É um direito que assiste à direcção da UNITA, democraticamente eleita no último Congresso, proceder nesse sentido, nomeadamente, chamar independentes que tenham mostrado, nos diferentes sectores onde trabalham ou exercem, qualidades para isso e se revejam nos ideais da UNITA.

Agora o que não sei, é se no referido Congresso isso foi abordado e autorizado, principalmente, a coligação com outros partidos e como as listas coligadas vão aparecer aos eleitores. Os órgãos oficiais angolanos só deixam passar o que o “dono” autoriza...

Será que o Galo Negro estará bem visível ou, naturalmente, os partidos coligados irão exigir a exibição, também, do seu símbolo na Coligação?

E será que a direcção da UNITA ponderou bem nas consequências deste acto?

Acha a direcção da UNITA que isso não possa aparecer aos olhos dos eleitores como uma manobra de encobrimento e dúvida quanto às suas capacidades eleitorais?

Alguém ouviu o MPLA dizer que ia coligado?

Que eu saiba a única coisa que ouvi aos dirigentes do principal partido do poder – mas reconheço que os órgãos oficiosos do MPLA, oficialmente órgãos oficiais do Governo da República – foi que aceitava a presença de terceiros nas suas listas. Ou seja, claramente, o MPLA apareceria como… MPLA!

Nas declarações de Costa Júnior já isso não é tão claro.

Recordo que, até há poucos anos, num país lusófono havia um partido que aparecia sempre coligado a uma terceira força, segundo parece por ele próprio criado, e sob uma sigla que nada tinha a ver com a sua sigla original e internacionalmente reconhecida.

Isso granjeou-lhe, alguns votos que, em caso de aparecer com a sua sigla, não aconteceria.

Quando foi por ordem do Tribunal Constitucional obrigado e mostrar a sua sigla na coligação os votos, inexoravelmente, caíram.

Será isso o que a UNITA teme?

Isso será dar o flanco aos seus adversários e reconhecer pouca capacidade de mobilização e menoridade política, o que pensava não ser verdade.

Porque não basta dizer que quer ir sob o signo da mudança através do “Movimento para a Mudança” para construir os fundamentos de uma Angola moderna onde a corrupção seja claramente combatida.

Os angolanos querem muito mais que signos ou movimentos.

Querem ideias fortes, um programa eleitoral exequível e actos conducentes nesse sentido!

Mas querem, também, que assumam-se sem subterfúgios e deixem eventuais coligações para depois das eleições, para a formulação do Governo, de um Governo, que deverá ser, desta vez e claramente, de unidade nacional!


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Fonte: NL