Luanda - O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) entende que o sofrimento da Juventude Angolana “é visível aos olhos de quem quer ver, que tem como refúgio de sobrevivência, os contentores de lixo espalhados por toda parte do país”.

Fonte: Club-K.net

Num comunicado enviado ao Club-K, alusivo ao 14 de Abril, “Dia da Juventude Angolana”, que se assinala neste domingo, o MEA descreve que, diante de inúmeras dificuldades sem um horizonte para a solução dos seus anseios, a juventude angolana, na visão organização que defende os interesses dos estudantes, “sente-se mais estrangeira no seu próprio país, onde muitos entendem que uma das soluções é a emigração, situação que descredibiliza todas as políticas do governo ligadas a Juventude”.

 

No comunicado, o Movimento dos Estudantes Angolanos mostra-se preocupado igualmente, pela não efectivação de várias políticas públicas do Governo do Presidente João Lourenço e incentiva ao Titular do Poder Executivo “a tomar medidas radicais contra os seus auxiliares”, que para a organização liderada por Francisco Teixeira “prestam dados incoerentes, com o objectivo de transmitirem ao Chefe de Estado, a ideia de que tudo está bem”.

 

“O MEA apela a todos os jovens que neste 14 de Abril em vez de festa e bebedeira, fizemos uma reflexão profunda sobre que caminhos trilhar para que consigamos viver na nossa própria pátria uma vida com alguma dignidade”, lê-se.

 

O comunicado ressalta que os jovens angolanos enfrentam desafios particulares numa economia em dificuldades e com uma elevada taxa de desemprego, falta de habitação, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, formação profissional e cultura e muitos outros serviços.

 

O MEA entende que o perfil da educação numa sociedade, reflecte as desigualdades socioeconómicas, regionais e a precariedade das condições de vida e das políticas públicas.

 

“Só através de uma educação de qualidade, o Estado Angolano conseguirá ter a certeza de que a sustentabilidade criada, oferecerá à sociedade um desenvolvimento sustentável e o que observamos no Governo do Presidente Lourenço, está muito longe desta perspectiva”, reforça.

 

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados em 2016, revelavam que a população angolana é maioritariamente jovem, ou seja, 75% dos cerca de 34 milhões de habitantes têm menos de 30 anos de idade.

 

Diante disso, o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) lembra que a Constituição da República de Angola (CRA) consagra no seu artigo 81.º, que os jovens gozam de proteção especial, para efetivação dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, nomeadamente: no ensino, na formação profissional e na cultura, no acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social, no acesso а habitação e na educação física e no desporto.

 

Além disso, lembra ainda o MEA, Angola ratificou em 2009 a Carta Africana da Juventude, adoptada pela Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, a 2 de Março de 2006, que recomenda aos Estados a adopção de políticas nacionais multi-sectoriais que cubram, nomeadamente a educação e o desenvolvimento de competências, a erradicação da pobreza e a integração socioeconómica da Juventude, meios de vida sustentáveis e emprego juvenil, saúde, paz e segurança, aplicação da lei e desenvolvimento sustentável.

 

No documento, a organização estudantil refere que a nível do PDN 2018-2022 a questão da juventude encontra-se nas prioridades do executivo, que destaca o desenvolvimento integral da Juventude como uma preocupação, por exemplo a questão de apoio de 90 Associações juvenis e estudantis e apoio em média 23 projectos e iniciativas de voluntariado juvenis.

 

“Durante o período em referência, quem se beneficiou deste apoio? onde estão? e quais foram os projetos financiados? Apesar destes e muitos outros instrumentos, será que o governo liderado pelo Presidente João Lourenço, dá mesmo prioridade às necessidades da juventude?”, questiona o Movimento dos Estudantes Angolanos.

 

O dia 14 de Abril, dia da Juventude Angolana, foi instituída em memória do herói e nacionalista José Mendes de Carvalho, conhecido por Hoji-Ya-Henda, morto em 1968, a aldeia de Karipande, durante um assalto a uma base das tropas coloniais Portuguesas na região.