Luanda - Os órgãos de comunicação social estatais, em Angola, anunciaram, nos últimos dias, que o Presidente da UNITA, Isaías Ngola Samakuva, estaria de acordo com o Presidente José Edurado dos Santos no que a Costa do Marfim diz respeito. Na verdade, Dos Santos evoluiu para uma solução dialogada, mas não reconhece o Presidente sufragado daquele país francófono, Alassane Ouattara. Para o estadista angolano, é Laurent Gbagbo que perdeu nas urnas e que se escuda na Constituição que deve permanecer no poder.


Fonte: Club-k.net

Desafia a publicarem na íntegra o seu discurso

Samakuva mostrou-se – mais uma vez – indignado com a atitude nada profissional dos órgãos de comunicação social estatais, nomeadamente: Televisão Pública de Angola (TPA), Rádio Nacional de Angola (RNA), Jornal de Angola e Angop, por terem deturpado intencionalmente, nos dias 14 e 15 deste mês, as suas declarações referentes a crise política que, actualmente se vive no Costa do Marfim.

 
O líder do maior partido na oposição, desafiou – no final da IX Reunião Ordinária do Comité Permanente da Comissão Política – os senhores da comunicação social estatal a passarem na integra às suas declarações. “Gostaria de desafiar aqui, estes órgãos de comunicação a passarem a minha declaração tal como foi lida”, desafiou calmamente o sucessor de Jonas Savimbi que estatutáriamente deverá convocar para este ano o X congresso daquela organização.


Entretanto, Isaías Samakuva voltou a reafirmar que a única coisa, onde  a UNITA está de acordo com o Presidente da República é na defesa do dialógo, como via de resolução deste conflito. “O que eu disse ontem (quinta-feira), não é diferente do que acabamos de manifestar nesta reunião, isto é que a TPA e os outros órgãos estatais deviam transmitir”, ironizou.

 

O presidente da UNITA surpreendeu-se com o facto do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ter optado, desta vez, pelo dialógo para a resolução dos conflitos pós-eleitorais. Recorde-se que nos conflitos anteriores, o mesmo (JES) defendia, cinicamente,  soluções militares, tais como, nos Congos Brazaville e Kinshasa, para além do seu próprio país (Angola). “Inclusive ajudou a derrubar um Governo democraticamente eleito num dos Congos”, revelou Samakuva.


A nossa fonte, assegurou que a UNITA não concorda, plenamente, com as declarações do Presidente da República, por este considerar que o Presidente legitímo da Costa do Marfim, seja o derrotado, Laurent Gbabo. “O Presidente da República diz, na realidade que, Laurent Gbabo é o presidente constitucional, e nós na UNITA não estamos de acordo com os presidentes constitucionais, mas sim, com os eleitos”, defendeu, justificando que “os presidentes constitucionais se aproveitam desta constitucionalidade para permanecer, no poder, durante um tempo indeterminado” Vale dizer que é à sombra deste argumento que Angola tem há mais de 30 anos um Presidente nunca eleito .


Finalmente, Samakuva questionou – o auto isolamento – do seu arqui-rival, Eduardo dos Santos, por defender a não intervenção das organizações internacionais, quando Angola faz parte destas organizações. “As Nações Unidas e a União Africana reconhecem o Presidente Outtara como o candidato eleito para  Presidente da República da Costa do Marfim”,rematou.