Luanda - O Conselho de Ética e Deontologia do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) presidido pelo veterano Siona Casimiro tem diante de si o primeiro grande caso, confirmado que parece estar o recurso à extorsão por parte do semanário “O Continente”, na sequência do episódio relacionado com a publicação de uma carta anónima onde a Ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, era alvo de vários “mimos”.


*Carlos Morais
Fonte: Club-k.net


Transformada depois numa notícia baseada em “fontes próximas ao seu pelouro”, a carta alimentou uma das matérias da última edição do “Continente”, com a manchete “Águas agitadas na Comunicação Social”.

 

Do ponto de vista ético/deontológico não faz muito sentido que a badalada carta tenha sofrido uma tal “evolução”, o que é um recurso muito usado para mascarar informações difíceis de sustentar, no âmbito do jornalismo sensacionalista.


Em vários círculos jornalísticos da capital angolana comenta-se que o referido Conselho não devia perder esta oportunidade para fazer a sua estreia em força no âmbito do seu novo mandato iniciado em Setembro de 2010 com a realização do 4º Congresso do SJA.

 

Os esclarecimentos prestados ao CK por Henrique Miguel (Riquinho), enquanto proprietário do “Continente”, acabaram por confirmar os procedimentos eticamente bastante reprováveis assumidos pelo seu jornal no tratamento de uma matéria tão sensível e tão conflituante com direitos de terceiros. Por outro lado a intervenção pessoal do empresário na gestão do dossier parece chocar abertamente com o princípio da independência editorial.


Fontes do Ministério da Comunicação Social (MCS) desmentem categoricamente que alguém do semanário do Riquinho tenha contactado a instituição para obter o contraditório, conforme exigem as regras do jornalismo de referência.

 

A pessoa que esteve no MCS, reiteraram as fontes, tem rosto, tem nome e foi apenas com o propósito de negociar a não publicação da carta a troco de dinheiro, conforme o próprio Riquinho acabou por confirmar indirectamente ao admitir que tem um litígio pessoal com a Ministra.

 

“Se tivéssemos que pedir qualquer coisa a senhora ministra, de certeza que não seria nada mais nada menos que o nosso direito, que a senhora ministra mandasse executar uma orientação da Casa Civil da Presidência da República, que está no seu gabinete há mais de vários meses”.

 

Em todo este imbróglio, o “Continente” acabou por revelar que tem de facto “boas fontes/toupeiras” que trabalham no próprio Ministério da Comunicação Social e que não perdem uma oportunidade para pôr cá fora qualquer tipo de informação que possa prejudicar a imagem de Carolina Cerqueira.

 

Sem ser uma novidade a existência de tais fontes, que tudo leva a crer são pessoas que estiveram intimamente ligadas ao anterior consulado de Manuel Rabelais, pensava-se que elas já estariam actualmente menos activas e mais resignadas com a mudança verificada.