Até hoje, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) tinha umadirecção bicéfala, depois de Lucas Ngonda se ter auto-intitulado presidente do histórico partido na sequência do congresso realizado emNovembro de 2007, ganho por Ngola Kabangu.

Esta polémica conheceu agora uma etapa decisiva, no fim no âmbito do processo de candidaturas partidárias às eleições legislativas marcadas para 05 de Setembro, recebidas pelo TC, cujos sete juízes conselheiros recusaram a lista apresentada por Ngonda.

A decisão do TC surge no seguimento de uma anterior, tomada pelo Tribunal Supremo, onde é declarada ilegal a direcção de Lucas Ngonda.

O líder da bancada parlamentar da FNLA de Ngola Kabangu, o deputado Benjamim da Silva, contactado pela Lusa, defendeu que a decisão do TC"já era esperada e vem repor a legalidade".

"Os factos são mais que evidentes e não era inesperada essa decisão,pelo que, segundo a lógica jurídica, esperamos que tenha efeitos imediatos", salientou Benjamim da Silva".

Em declarações à Lusa, o deputado afirmou que resta a materialização da decisão, uma vez que o seu partido, com este entendimento do TC,deu "mais um passo em frente".

Questionado se a partir de agora está mais próxima a reconciliação interna do partido, Benjamim da Silva limitou-se a referir que tudo dependerá da ala de Lucas Ngonda, que, no seu entender, deverá pedir a integração naquilo que considera a "grande família" da FNLA.

Opinião contrária é do secretário para a Informação da facção de Lucas Ngonda, Laiz Eduardo, que disse à Lusa nada ter ficado decidido quanto à liderança do partido.

"Uma coisa é a lista das candidaturas para as eleições legislativas, outra é a legitimidade da liderança da FNLA que continuamos a reclamar", afirmou Laiz Eduardo.

De acordo com Laiz Eduardo, "o diferendo entre as duas lideranças continua, e o que defendemos é que haja diálogo, questão sempre negada por Ngola Kabangu".

A divisão na FNLA vem desde 1997, quando Lucas Ngonda, antigo secretário para a informação deste partido, decidiu convocar um congresso à margem dos estatutos do partido, rejeitado por Holden Roberto, líder fundador, falecido em Agosto do ano passado.

Em 2004, Holden Roberto decidiu convocar um congresso no qual foi reeleito presidente do partido, Lucas Ngonda primeiro vice-presidente e Ngola Kabangu segundo vice-presidente.

Os resultados foram contestados por Lucas Ngonda, que até hoje lidera a outra ala da FNLA, agora legitimada pelo Tribunal Constitucional.

Em Novembro de 2007, o impasse continuou com novo congresso e onde, mais uma vez, Ngonda, rejeitou os resultados que deram a vitória a Kabangu.

Tem cinco assentos na Assembleia Nacional, resultantes das primeiras eleições no país, em 1992, e rejeitou em 1997 integrar o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), onde teria uma pasta de vice-ministro da Saúde, mas está representado no Conselho da República por Ngola Kabangu.

Fonte: Lusa