Luanda - Nasci e toda a minha infância foi feita ao longo do CFB. Ali aprendi a ir à escola, também em tenra idade a ver a escala de trabalho do meu pai com rigor de nunca falhar pelas implicações que isso tinha. Por isso, eu amo o CFB e utlizo o comboio como meu transporte preferêncial por me conduzir a nostalgia dos tempos idos naquelas paisagens paradisíacas com aqueles lindos rios a caminharem sinuosos ao longo da linha ferrea, as chanas de horizonte imenso e o denso matagal que abraça os passageiros desde o Munhanho até Chikala e a “Enhala do Buluvulo” que vem quase do Longonjo até ao Kuhemba passando pelo rio Kwanza. Fui do tempo da Estação da “Koruteva” e vivi o surgimento da Variante do Cubal.

Fonte: Club-k.net

Desta vez, fui ao Luena para participar das exéquias fúnebres do meu instrutor militar Tenente Antonino Chiyulo que em Agosto de 1974 na Base da UNITA do Massivi, sombolo da resistência ao colonialismo português, me deu os primeiros passos na arte militar, por que não cheguei de ser militar do exército colonial português. O meu instrutor militar em 1974, morreu no dia 18 de Dezembro de 2023 como General na reforma.

Embarquei na Cidade do Kuito na Estação do Kunje, onde as autoridades foram excepcionais. Os passageiros com quem viajei eram jovens irreverentes que falavam de tudo em relação a política, a economia, a sociedade e a cultura, sem receio algum mesmo sabendo da presença de elementos do SIC e do Sinfo que escutam tudo para depois deturpar politicamente a liberdade constitucional com os rótulos de “revús”, de “opositores” ou de “golpistas”, quando o que os preocupa é a incompetência governativa e a corrupção endémica que ninguém pune.

Nesta viagem ouvi de tudo inclusive a parte que me preocupou ao tocarem na qualidade da cidadania no Huambo de hoje, como:

“O Huambo é o sítio que menos desejo viver por que os do Huambo não são solidários. Agentes do SIC ou do SINFO do Moxico transferidos para o Huambo acabam sempre por serem mortos por envenenamento – dizia um dos passageiros”.

“Os do Huambo vão para outras províncias fazer concursos públicos e são bem recebidos, mas não são recíprocos com angolanos de outras províncias – dizia uma senhora que viajava com seus filhos”.

Falaram de muito mais coisas. Estas revelações sobre o Huambu não as conhecia por que para mim, o Huambo continuava igual ao Huambo do tempo dos meus pais no capítulo da solidariedade. Estas revelações tocaram-me muito porque este Huambo que já não tem Nova Lisboa por capital ficou humanamente mau com a cultura nova construida depois da independência.

O Huambo de Nova Lisboa, fora do colonialismo e de alguns colonialistas, era lindo e acolhedor. Foi para este Huambo de Nova Lisboa que afluiam angolanos de toda Angola. Foi neste Huambo que conheci estudantes idos de Kabinda como o Mazunga, do Kunene o Marcial Yamene, o Lucas Tukongelene, o Nicolau Inaudanfa meus colegas de carteira no Seminário do Espírito Santo, de Luanda os “Kapossos”, os “Varezes” grandes basquetebolistas na Escola Indústrial, os “Vilhenas”, o Rui Carlos do Cadência Sete e tantos outros.

Afinal, este Huambo tinha deixado de exixtir por que o rei “MIDAS” (MPLA/António Agostinho Neto), em 1975, ofereceu-se a entregar novamente Angola ao deus “Dionísio” (Portugal), em Argel. Este deus, feliz com a oferta, ofereceu ao rei Midas (MPLA/António Agostinho Neto) a oportunidade de fazer um pedido. Cheio de ambição pelo poder o rei Midas (MPLA/António Agostinho Neto) pediu o toque de “Toca Estraga” dom de servir Portugal e de todos quantos lhe ajudassem a conquistar e manter o poder em Angola. É assim que há 11 de Novembro de 1975 o deus Dionísio (Portugal) entregou o poder ao rei “Midas” (MPLA/António Agostinho Neto) para desgraça de todos angolanos.

Quase passados 50 anos depois da independência de Angola, Portugal que beneficiou do Acordo de Argel deixou de ser colonialista e passou a necolonialista com uma democracia pujante na União Europeia e com todos os indicadores a aproximarem-se das principais economias da Europa. Enquanto Angola vacila entre uma democracia imposta ao MPLA e uma ditadura praticada por este Partido Político para únicamente servir os seus caprichos e os caprichos do deus Dionísio (Portugal), dos russos, dos cubanos, dos chineses e de outros Estados pelos favores prestados.

O poder que o MPLA pediu a Portugal do “Toca Estraga” só tem feito mal Angola. O rei Midas (MPLA/António Agostinho Neto/José Eduardo dos Santos/JLO) sabe e sempre soube do “Toca Estraga” contra o povo angolano, mas nunca se importou. Importou-se sim com a estratégia de cegar o Povo de Angola com slogans como “o MPLA é Povo e o Povo é o MPLA”, “A luta continua e a victória é certa”, “o mais importante é resolver os problemas do povo”.

Foi desastroso ao negar os Acordos de Alvor e de Bicesse. O rei Midas (MPLA/António Agostinho Neto/José Eduardo dos Santos/JLO) transformou-se em rei Heródes que mandou matar todas as crianças, na altura, com idade de Jesus Cristo intimidado pelo jpoder do Filho de Deus feito Homem.

O rei Midas/Heródes/MPLA intimidado pela democracia, pela soberania popular e pelo Estado de direito ardilosamente prende, manda matar por tiros ou por envenenamento todos quantos representarem ameaça ao poder que usurpou do povo desde 1975, ajudado por Portugal, URSS e Cuba.

Os pobres criados propositadamente pelo MPLA/António Agostinho Neto/José Eduardo dos Santos/JLO, desde 1975, têm sido as vítimas desse desastre e aliados preferenciais da estrategia de manutenção do poder.

Quanto aos aliados geopolíticos do MPLA/António Agostinho Neto/José Eduardo dos Santos/JLO como Portugal, Brasil, Rússia, China e outros continuam a ser os coniventes no massacre político, social, económico e cultural dos angolanos em benefício dos seus interesses e povos. Têm sido grandes aliados no emprobecimento propositado dos angolanos e nos arranjos ardilosos do “kwenda” selectivo que não acaba com a pobreza. São os Joseph Goebbels de hoje que ajudam o MPLA/JLO na maquinação da burra estrategia da expansão da divisão administrativa em províncias com densidade populacional de 5 pessoas por quilometro quadrado, em comunas rurais que passam para municípios que mais se parecerem com aldeias sem estradas, sem água potável, sem luz eléctrica, sem sistema económico funcional para se sentenciar a morte da constitucional e promissora descentralização político-administrativa do poder local em benefício do poder centralizador em volta do MPLA, quando há memória sobre a província do Bengo que quase depois de 40 anos de sua institucionalização continua rural sem nenhum município urbano e com a população cada vez mais pobre.

Na mitologia grega a história diz que Sileno (personalidade mitológica, satírica, sábia, tutor e companheiro mais próximo do deus Dionísio. era conhecido por sua embriaguez constante) havia se perdido e encontrado por rei Midas que cuidou dele e o devolveu ao deus Dionísio são e salvo. Em gratidão, Dionísio ofereceu a Midas a oportunidade de fazer um pedido. Midas, desejando uma recompensa, pediu o toque de ouro. Dionísio concedeu o desejo, mas logo Midas percebeu que a dádiva também tinha suas desvantagens, uma vez que não podia mais tocar sua família ou desfrutar dos prazeres simples da vida, como comida e bebida.

Posteriormente, Midas implorou a Dionísio que o libertasse do toque de ouro. O deus instruiu-o a lavar as mãos no rio Pactolo, e assim Midas se livrou da maldição de transformar em ouro em tudo quanto tocasse.

Em Angola, o MPLA de desejos impulsivos que não foi sábio sobre a importância de escolher, preferiu sacrificar todos angolanos para benefíficio próprio e do pequeno clube de seus membros e dos entrangeiros. Neste momento, o MPLA corre a todo vapor para a destruição do ideal democrático consagrado na Constituição da República de Angola.

Para lá de todos os males, presentemente, estamos diante de um dos piores MPLA que desde o tempo de Mário Pinto de Andrade, de António Agostinho Neto com o peso na história da guerra pós-colonial e do 27 de Maio, de José Eduardo dos Santos com o peso na história sobre o genocídio tribal pós-eleitoral em 1992, Sexta-feira Sangrenta, corrupção e Monte Sumy, o MPLA de João Manuel Gonçalves Lourenço é campeão na redução da dignidade humana do angolano à insignificância levando-o ao patamar mais baixo da sobrevivênvia ao buscar o sustento nos contentores de lixo e ao rebaixar a auto-estima nacional. Este MPLA/JLO mata mais angolanos, através da administração pública, com o desemprego, mortes nos hospitais, salários baixíssimos, crianças maltratadas e sem futuro, idosos desamparados, incompetência governativa, corrupção, do que qualquer um dos seus antecessores.

Este novo MPLA/JLO estruturou o sistema de corrupção de forma desalmada e enganosa, articulando a simulação da luta contra a corrupção dirigida contra seus adversários políticos internos ao substitui-los por outra classe burguesa formada pelo lumpenato bajulador e pelo campesinato vesgo que saltam directamente para um patamar social sem “finess” para tratar de assuntos do Estado com elevação de agentes públicos servidores. Como consequência, temos verdugos nos ministérios, na segurança, e outros sectores públicos. Por isso, não se visiona a elevação do MPLA/JLO em fazer o que o rei Midas fez recusando o toque do ouro para abraçar os angolanos sem destruir sua identidade ao aceitar lavar as mãos nos rios de Angola.

O MPLA é um Partido Político anti-democrático, corrupto e de dirigentes incompetentes, ponto final. Venha quem vier tudo vai continuar como antes ou piorar como tem acontecido. O povo angolano tem de ajudar o MPLA a lavar as mãos tão sujas de sangue imenso dos angolanos de todos os quadrantes, de mãos sujas de tanto roubo e de tanta incompetência.

O povo angolano deve levar o rei Midas/rei Heródes/MPLA/JLO a lavar as mãos nos rios nacionais para se desfazer da praga do mal que recebeu como prémio do deus Dionísio (Portugal) pela traição aos angolanos.


Uma dessas pragas herdadas da traição foi a praga da incineração ontológica da cultura nacional com à destruição da filosofia, da angolanidade, dos valores, crenças, práticas sociais e arte compartilhados durante séculos, introduzindo uma cultura da bajulação, da violência que ceifa vidas, da corrupão, do envenenamento dos opositores e colegas de trabalho, da perseguição de quem pensa diferente como Belmiro Chissenguety, Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku, Filomeno Vieira Lopes, Marcolino Moco, Francisco Gentil Viana, Laurinda Gouveia, Liberty Chiyaka, William Tomé, Pio Wakussanga, Gangsta, Pedrosck Teka, Gilmário Vemba, Net Nahara, Hitler, Olívio Nkilumbu, Dito Dali, Navita Ngola, Luaty Beirão, Irina Diniz, Mihaela Weba, Didi Chiwale, Ekuikui, Anselmo Kundumula, Kamwango os activistas pela resistência de Angola democrática dentro e fora de Angola, os afamados “revús” de toda Angola e muitos mais que orgulham o pais que resiste contra o mal.

No meu regresso ao Huambo, na Estação do Luena para onde me dirigi por volta das 03h00, fui confrontado pelos homens vestidos com coletes do SIC a ordenar-me para me retirar da Sala de embarque e por sinal uma sala maltrada onde os mosaicos uma boa parte se encontram partidos. Educadamente apresentei-me e pedi que fundamentassem a razão da ordem que me estavam a dar. Responderam-me que era de um general que naquela altura se encontrava a dormir. Disse-lhes que não cumpria uma ordem incorrecta o que acabei por fazer.

Felizmente, compreendi a atitude destes funcionários formados na cultura do rei Heródes/MPLA/António Agostinho Neto/José Eduardo dos Santos/JLO que tem na força, na mentira e na bajulação seus fundamentos.

Ainda na Estação do Luena reparei a presença de militares das FAA desarmados a trabalhar. Reparei na brutalidade contra o povo nas estações do Kangumbe, Kangonga e Munhango com a polícia usando cassetetes e os militares das FAA com armas aperradas apontadas ao povo em gritarias para estes não se aproximarem do comboio e dos passageiros.
O que conhecia do tempo colonial a passagem do comboio com passageiros e algumas vezes do “comboio belga” era sempre um momento festivo de abraço entre a população local que leva seus produtos para a venda e os passageiros desejosos de comprar este ou aquele produto. Hoje, esta festa morreu por que nas estações do Munhango, Kangonga, Kavimbi, Kangumbe e Kachipoke assistem-se a agressões contra o povo privando-o do princípio da igualdade com outros povos por onde passa o CFB.

A utilização das FAA instrumento fundamental da soberania nacional nas Estações do CFB numa altura em que se luta com a consolidação da cultura da paz, não se entende. Mesmo com promoções, passagens à reforma e exonerações, por este andar, nunca teremos Forças Armadas de Angola que se organizam para projecção geopolítica do poder nacional. Os gestores políticos devem perceber definitivamente que Angola é muito mais do que o MPLA. O destino de Angola está muito para lá da estreiteza de visão política, social, económica e cultural do MPLA/JLO.

Afinal, o MPLA/JLO é o “Toca Estraga”!

- OBRIGADO -