Luanda - Nos seus pareceres internos, a UNITA revela-se indignada com a postura "discriminatória" da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, face ao ataque que uma delegação de deputados sofreu nesta sexta-feira no Município do Cuito Cuanavale, província do Cuando Cubango, no âmbito das jornadas parlamentares.

Fonte: Club-k.net

Apesar de a Assembleia Nacional ter feito sair uma nota lamentando o ocorrido e feito um apelo às populações para "respeitarem a convivência pacífica, a paz social e os preceitos do estado democrático de direito", a UNITA nota que o documento tem caráter desprezivo. Ao invés de serem identificados como "delegação de deputados à Assembleia Nacional" que viajaram em missão de serviço no âmbito das jornadas parlamentares, a nota apresenta-os como "delegados do partido UNITA", sugerindo que a missão estava fora do escopo parlamentar.

 

 

A nota da Assembleia Nacional omite os nomes dos deputados atacados, bem como o número exato deles e as circunstâncias precisas do atentado, deixando lacunas significativas de informação.

 

Além disso, não menciona medidas imediatas tomadas pela Assembleia Nacional em resposta ao incidente, como investigações em andamento, assistência às vítimas ou medidas para garantir a segurança futura.


Embora o comunicado mencione que os autores do atentado devem ser responsabilizados, não especifica como isso será feito ou quem será responsável por tomar medidas concretas.


Por outro lado, para um "assunto tão sério", a carta é assinada por um simples diretor.


Pareceres colhidos pelo Club-K indicam que, do ponto de vista político, o facto de o comunicado ser assinado pelo diretor de comunicação institucional Venceslau Mateus, em vez da presidente do parlamento Carolina Cerqueira, pode ser interpretado como uma ausência de representação direta e comprometimento por parte da liderança máxima do órgão legislativo.

 

"Isso pode sugerir uma distância ou desconexão entre Carolina Cerqueira e as preocupações das vítimas", lê-se no parecer.

 

Depois de a UNITA reclamar junto à Assembleia sobre o comunicado "desprezível", o porta-voz da Casa das Leis fez sair um outro documento retificando os erros, e desta vez mencionando o nome dos atacados, que passaram a ser identificados por "delegação do grupo parlamentar da UNITA", ao invés de "delegação do partido UNITA".


De lembrar que o referido ataque foi antecedido pela partilha de um documento em que se podia ler "no território do Cuito Cuanavale, a UNITA só tem entrada, não saída".

Logo após o incidente, o Grupo Parlamentar da UNITA (GPU) não atribui diretamente a responsabilidade pelo ataque à sua caravana no Cuito Cuanavale a nenhuma entidade específica.

No entanto, o comunicado faz as seguintes críticas e acusações:

- Que o ataque foi perpetrado por "supostas milícias do Regime".

- O GPU condena a "postura de cumplicidade" do Governo Provincial do Cuando Cubango e da Polícia Nacional local por não terem garantido a segurança da delegação, como deveriam ter feito por lei. Isso implica que a UNITA considera que as autoridades locais poderiam ter impedido o ataque ou feito mais para proteger os deputados.


- O GPU exige que o Presidente da República assuma suas responsabilidades na defesa da vida, dos direitos e liberdades dos cidadãos. Isso sugere que a UNITA acredita que o Presidente não tem feito o suficiente para combater a violência política e proteger seus membros.


- O GPU também exige que o presidente do MPLA oriente suas estruturas a aderirem ao espírito dos acordos de paz, tolerância e reconciliação nacional, o que sugere que o partido no poder não está fazendo o suficiente para promover a paz e a reconciliação no país.