Lisboa - Roberto Leal Monteiro “Ngongo” faz parte do grupo de combatentes pela causa angolana  de   descendência cabo verdiana (O Embaixador de Cabo Verde em Angola Domingos Mascarenha é seu primo).  Serviu a guerrilha do MPLA desde o inicio da década de 70 nas 2ª e 3ª Regiões Militares. chegou a ser Chefe de Reconhecimento e Operações do Grupo Especial de Artilharia.


Fonte: Club-k.net


No ano de 1965 foi  um  funcionário dos Serviços de Fazenda e Contabilidade. Alimentava o sonho pela formação  em  engenharia de Minas, curso que abortou no segundo ano em detrimento da carreira militar. No período de preparação da independência de Angola esteve a chefiar a Artilharia da 9ª Brigada de Infantaria, para um ano depois ter passado para a Artilharia Terrestre do Estado Maior General e chefiar  a Direcção de Reconhecimento e Informação/EMG.

 

Teve  formação militar feita  na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde concluiu o curso de Chefe de Artilharia de Brigada em Moscovo e de  Chefe de Bateria de Grad. P. em Sinferpol. Antes de ter partido  para extinta União Soviética,   esteve em missão militar  na província de Cabinda. Era conhecido por “Jingongo” mas os colegas,  entenderam abreviar o  nome passando a ser  “Ngongo”. 

 

Uma das fases mais acentuada da sua carreira militar deu-se entre o ano de 1983 a 87 quando desempenhava funções de chefe adjunto do Estado maior. A Batalha do Cuito Cuanavale apanhou-lhe nesta vestes, o que lhe  habilitava a ir freqüentemente para o teatro das operações. Esteve também na operação “Saudemos Outubro”  com vista a ocupação de Mavinga, em  1987. Na qualidade de membro do grupo de operativos que acompanhava a batalha do Cuito Cuanavale, o general Leal Monterior "Ngongo"  viu serem lhe atribuídos “erros gravíssimos” de caracter militar. Na altura especialistas da  Força Aérea apresentaram,  antes dos incidentes,  propostas concretas que terão sido ignoradas por ele. O mesmo expulsou do grupo, o representante da  Força Aérea do grupo operacional sem ter dado ouvido a nenhum especialista. Em conseqüência, o saldo da  operação que desencadeavam no Cuito Cuanavale foi  considerado desastroso. 


A sua entrada para a classe de oficial superior deu-se a Março de 1988, como primeiro Substituto do Chefe do Estado Maior General. As propostas eram submetidas a comissão  Permanente da então  Assembléia do Povo. O então  Coronel Leal Monteiro «Ngongo» seria elevado à Major General das Forças Armadas de Libertação de Angola (FAPLA) desempenhando as funções de Chefe de operações do Estado Maior General e mais tarde Director do Departamento de Defesa e Segurança.

 

Em 1990 tornou-se  Comandante da Frente Norte e no ano a seguir foi indicado  como Comandante da FAPA/DAA. Passou para as FAA, no seguimento da fusão entre dois exércitos (FAPLA e FALA) existente no pais tendo sido promovido ao  Grau de Tenente General


Leal Monteiro “Ngongo”, pertenceu  a uma influente  corrente conotada ao general Antonio França “Ndalu”. Fez  parte do restrito grupo de elementos do regime  que em 1992, viu  vantagem na recusa por parte da UNITA dos resultados das primeiras eleições gerais em Angola. Em Novembro daquele mesmo ano teria sido visto junto dos generais Antonio José Maria e Alberto Correia  Neto a orientarem as tropas que combatiam os soldados de Jonas Savimbi nas ruas de Luanda.  No ano  a seguir, o Presidente José Eduardo dos Santos, brindou-lhe com a nomeação para  o  cargo de Vice-Ministro da Defesa para Administração e Finanças.


Despiu a farda militar em 1999, quando foi nomeado como  novo Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República de Angola na Rússia, nas remodelação diplomática de  Novembro do mesmo ano. Serviu a diplomacia por cerca de sete anos.  Na seqüência da morte do então ministro do interior, Osvaldo Serra Vandunem, o chefe da  casa  militar,  general Heldér Manuel Vieira “Kopelipa”, abordou-lhe para substituir o malogrado ministro.

 

Encontrou o ministério do interior com a reputação de “muito bem organizado”. No segundo ano do seu consulado procedeu  com alterações afastando  o antigo director de gabinete de Serra Van-Dunem e seus respectivos assessores  que teriam sido substituído-os  por quadros de sua confiança, dentre os quais Ferreira Fernandes, director do seu Gabinete e José Cunha Silva, director do Gabinete de Intercâmbio e Cooperação. Dois altos e respeitados  funcionários do ministério, Eduardo Sambo (inspector geral ) e Alberto Burity da Silva ( informação e analise), teriam sobrevivido.

 

A tardia re-colocação dos  afastados  produziu interpretações de que teria enveredado pela "Caça  as bruxas" contra os fieis do seu antecessor. O mesmo teria criado a  Caixa de proteção social reduzindo-se a mais de dois anos em comissão instaladora.

 

Enquanto Ministro, Roberto Leal “Ngongo” passou a reprovar procedimentos da policia nacional sobretudo as  eliminações físicas por parte do esquadrão da morte. Em Agosto do ano passado, chegou a vaticinar  a proposta que daria no afastamento do comandante provincial da policia de Luanda, Joaquim Ribeiro devido a constantes queixas que chegavam ao seu gabinete.

 

O antigo governante teria também  se incompatibilizado com algumas chefias da policia em Luanda, por efeito de defesa de desiguais posições. Há por exemplo, o caso do assassinato de três jovens no bairro prenda, pela policia a qual constava um sobrinho da Ana Paula dos Santos. O  então Ministro defendia que os policias assassinos deveriam ser apresentados publicamente. Foi  contrariado por correntes policias que defendia o contrario.

 

Roberto Leal “Ngongo”, era de facto uma personalidade com autoridade enquanto dirigiu o ministério do interior. Em Maio de 2008, o presidente José Eduardo dos Santos confiou-lhe a missão para coordenar o Grupo de Supervisão e Acompanhamento do Programa de Melhoria e Aumento da Oferta dos Serviços Sociais Básicos às Populações da Província do Cuando Cubango.


O seu recente  afastamento do executivo foi a pedido do mesmo como medida destinada a prevenir eventuais embaraços externos a imagem do Estado angolano relacionado ao rapto em São Tome de um empresário português. As autoridades viram o caso  com preocupação depois de terem chegado informações segundo as quais a  União Europeu pretendia  levar o assunto a Tribunal Penal Internacional. Em reação a PR emitiu um prévio comunicado para dar entender, a comunidade internacional, que o mesmo estava a ser castigado porque o regime não se revê com raptos de cidadãos estrangeiros.