Luanda - Quando abri um dos meios de comunicação que actualmente une o planeta terra, isto é, a INTERNET, pensei logo que era prioridade consultar o BLOG de um dos poucos amigos que consegui e porque me compreendeu nesta última década: o Coque Mucuta. Meu amigo, detentor de um nome puramente africano, e que por sinal continua na linhagem dos valores indígenas, embora do mundo globalizante e globalizado.


Fonte: Club-k.net


Tempos menos tempos, lá abriu-se o blog. Era para já visionado da sua recente fotografia apelidada pelo (J.R.) ou se queiram, Joaquim Ribeiro, de foto familiar. Mas, fotografia é mesmo ela enquanto imagem. E imagem enquanto tal, tenho e muitas. Então, fui ao dito para ler e ver o dito por não dito, ou seja, para ler e submeter-me á ginástica mental: é este o compromisso que tenho com a própria minha mente nos últimos tempos…

 

Lá fui, e o artigo do meu amigo Coque levou-me até aos ´´34 ANOS DE POLÍCIA E A NOSSA PENA DE MORTE´´! Referente á 28 de Fevereiro do corrente ano. Assim entende e é o julgamento deste jovem pensante e indispensável nos Estados que querem afirmar-se nas democracias participativas e pluralistas.

 

Investigação, descrição, narração e também subjectividade fizeram parte do seu dito por dito, e tudo sobre a Polícia e os seus vários incidentes táctico-policiais por desconhecidos pelo jovem e senão mesmo por nós, muitos oriundos de problemas conjunturais: do médico que nega paciente, da paciente violada em pleno internamento, do comboio que atropela e corteja, do professor que viola aluna em plena sala de aulas, do jornalista pugilista, do Polícia que na pura simplicidade e leviandade mata zungeira e outros, são casos e muitos que nos levam a dizer e afirmar que no fundo aqui entre nós, tá-se mal! Então, mesmo assim -não há feliz aniversario… dizia o articulista da minha vaga. A nova vaga.

 

Penso que ao amigo Coque e outros cujo posicionamento tem sido idêntico, e eu os indispenso, ficarão ainda muitas questões dos vários problemas de índole conjuntural embora do género epistolar que aos poucos lhe vai sendo peculiar. Mas agora falemos da franqueza intelectual como tal.

 

Coque Mucuta, recorreu ao calendário gregoriano afim de minuciosamente numerar os macabros casos de violação dos direitos humanos em Angola, envolvendo certamente agentes da Polícia Nacional. Eu também, faço o gosto de lá chegar para numerar a minha descrição, não para me cingir nas muitas execuções primárias como lhe diz, mas para outra abordagem isenta e franca porquanto ser esta a grande ausente na intelectualidade angolana.

 

Esta franqueza vai ficando longe do país de todos nós e que todos amamos. Porém, pergunto-me todos os dias e hoje pergunto a todos até ao meu amigo Coque, porque é que os intelectuais angolanos são tradicionalmente divididos? Isto é, os prós e os contras, embora reconhece-se que o homem por natureza é um ser antagónico, diferente, e detentor de uma personalidade sua e única.

 

Há entre nós uma consciência, e está a trabalhar se para isso, embora de forma directa ou indirecta de que o modus vivendi dos angolanos é criticar e aceitar permanentemente mesmo sem a razão, sem o raciocínio e em muitos casos longe da realidade científica, do carácter científico que tem como maior tónica, a isenção e ao alinhamento ao não banalismo, fundamentalismo, relativismo, afunilamento, superficialidade e outras tendências que deveriam e diga-se abono da verdade, deveriam posicionar-se longe da postura, do carácter da intelectualidade angolana que no meu entender devia basear-se aos princípios da tolerância, equilíbrio justiça e harmonia…

 

Não é possível que os intelectuais angolanos tenham as mesmas opiniões e defendam ou vejam os mesmos factos na mesma vertente, sem o princípio da contraditoriedade. Não é isso que defendo. Mas é importante que o intelectual se pronuncie na maior coerência, cientificidade e desapaixonadamente, caso não, é caso para dizer que há aqui entre nós falta de escrúpulo, carácter científico do ponto de vista doutrinário.

 

Agora vejamos:

 

Comunicação social: A TVZimbo, tem um dos melhores espaços, senão mesmo o melhor espaço noticioso na TV em Angola, aos sábados que conta com as presenças de Norberto Garcia na qualidade de jurista e agora analista e João Paulo Nganga sociólogo e analista. Estes dois intelectuais angolanos têm a missão de analisar, comentar a produção noticiosa de maior relevância da semana.

 

Dado curioso deste fogo cruzado, é a discrepância que se verifica do ponto de vista de opiniões, cultivando em muitos o sentimento de bifurcação de ideias permanentes, porém, Tem-se permanentemente um Norberto Garcia que á ferro e fogo defende tudo e todos que sejam e estejam ligados ao regime dominante, isto é, ao Partido MPLA, o que faz com que a tolerância, o equilíbrio, a isenção e a justeza enquanto elementos identificativos do intelectual na conflitualidade, estejam longe deste jurisconsulto e fazedor de opinião pública.

 

Do outro lado, tem-se um Paulo Nganga visto e já rotulado como ‘’contra’’ em certos momentos, embora reconheça-se que nalguns momentos tem sido capaz de reconhecer os esforços do Governo e do Partido MPLA no que tange a tutela e gerência de alguns sectores.

 

Voltemos ao Jurista Norberto! Não consigo compreender porquê e como é que um intelectual como ele e analista, reconhecemos plenamente, não se pronuncie nunca contra e não seja capaz de assumir irregularidades que tenham sido cometidas por alguém ligado ao seu MPLA. Porém quando assim tenta fazer, fá-lo com timidez, sobrepujes e desculpas que só ele mesmo não consegue ver a tamanha desonestidade intelectual que apresenta á audiência da TVZimbo, ‘‘uma televisão como nós’’, como diz o seu director de informação Amílcar Xavier.  


Mas desonestos com a própria sua intelectualidade e intelectuais ignorantes, não são apenas estes dois analistas da TVZimbo ao sábado. Aliás, como dizia, existem no País, dois blocos de intelectuais que eu considero de ignorantes: os Prós e os Contras.

 

 É normal em democracia que as acções do governo sejam questionadas. E esta é uma tarefa da Universidade, dos universitários e finalmente dos intelectuais, desde que o façam de acordo os princípios que norteiam a intervenção de um intelectual como tal porquanto esta atitude ajuda o Governo e o próprio Partido elitista a melhorar e a auto-criticar-se sobre esta ou aquela actuação.

 

Mas o anormal entre nós, é pensar sempre que deve existir uma corrente vitalícia na crítica e aceitação subtis. Assim, não compreendo que haja no País, os Willian Tonet, David Mendes, Fernando Macedo, José Patrocínio, Makuta Ncondo, Coque Mucuta, Domingos da Cruz, estes dois últimos da minha geração ou seja, estão acima dos 20 e abaixo dos trinta anos só para citar aqueles que independentemente da sua falta de isenção, os admiro tanto nas suas intervenções epistolares quanto na sua oralidade.

 

Mas a minha admiração vai mais longe ao perceber que durante décadas, estas ilustres figuras, muitos deles longe dos ventos partidários, nunca viram sequer na sua amplitude uma acção de louvor praticada pelo Governo. É uma classe que nunca elogia! Tudo para estes e outros da mesma linhagem está mal. -Foi mau planificado! Pronunciamentos que os deixa fora do cunho científico que deve nortear toda e qualquer opinião de um intelectual como estes, principalmente de um jurisconsulto no caso, já que maioritariamente são formados em direito. É caso para dizer que a classe intelectual angolana está atulhada de ignorantes!

 

Não acredito que os João Pinto, Mário Pinto de Andrade, Simão Helena, Bornito de Sousa, João Melo, Adélia de Carvalho, Norberto Garcia e outros tantos não evidenciem uma visão da verdade original dos factos com isenção, equilíbrio e justeza. É inacreditável que estes cérebros, reconhecemos, não sejam detentores do saber ver nas entrelinhas às falias, os erros cometidos por gente ligada ao regime tal igual como eles.

 

Compreendo que este grupo, dos prós, é composto por aqueles que desempenham cargos públicos e políticos onde a política enquanto luta pelo poder tem de estar acima de tudo, mesmo que sejam seguidores assumidos do maquiavelismo. Mas como intelectuais é fundamental que a análise, o comentário que muitos destes fazem, deve basear-se na científicidade que por si só chamará a isenção, a coerência e a realidade dos factos que norteiam a doutrina do direito e da Ciência política.

 

Aliás, o gesto inédito de Bornito de Sousa na província do Kuando Kubango á quatro de Abril do corrente ano, no acto central dos oito anos de paz, de pedir desculpas aos desalojados de Benguela e Huila não deve ser visto como humilhação, como foi ventilado nalguns círculos dos camaradas, tão-pouco indecente porque é bem verdade que erros existiram e existem nestes e noutros processos que todos conhecemos. É realmente caso para dizer que eu não compreendo porque é que gente tal igual como esta, não seja capaz de ver e assumir o que está mal como mal. Aliás, o mal para estes deixou de ser mal. E estes e outros, incluindo os dois blocos ora aferidos, deixaram de ser intelectuais com os requisitos identificativos. São estes, que fizeram com que tivéssemos em Angola uma imprensa parcial. Ou seja, a pública vive no sim! A privada vive no não! Sem tirar nem acrescentar. Mas que intelectuais ignorantes!!!