Luanda - O porta-voz do "Bloco da Solução", que vai ser constituída por partidos que integram a CASA-CE, nega semelhanças com a coligação fundada por Abel Chivukuvuku. Analista entende que este projeto não tem pernas para andar.

Fonte: DW

A nova plataforma política pré-eleitoral angolana propõe ser a terceira via, tal como propôs a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) quando foi criada, em 2012, pelo político Abel Chivukuvuku.

Em declarações à DW África, Makonda André, porta-voz do "Bloco da Solução", a designação atribuída a esta nova aliança, rejeita o termo "CASA-CE 2".

"Desde que lançámos a plataforma, estamos a ter contactos com vários jovens da sociedade civil que querem ingressar. Significa que isso não vai ser uma CASA-CE 2. Nós até na última reunião que tivemos deixámos patente: somos o Bloco da Solução, vamos receber vários partidos políticos para criar uma plataforma única, mas também vamos ser seletivos", adianta.


Mas, na última reunião constitutiva da aliança, realizada no sábado (24.02), ingressaram dois partidos até aqui integrantes da CASA-CE: o Partido Democrático para o Progresso da Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA) e o Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA).

Estes juntaram-se ao Movimento de Unidade (MUN) - um projeto político que ainda luta pela sua legalização.

Abreu Capitão, presidente do PDP-ANA, deixa claro: "O MUN também defende o federalismo, e, nós, PDP-ANA, achamos que era o momento de fazermos uma aliança com este movimento de unidade nacional".

Perda de força da CASA-CE

Nas últimas eleições, a 24 de agosto de 2022, a CASA-CE passou de 16 deputados para nenhum, lembra Abreu Capitão. "E essa situação deu-nos a ideia de que temos que refletir e pensarmos Angola e, nesta senda, nós, PDP-ANA, ainda estamos a fazer um estudo silencioso e doravante estamos a fazer um Bloco de Solução para Angola", justifica.

Este "Bloco de Solução" ainda tem um grande desafio pela frente: o da legalização, lembra igualmente Ilídio Manuel, jornalista angolano. O analista aponta o exemplo do projeto político PRA-JA Servir Angola, de Abel Chivukuvuku, que está há anos a pedir a sua legalização.

"Tenho sérias dúvidas que este projeto consiga caminhar pelo próprio pé a começar pela legalização", considera.

 
"Não me parece fácil que eles consigam legalizar este projeto político, uma vez que figuras como Abel Chivukuvuku, com maior projeção na política interna, foram chumbadas, embora se saiba que foi uma decisão de certo modo inquinada", opinou.

Também inquinada começa a ficar a CASA-CE com a possível saída do PDP-ANA e do PNSA – formações já alinhadas ao Bloco da Solução. A ser efetivada, restarão apenas três partidos: PALMA, PADDA-AP e PPA.

Contactado pela DW África, Manuel Fernandes, presidente da coligação, disse, sem gravar entrevista, que o assunto está a ser tratado internamente e remeteu mais explicações para os próximos dias.

Depois do desaire nas eleições passadas em que não conseguiu nenhum deputado, a CASA-CE contraiu uma dívida avaliada em mais de três milhões de dólares.

"A CASA-CE há muito desmoronou com a saída de Abel Chivukuvuku. O que resta agora são escombros", afirma Ilídio Manuel.