Luanda -  A UNITA corroborou hoje em Luanda as acusações do activista cívico angolano, Rafael Marques, sobre corrupção em Angola, considerando que são reflexo das situações de “compadrio” que se instalou ao nível dos órgãos do Estado.

 

Fonte: Lusa


Alcides Sakala, porta-voz do maior partido da oposição, reagia ao relatório de Rafael Marques intitulado “Presidência da República: O epicentro de corrupção em Angola”, divulgado na quarta-feira, no qual denuncia a existência de altos oficiais da Guarda Presidencial e da Casa Militar à frente de grandes negócios.

 

O dirigente da UNITA disse ainda que a situação que Angola está a viver “é preocupante”, tendo em conta que “a corrupção se está a tornar institucional”.

 

“Tudo o que o Rafael Marques diz não é novo, é uma verdade muito sofismável e que agora o próprio Governo, preocupado em lavar a sua imagem do ponto de vista externo, procura, por artifícios internos, dar a ideia de que há de facto alguma mudança com a criação de novas leis [de combate à corrupção], que não passam de propaganda”, referiu o porta-voz da UNITA.

 

Alcides Sakala acrescenta que essas novas leis estão a ser criadas apenas para salvaguardarem tudo o que já conseguiram até hoje “elementos ligados ao sistema”, que “privatizaram o país”.

 

Por sua vez, o presidente da organização não governamental Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), António Ventura, disse que a situação apontada no relatório de Rafael Marques é “apenas a ponta de uma situação generalizada”.

 

Segundo António Ventura, o “epicentro da corrupção” na Presidência da República, denunciado por Rafael Marques no seu relatório, não é apenas prática neste sector.

 

“Nas Forças Armadas Angolanas (FAA) também se verifica a mesma situação, ao nível das forças de seguranças, da Polícia Nacional (PN) também se verifica o mesmo esquema de tráfico de influência de altos funcionários, de altos agentes da PN e das FAA estarem envolvidos também em grandes negócios”, frisou António Ventura.

 


Entretanto, o activista cívico reconhece também, como Rafael Marques no seu documento, que esses negócios “de origem duvidosa” podem colocar em risco a própria presidência e podem afectar o normal funcionamento de órgãos estratégicos do estado.

 

“É claro que do ponto de vista da estrutura da política do Estado há um nível alto de comprometimento de práticas de corrupção que de uma maneira ou de outra pode afectar o normal funcionamento desses órgãos estratégicos do estado, sobretudo porque neles estão envolvidos pessoas ligadas aos órgãos de segurança, não só da Presidência da República, mas também da segurança do próprio Estado”, salientou.

 

A Lusa tentou ainda obter reacções de outros partidos políticos e organizações cívicas angolanas sem sucesso. Também fonte da Presidência angolana disse que não comenta o relatório do activista angolano.

 

Rafael Marques, a propósito do documento que publicou, disse à agência Lusa que "membros muito próximos do Presidente da República têm usado a sua influência para privatizarem, em seu favor, parte do património público angolano e construírem um império comercial de origem bastante duvidosa.