Lisboa –  Um levantamento de dados, privilegiados que o Club-K teve acesso,  procura identificar as dez personalidades  mais influentes no regime do MPLA.  As mesmas foram  distribuídas em dois grupos. O dos falcões e as pombas. Os “falcões” são aqueles provenientes do generalato. São falcões por associação a estas aves que quando estão em estado de agitação podem comer-se entre si. Já os “Pombos” são os mais mansos. Quando há problemas batem as asas e desaparecem.


Fonte: Club-k.net

Lista de acordo com a hierarquia “clandestina”

Primeiro – José Eduardo dos Santos, Chefe do Estado.  Fez parte da guerrilha do MPLA  através da frente norte em Cabinda. É general de patente. Comandante em Chefe das forças   Armadas. Não é falcão nem é pomba, é o centro do poder. É ele quem tem o poder de assegurar o regime.

 
Segundo  – Antonio França “Ndalu” – Não se toma decisão sem a sua presença. Nas decisões  mais sensíveis a nível do “alto conselho” do regime, a ultima palavra é a sua. É referenciado como o “estratéga”. Figuras da linha de Carlos Feijó, tratam-no por “Chefe”. O general França  “Ndalu” é  o pai dos falcões.  Depois de JES, o General Ndalu é a única pessoa,  no regime que pode mandar “calar a boca” do Vice-Presidente  “Nandó” e ao general “Kopelipa”. No circulo intimo do regime diz-se que as FAA pertencem a JES mas os generais pertencem ao camarada  “Ndalu”. É  o mentor de “Kopelipa”, João de Matos e outros. Lidera o grupo dos falcões.  Todo o generalato o respeita.

 

Terceiro  – Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” – A segurança do PR esta nas suas mãos.  É o colaborador mais próximo de JES e que tem acesso aos seus aposentos. (apenas Vaz da conceição e o General Leopoldino  tem acesso).  É Ministro de Estado e Chefe da   Casa militar. No executivo, acompanha as questões militares, defesa,  policia e inteligência. As nomeações de quadros superiores das áreas atrás citadas passam pela sua apreciação. JES aprecia o seu lado discreto e  desligado aos grupos. Foi a figura a quem JES  enviou para convencer Carlos Feijó a regressar  ao circulo Presidencial.  Lidera a lista das cinco maiores fortunas de Angola. É muito discreto; desavindo  as brigas.  Foi o  responsável pelo desmantelamento do general Fernando Miala, que a dada altura comportava-se como um co-presidente da Republica.

 


Quarto – Manuel  Domingos Vicente –  No inicio do ano esteve em vias de ser feito  Ministro de Estado para coordenação econômica e por sua vez, ele viu negado o nome de um delfim seu, Baptista Sumbo para substituí-lo como PCA, da Sonangol. A importância que JES passou a prestar-lhe denota que passou a liderar  a lista dos  candidatos naturais  a sucessão presidencial. A tese é  sustentada por uma aparente transferência de poder. Passou a ter o “controle” dos transportes, economia, e as obras publicas.  Nos últimos tempos, é a ele a quem JES passou a pedir nomes de  quem deve ou não ser nomeado. Há quem diga que esta em fase de treinamento de  passagem de testamento político.  Esta a colocar figuras da Sonangol no poder.  Um dos “vice” de Malange é  oriundo da petrolífera estatal. Os integrantes da nova administração das empresas públicas  de transporte (Caminhos de ferros e portos) saíram da Sonangol. Apadrinhou   o nome do DG da SONIL  para servir o governo como novo Ministro das Obras  públicas e Urbanismo. É identificado como o orientador da demissão imediata do ex- DG do INEA, Joaquim Sebastião. MV, passou acumular uma das maiores fortunas de Angola. Igualmente citado como  o facilitador  dos novos ricos  dentro do regime.

 

Quinto – Fernando da Piedade Dias dos Santos - No circulo familiar de JES é visto como a melhor pessoa que os protegeria na adversidade. É uma das raras figuras  que na ausência de JES garante estabilidade interna, alias, em 1992,  ele era o “garante da estabilidade” em pessoa.  É respeitado porque teve o mérito de derrubar Fernando Miala de quem foi “inimigo mortal”. No núcleo duro do partido o temem, já há comentários insinuando  que com ele “será pior que JES”.   Figuras ao seu redor não sentem que JES esteja a fazer dele o substituto “mor”. Não avança com a deposição do cargo  porque ainda tem a chance de ser o “substituto constitucional”. Tornou-se uma figura politicamente apagada, cenário este que o inquieta. Deixou de ser recebido.  Fez saber ao PR, por via de terceiros que não faz gosto da sua situação política. O seu  Gabinete é  onde funcionava o antigo PM, Paulo Kassoma. Quiseram transferir-lhe para cerca da  presidência, num gabinete ao lado do cerimonial mas recusou.

 


Sexto – Carlos Feijó -   Faz parte da corrente das pombas. É na pratica, a figura que passou a dirigir o executivo. Não é membro do BP mas  participa nas reuniões na  qualidade de “convidado do PR” como JES já fez questão de o apresentar. Os governadores províncias e  os Ministros da área social e economica  respondem a ele, o que faz de Carlos Feijó  uma figura em posição superior ao Vice-PR. Passou a ser o acompanhante das políticas de investimento  para Guiné –Bissau  em substituição de Higino Carneiro. No executivo  é ele a figura  com mais conhecimento sobre a dinâmica da SONANGOL. Foi o autor do texto da nova constituição. Era delfim de José Leitão, figura que o aconselhou a aceitar o “forcing” do general “Kopelipa” para regressar ao gabinete presidencial. 

 


Sétimo - Paulo Kassoma – é constitucionalmente a terceira figura do Estado. Descrito como a figura que mais reúne consenso dentro do núcleo duro do regime. Esta desprovido de adversários  internos. JES nutre  forte admiração  pelo mesmo e reconhece-lhe  sentido de humildade. Nas vésperas da campanha das eleições de 2008, o PR deslocou-se ao Huambo tendo ficado maravilhado com o que viu. De noite após o seu regresso a Luanda, telefonou-lhe  para manifestar o seu desejo em fazer dele,  o próximo Primeiro-Ministro de Angola. Um dos seus melhores amigos  é o Vice-Presidente, “Nandó”. Estudaram juntos,  na escola São Domingo, quando eram miúdos.  Em círculos de “intelligence” européia, Kassoma é visto  como parte da linhagem dos substitutos de JES a presidência da Republica. Porém, não lhe é identificado  manifestação de ambição para este cargo.

 


Oitavo  - António José Maria – Chefe do Serviço de Informação Militar (SIM). Tem poder de influencia junto ao chefe quanto as questões militares. Os generais não morrem de amores por ele, mas reconhecem-lhe espírito de organização  e competência. É o oficial superior  das FAA que  mais entrou em  clivagens com os falcões do regime.  É ai que advem   a fonte do seu poder. Em 1992 incompatibilizou-se com Fernando  “Nandó” devido ao desfecho que deram ao então SG da UNITA, Mango Alicerces (O malogrado dirigente da UNITA fora seu  colega no seminário maior no Huambo e no decorrer dos confrontos  refugiou-se  em sua casa). Foi o mentor da ascensão de Fernando Miala de quem viu-se traído. Há quatro  anos atrás teve divergências com Kundy Paihama.  Já “ameaçou”  o chefe do SINSE (ou SINFO), Sebastião Martins.  Influenciou  a saída do ex- CEMGFAA, General Francisco Furtado e a do antigo comandante da segunda Região Militar, general  Jack Raul tal como a dos seus adjuntos do  SIM, os generais  Zé grande e João Massano. Esfriou-se  com o general “Kopelipa”. Em resumo, é a figura que põem ordem nos generais. 

 

Nono  – Kundy Paihama –  Detém influencia na parte sul do país cujas as populações já o viram como seu símbolo dentro do poder.  É a figura a quem JES não procura briga. Após a queda do regime de partido único foi identificado como tendo amadurecido  a criação de uma emancipação partidária “dos sulanos” que desertaria  o MPLA para seguir o seu próprio destino politico. Desde então, JES passou a prestar atenção especial,  a ele e aos ovimbundos. 

 

Décimo  – a) Roberto de Almeida, Vice-Presidente do partido

 

b) Dino Matross – SG do MPLA. Tem a importância de ter sido Ministro da segurança razão pela qual, mesmo sem estar activo pode  ser sempre chamado para dar pareceres sobre. O seu poder de influencia estende-se junto as administrações de estado.

 

c)  João “Ju” Martins – O seu poder esta no partido. É presentemente o ideólogo do MPLA  e opera como uma espécie de “Vice Presidente sombra”. Daí que o apelidam  como o “pequeno Lucio Lara”. Nas questões partidárias a sua visão é sempre levada em conta pelo PR. Não é tomada nenhuma decisão sem o seu conhecimento. É-lhe reconhecido astucia política. Dirigentes do partido dizem em meios informais que na ausência definitiva de JES “O Camarada Jú agüenta o partido”, isto é, “Manuel Vicente” ou “Nandó” disputam/concertam a liderança  e Jú Martins concebe os alicerces da substituição.  No extinto mecanismo bilateral, entre o Governo e a UNITA, o SG  Dino “Matross” antes de tomar alguma decisão dizia que tinham que aguardar pelo “camarada” Jú. Foi no inicio da década, adjunto do general “Kopelipa”, na condução do Gabinete de Estudos, pesquisa e analises (GEPA). Já foi apontado como a figura que na sede do partido concebia as fragilidades políticas   da UNITA e da oposição em geral.

 

Suplentes

 

Higino Carneiro – No ano passado teve um desentendimento “virtual” com “Kopelipa” devido a clivagens laborais levando-o a aceitar um convite para um jantar num restaurante em Luanda para aclaramento. Foi um dos ministros que mais estava dentro dos assuntos de Estado. Acompanhava o chefe nas viagens ao exterior. JES reconhece-lhe competência. Em finais de Outubro JES convocou-lhe para  que reconsidera-se o convite para governar  Luanda. Antes teria alegado que aceitaria na condição de ter “poderes próprios e sem interferências do poder central”. Tem uma das maiores riquezas de Angola e é  a figura que mais apoio o partido. Rumores nunca desmentidos apontavam-lhe  como  o facilitador  da canalização de 200 milhões de dólares do INEA que terão sido  canalizados para campanha do MPLA.

 

- Vaz da Conceição – é a figura que exerce poderes sobre a comunicação social em Angola. A sua correia de transmissão é Luis de Matos, o Director Nacional do referido  Ministério.  Tem a tarefa de assessorar  o Presidente da Republica a fazer leitura de ocorrência política.  Uma das qualidades reconhecida nele  é a capacidade em formatar a opinião nacional. Esta agora na Casa Militar a dirigir um gabinete de acção psicológica e informação.