Luanda - Um grupo de jovens ativistas angolanos residentes na República da África do Sul, pertencentes à Organização dos Jovens Revolucionários do Cazenga (OJRC), foi capturado por elementos desconhecidos, que, pela forma como agiram, são considerados altamente profissionais.

Fonte: Club-K.net

Segundo uma fonte próxima, a ordem para a captura foi dada pelo governo angolano, algum tempo depois de o grupo ter fugido de Angola e fixado residência na África do Sul. No entanto, eles foram "capturados" e levados para Luanda sem que suas famílias soubessem.

"Não consigo entender como é possível que o meu sobrinho e seu amigo, João Simão Miguel e Dodó Ngonda, que estavam na África do Sul, apareçam presos em uma delegacia em Luanda, tudo porque são ativistas políticos do grupo OJRC. Eles estão sendo acusados de ter ligações com outros grupos que coordenaram a manifestação que ocorreu em 17 de junho de 2023", afirmou Matias Miguel. Ele destacou que a situação é semelhante ao que aconteceu com o ativista Agostinho Chicaia.


A Organização dos Jovens Revolucionários do Cazenga organizou várias manifestações, incluindo uma realizada em 20 de setembro de 2015 para pedir a libertação dos jovens ativistas conhecidos como "15+2", na qual o ativista Luaty Beirão fez greve de fome.


Na época, fontes dos serviços de segurança indicavam que esses jovens estavam planejando manifestações em Luanda contra o partido que apoia o governo.


Preocupados com o desaparecimento dos jovens sem explicações, Matias Miguel enfatizou que outros jovens ativistas do mesmo grupo, OJRC, continuam foragidos. Eles conseguiram escapar da prisão em 27 de setembro de 2015 após participarem de algumas manifestações.


"No nosso país, as coisas estão ruins. Vários jovens tiveram que fugir porque havia mandados de prisão, como no caso de António Mayingui, João Simão Miguel, Bento Manuel Pinto, Damião António, Alex Kusima, Pedro Manzoeto João e Manuel José", afirmou Matias Miguel. Ele também observou que, caso sejam encontrados, esses jovens serão presos, pois são considerados criminosos pelo partido no poder.


Na tentativa de encontrar seu filho, Pedro Manzoeto João, o pai do ativista, também foi raptado por homens armados não identificados em sua residência. Até agora, seu paradeiro é desconhecido.


O caso de outro ativista, o tio do ativista Bento Manuel Pinto, não é diferente; ele também foi raptado em abril do mesmo ano, e seu paradeiro ainda é desconhecido.


O partido de oposição, a UNITA, recentemente expressou preocupação com a onda de desaparecimentos que vem ocorrendo e manifestou diretamente ao Presidente da República, João Lourenço, sua inquietação em relação a esses acontecimentos que preocupam a sociedade civil.