Luanda - Sei de antemão que nos dias de hoje, existem angolanos que se esqueceram há muito tempo do termo “obras”. Fundamentalmente àqueles que muito têm, ou ainda, residem no exterior do País.


Fonte: Vasco da Gama


Porém, para estes, e como pode parecer, obra é quase novidade; e uma estrada nova e já em obras? Ou seja, uma estrada nova, como as temos, e muitas em Angola com maior incidência em Luanda, é muito curioso! Mas, mais curioso ainda, é o tudo um pouco que aos poucos vai envolvendo o País:


Quatro imponentes Estádios destinados ao CAN Orange Angola 2010 (é só desperdício e mais alguma coisa vizinha do nada, ou mesmo do zero);


Crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos melhores do mundo, mas sem reflexos às populações e ao povo, e outros casos que seguidos à risca, poderiam ocupar todo o meu espaço que me é disponibilizado nesta janela que une o mundo!

 

É ponto assente que a célebre frase “transformemos o País num canteiro de obras”, domina a beleza da oralidade do Senhor Presidente da República José Eduardo dos Santos no período pós guerra, isto é desde 2002, como sabemos, momento em que foram assinados os acordos que definitivamente deram por caladas às armas. Então, cavar, fechar, abrir e cobrir, são processos que passaram a acompanhar de que maneiras, o roncar de vários motores, embora muitos deles de ocasião, que fazem acontecer o caótico tráfico automóvel do meu e nosso País.

 

Esta frase (transformar o País num verdadeiro canteiro de obras) foi e é cumprida ao pormenor! Mas o que é tradicional entre nós angolanos aconteceu; - Quem conta um conto aumenta um ponto. Assim, o que o chefe mandou cavar foi coberto; o que mandou cobrir foi descoberto porque tínhamos – Segundo alguns, que viver num País transformado verdadeiramente num canteiro de obras. Na verdade, o chefe mandou cavar e não podemos ficar sem eles; -os buracos!


Não posso no entretanto continuar, já que o verbo em voga é mesmo terminado com “r” isto é, cavar, cobrir, abrir etc. a debruçar-me sobre às obras no País e obviamente das novas estradas que já estão em obras ou recebem novas obras, sem no entretanto falar, e falar apenas, dos arquitectos, engenheiros e técnicos que o País ganhou depois do onze de Novembro de 1975, no ramo da construção civil. Daqui e nestes está o fracasso da célebre frase do “chefe”, mesmo sem querer adoptar um discurso com pouco ou mesmo sem escrúpulo. Mas, permitam e sempre, que o diga: O que mais partiu nestes oito anos de paz e de (re) construção nacional é exactamente o que foi (re) construído depois da morte do líder fundador da UNITA, no caso Jonas Savimbi:

 

-A estrada, e não sei se assim o é ou não, porque o próprio Governo Provincial de Luanda não as classifica como tal, do Sanatório ao Bairro Popular, do Sanatório à loja da SHOPRIT e finalmente a estrada ou rua que liga a BCA( Base Central de Abastecimento Nacional das Forças Armadas Angolanas) ao mercado do Asa branca ao Município do Cazenga, são exemplos de uma arquitectura nova, pobre, falsa e paliativa. De acertos e não de fabricação se atendermos aos contornos da obra de Angola em paz.

 

Quantidade mas longe da qualidade, tão-pouco próximos dos critérios científicos. Na verdade, este ramo do saber está pobre. E muito pobre… tal como está o País. Parecerá uma montagem, mas é real que ao lavrar este texto em prosa, o relógio marcava uma hora da manhã. E a esta altura só penso o País! O meu País. E pensei o que vivi ao dia. Máquinas, homens, ao corre-corre. Tudo porque a nova cede da Direcção Nacional de Viação e Trânsito ao Kilamba Kiaxi, o novo mercado da Estalangem ao município de Viana, serão inaugurados provavelmente no dia da nossa dipanda. Então, as ruas ou estradas que as dão acesso, têm que estar em novo estado técnico, pelos menos no que o traçado diz respeito e porque neste dia o chefe lá passará! Cogita-se por aí. E pela amplitude da infra-estrutura, eu posso acreditar.

 

E aqui coloco mais um problema da minha/nossa Angola. - A confusão que o País faz para distinguir o IMPORTANTE DO URGENTE!!! Ou seja, a estrada, a rua, a iluminação é importante quando o chefe vai passar ou porque é mesmo importante? Aqui com ou sem, Lá vão os técnicos, engenheiros e arquitectos fazendo ou desfazendo discartavelmente, só para o chefe ver a cor e a beleza resultantes do seu discurso, mas que pena…ao chefe que vê o que não deveria ver, se no entretanto, estes técnicos fossem sérios e adoptassem políticas credíveis, e acima de tudo fizessem aos políticos situados longe da ciência política, uma crítica à luz da ciência. Mas isto é mesmo uma tradição. Os bons académicos devem, e assim é a prática, incorporar na arena política. Só políticos e mais políticos.


Em fim, a pouca vergonha de vermos todos com olhos de ver, passe o pleonasmo, estradas novas a receberem novas obras, vai continuar porque o chefe também vai continuar a visitar, visitar e visitar… e a urgência suplantará sempre a importância.