop que pretendem apenas “deixar para trás este ano e, apesar de não haver festividades, estaremos reunidos como uma pequena família, para pensarmos no futuro, porque muita coisa terá que mudar de modo a que os nossos sonhos sejam concretizados”, avançaram.


Mantendo o anonimato na maior parte dos casos, os angolanos clamam por melhores dias que possam levar de volta a casa quem se encontra retido neste país pelas circunstâncias acima referenciadas e é forçado a adaptar a vida ao momento.


“ As condições, hoje, são muito difíceis. O melhor é não comentarmos mais, porque queremos ser fortes, ter fé e esperança, de que esta vivência obscura deixe de existir e que os nossos filhos possam voltar a acreditar no futuro”, disse Dona Imaculada (nome fictício) que veio visitar os seus três filhos que se encontram a estudar e aguarda pelo retorno à casa, quando a situação dos voos entre Angola e a África do Sul for restabelecida.