Lisboa - O Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço "afastou" na passada sexta-feira, 10, a figura do falecido Chefe de Estado José Eduardo dos Santos do protagonismo na construção do novo Aeroporto Internacional de Luanda.

Fonte: Club-k.net

Governo diz que  obra está intrinsecamente ligada à JL

No dia do evento de inauguração, João Lourenço não fez menção alguma sobre o seu antecessor. Por outro lado, o governo, na voz do Ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, afirmou que a conclusão deste projeto é resultado de uma "vontade coletiva", agradecendo a todos os que fazem parte da história deste projeto. Abreu sublinhou que se trata de uma obra intrinsecamente ligada à liderança do atual Chefe de Estado, João Manuel Gonçalves Lourenço.


O novo aeroporto começou a ser construído por iniciativa do Presidente José Eduardo dos Santos no ano de 2005 e consumiu bilhões de dólares. Em Agosto de 2017, a agencia lusa, citou despachos presidenciais indicando que a factura do novo aeroporto de Luanda já ultrapassava os 6,4 mil milhões de dólares e não parava de aumentar, visto que na altura, o governo de Angola foi autorizado a gastar mais quase 100 milhões de euros, com crédito polaco, destinando-se a maior fatia ao terminal VIP.


A referida obra esteve perto de ser inaugurada por JES, mesmo sem estar pronta, mas o antigo estadista optou por deixá-la assim, culminando com a sua saída do poder. Quando João Lourenço ascendeu à Presidência, o aeroporto tinha as obras prontas a 60% de conclusão.


Lourenço não só deu novo impulso, apressando a sua conclusão parcial, como também publicamente apresentou a obra como tendo custado aos cofres do Estado cerca de 2,8 bilhões de dólares. Além de afastar o nome de JES na obra, Lourenço também afastou os valores astronômicos de 7 bilhões de dólares gastos pelo seu antecessor. Para Lourenço, conta-se apenas os 2, 8 bilhões de dólares gastos pelo seu governo.


Lourenço também baptizou o novo aeroporto com o nome de Antônio Agostinho Neto, em detrimento de José Eduardo dos Santos, que foi o Presidente que teve a "visão estratégica" para a construção da referida infraestrutura. Em vários países do mundo, os nomes de aeroportos e obras emblemáticas são escolhidos após consultas populares. No caso deste aeroporto, o Presidente João Lourenço assim decidiu por meio do Despacho Presidencial n.º 140/22 de 9 de Junho, sem consulta popular.