Há a percepção de que  o próximo governo, em termos de elenco, poderá estar ligado aos critérios ou forma como se projectou a  lista de proposta a candidatos a deputados pelo MPLA (a lista permanece em actualização, nomes de figuras como o futebolista Akwa sem reconhecimento político irão passar para segundo plano). A ausência de nomes de algumas  figuras de proa com reputação externa, na mesma lista é sinônimo de que venha ter lugar garantido no próximo  executivo. O alinhamento de nomes de membros do actual governo, em destaque, aos primeiros da mesma lista pode corresponder proteção/acomodação para o seu “day after”. (A inclusão do nome JES tem uma leitura diferente provavelmente para reforçar o prestigio e peso da lista). Nomes de personalidades de realce na posição em que se encontra Carlos Feijó (quase que no fim da lista) sugerem que a ida ao parlamento esta fora dos planos. (pode servir para anuviar outros que estão próximos a esta posição )

Quanto a leitura cientifica  importa  recordar  que a lei eleitoral recomenda  que todos que concorram para deputado devem, a dado momento,  cessar as funções sejam a nível das estruturas da função publica ou no sector privado. Implica dizer ainda que alguns nomes da primeira ordem numérica da mesma  lista poderão abandonar o Governo no período em concorrerão para os seus futuros  lugares na Assembléia Nacional. Se assim for, fica mais que provado que  teremos rostos novos no Governo depois de Setembro.

Aguinaldo Jaime, o Ministro Adjunto do Primeiro Ministro não consta na  lista para deputados. Certamente que conservara o lugar no próximo governo. Mesmo não sendo membro do Comitê Central do MPLA é um dos raros dirigentes aceite tanto dentro do partido como fora e internacionalmente. Nas hostes da oposição sempre foi bem visto. Foi uma das primeiras pessoas, a quem o antigo líder da oposição armada Jonas Savimbi, em 1991, reconheceu competência realçando a leitura de círculos internacionais sobre o mesmo. No bairro Precol, um militante do PADEPA ao procurar situar as discrepâncias  entre as lideranças do seu partido fez a seguinte comparação “O Carlos Leitão é o `Fulano` (nome propositadamente e eticamente ocultado), o Silva Cardoso é nosso  Aguinaldo Jaime.” O Ministro adjunto do Primeiro Ministro reúne  requisitos para ser re-admitido no executivo. Esta mais que provável que esteja a ser reservado para  uma função equivalente ou superior a que exerce presentemente. (entenda-se: Primeiro Ministro).

Se assim acontecer, o que sugere o parágrafo anterior, o actual Primeiro Ministro Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nando” que esta como (14) na lista para candidatos a deputados poderá ver reservado para si a posição de Presidente da Assembléia Nacional em substituição de Roberto de Almeida. (ultimamente ausente por questões de saúde é provável que peça para sair da vida política?).

Fernando “Nando” é respeitado dentro do partido pelo poder que tem. Goza de alguma liderança reconhecida pela oposição política. Foi um dos dirigentes que  representou estabilidade no período das primeiras eleições no pais e  a quem a UNITA de Jonas Savimbi temia a dada altura. Tendo ocupado  posição de relevo, o Primeiro Ministro não seria acomodado como um “simples” deputado ou seja não seria posto como telespectador de um platéia cujo palco já o teve como protagonista. De lembrar que quando João Lourenço saiu de Secretario Geral do MPLA foi acomodado a nível parlamentar com uma posição que pudesse ser distinguida dos seus colegas. Trata-se de uma lógica da política que visa preservar a imagem de um dirigente.

Ausente da mesma lista para futuros deputados esta José  Pedro de Morais, Ministro das Finanças e antigo funcionário do Bando Mundial. É a ele que se olha quando no exterior se fala do crescimento econômico. Foi reconhecimento internacional como o Ministro africano  das finanças mais destacado de 2007 passando grandes nomes da economia do continente  como o de Trevor Manuel da África do Sul. Ao contrario dos que o antecederam, Pedro de Morais é o Ministro das Finanças que raramente é contestando pela classe de economista da oposição política ao MPLA encabeçada por “feras” como Fernando Heitor. O acadêmico Vicente Pinto de Andrade reconhece-lhe pragnetismo.

Semelhante a Aguinaldo Jaime, a  ausência do nome do Ministro das Finanças na lista para deputados pode significa que o seu tempo no Governo ainda é indeterminado. Ou Pedro de Morais permanecera com as mesmas funções ou o mais provável seria vemo-los a desempenhar tarefas de Ministro Adjunto do Primeiro Ministro (com Aguinaldo Jaime como PM), a levar em conta o facto de ambos fazerem parte de uma equipa que dedica-se ao dossier econômico do país. Com este cenário (que não é muito certo) o seu lugar poderia vir ser ocupado por Manuel Nunes Junior, o  Secretario para Assuntos econômicos do BP do MPLA. O facto de terem-no constantemente nas conferencias dos Comitês de Especialidade mostra que ele seja uma  preferência do sector de especialista do partido. Quadros recém licenciados em economia pela  Universidade publica realçam a sua competência. Vêem-no como uma espécie de eminência parda do Governo para a matéria em questão e atribuem lhe certo mérito ao actual activismo econômico no pais.

Outra figura (próxima ao circulo de confiança presidencial) que não tem o nome na lista e que goza de certa respeitabilidade é o membro do Comitê Central do MPLA Manuel Vicente. Nas estruturas do Estado angolano lidera a Sonangol. Ao olharmos para as reformas que são feitas nesta empresa tendencialmente a municiar o Ministério dos Petróleos com maior protagonismo e cobertura ao sector petrolífero, a leitura que se faz é que o perfil de Manuel Vicente é o que esta melhor posicionado para eventual substituição do Ministro Desiderio Costa. (O Semanário Angolense noticiou  a sua futura  retirada da vida política). Portanto, em substituição de Manuel Vicente, na chefia da Sonangol teriam de colocar um dos administradores de renome de forma a contra balancear com o prestigio da Empresa. (Administrador teria também que ser visto como próximo ao chefe do governo). A personalidade com perfil próximo é  Carlos Feijó. O boletim África Monitor descreve-o como consultar da Sonangol. Nesta condição tem certo domínio dos dossiêr e da dinâmica da empresa. Carlos Feijó é igualmente membro do Comitê Central e o seu nome na lista de propostas para deputados ocupa uma posição bastante “insignificante” para a sua tecnocratecidade. Implica dizer que não ficara no parlamento nem poderá ser ignorado pelo próximo executivo.

A posição (32) em que encontra João Miranda na citada lista expressa o Ministro das Relações Exteriores tem lugar garantido no parlamento porem com tempo determinado.  A presente fase que o continente enfrenta com realce a situação do Zimbábue indica que o chefe da diplomacia angolana terá de ficar ai ate que Thabo Mbeki saia do poder na África do Sul. A saída de Mbeki é em simultâneo da mediação que ai faz. Desta forma a solução para este pais passaria em exclusivo para Angola.

Se tudo for pela lógica João Miranda entra para o parlamento com previsão de ser rendido por Josefina Pitra a embaixadora angolana na capital americana. É bem provável que o Presidente José Eduardo dos Santos esteja a prepara-la discretamente. Ultimamente é a chefe de missão diplomática distante de África que mais fica  ocorrente ao dossiê Zimbábue, tema de relevada importância para a posição que se encontra.e pelo interesse que tem os nortes americanos terem Angola como fonte de consulta. (O SG adjunto da ONU manifestou interesse de ver JES na mediação). O actual ambiente político tanto em Angola como nos Estados Unidos forçara com que Josefina Pitra  esteja disponível apenas para eventuais funções governamentais depois da realização de eleições em ambos os paises  e depois da tomada de posse de um  novo Presidente americano. Em resumo estará disponível no segundo semestre de 2009.

Pelas mesmas razões já evocadas em outros parágrafos, o Ministro da  Cultura Boaventura Cardoso  tem o nome desassociado na lista para deputados poderá certamente ser reconduzido para o próximo Governo. Seu nome nunca esteve ligado a praticas estranhas a ética governamental. O Ministro da Cultura é um intelectual de posições firmes. É uma figura carismática cuja personalidade exprime confiança. A menos que saia por livre vontade ou que seja substituído por um sósia  Não há motivações alguma para tal. “O povo não deixaria” diria um membro do partido.

Roberto Leal “Ngongo”, o Ministro do Interior já foi embaixador, seu nome também não esta na lista para deputados. Quer dizer que, se não vai para uma missão diplomática nem para a Assembléia também não ficara em casa. Certamente que permanecera no seu posto. É  visto como uma figura “dura e que impõe ordem”, perfil adequado para a posição que se encontra tendo em conta o ambiente social que o pais vive marcado com incidentes policiais e assaltos. Angola vive um quadro político em que é delicado alterar prematuramente as chefias do  interior.

O Ministro da Comunicação Social Manuel Rabelais, poderá ter sobrevivência governamental garantida pelo menos até o ano de 2010 a jogar pela realização do campeonato africano de futebol das nações (Can). Foi indicado recentemente para integrar uma das equipas ministerial que se dedica pela sua realização. As razões da sua inclusão (na equipa do Can) foram no sentido de provocar maior divulgação da realização do mesmo evento desportivo. Era desnecessário incluir o nome de Manuel Rabelais na lista para futuro deputados. A mesma observação pode servir para argumentar sobre o futuro governamental do Ministro Marcos Barricas, dos Desportos e juventude.
 
A posição que se encontram os Ministros Kundy Pahiama (18)  e Cândida Celeste (16)  na lista para parlamentares é um indicador que poderão priorizar outras pessoas nos seus lugares Ministeriais passando a  dedicarem-se exclusivamente ao parlamento. Face aos desafios, a pasta da Defesa como já avançou certa vez o Semanário Angolense, esta em altura de cair nas mãos de um constitucionalista ou o mais provável a um militar revestido de acadêmico. (General Disciplina tem o perfil acadêmico mas estaria fora de hipótese) .

Os outros membros do governo saídos das fileiras da oposição em função dos acordos de paz tem a sua saída garantida. O mesmo poderia se dizer do futuro do Ministro sem pasta Bento Bembe mas o provável é que fique, em caso de triunfo eleitoral do MPLA, devido a situação de Cabinda. O Ministério da Ciência e tecnologia dirigido por um membro do PRS poderá eventualmente ser liderado pelo actual vice do MPLA ou pelo reitor da Universidade Publica de Angola. (pela ética não poriam dois irmãos a frente de um Ministério).  Outros governantes com funções não muito políticas sobretudo aos que estão a largos anos no executivo certamente que sairão para permitir a entrada de novos rostos de forma a dar uma nova imagem ao executivo.

*José Gama  
Fonte Club-k.net/Angolense