Luanda - Bráulio Morais  é um jovem com apenas 20 anos de idade mas que já se tornou numa das maiores esperanças para o basquetebol angolano.Actualmente jogador do Petro atlético de Luanda,equipa pela qual foi formado, Bráulio já deu provas mais do que suficientes do seu talento e das suas habilitaÇões dentro da quadra, estando a criar o seu nome e se desprender das frequentes identificações como “o  irmão caçula de Carlos Morais”.


Fonte: Mila Malavoloneque



http://profile.ak.fbcdn.net/hprofile-ak-snc4/187610_100001222153091_931260_n.jpgBráulio apesar de muito jovem aparenta conhecer e praticar o desporto há muito tempo. Com que idade entrou para esta modalidade?

Bem, eu prático o basquetebol já à 11 anos.comecei quando tinha apenas 9 anos de idade.



Sendo que o desporto em Angola nem sempre é visto como uma profissão que garante estabilidade financeira, foi difícil convencer os seus pais a deixar que seguisserumo àeste caminho?


Sim, não foi fácil!O meu pai é muito rigoroso e como qualquer outro pai que deseja o melhor para os seus filhos ele não aceita que eu pare de estudar.Mas,existem vezes que sou mesmo obrigado a deixar os meus estudos um pouco de lado (o que é errado) devido a competiÇões fora do país, que exigem de mim mais dedicaÇão aos treinos.Felizmente, o facto de ter o meu irmão mais velho também envolvido na mesma modalidade me possibilita seguir o caminho dele com mais aceitaÇão dentro de casa.



Falando da dificuldade que é conciliar o desporto com os estudos, sei que é estudante de gestão de recursos humanos na universidade lusíadas de Angola.O que tem feito para conseguir com queambos não se interfiram?

Éum tanto difícil conciliar o basquetebol com os estudos mas graças a Deus,tenho conseguidosim.Antes era mais complicado porque, estudava e treinava noperíodo da tarde, e ficava fora de mão para mim ter de estar nos dois lugares ao mesmo tempo.Agora,felizmentejá não! Pois, além de ter treinos 2 vezes por dia, mudei de turno e estudo de manhã. Os meus treinos da manhãenvolvem somente o ginásio, o que significa que não é obrigatório comparecer e os treinos da tarde incluem preparaÇãofísica para os jogos o que quer dizer que é obrigatório.


Sei que está frequentemente nos Estados Unidos com o Petrode Luanda durante a pré-época.Em que altura do ano normalmente isso acontece, e,como faz quando se sucede durante o períodoescolar?


Sim.Norlmente fizemos a Pré-epoca ( época de preparaÇão ) fora do país.Por vezes vamos para o Brasil, Espanha, Portugal, ou USA.Por coincidência, as viajens calham sempre no tempo de provas, mas como os meus professores sabem que prático desporto; eles ajudam-me,permitindo que eu faÇa as provas quando voltar de viajem.É um tanto difícil mas eu dedico-me bastante para conseguir bons resultados.



Vejo que tem muitas restrições por ter optado pela vida de umatleta. Como lida com isso?

Será que existem momentos de arrependimento ou frustração, como por exemplo: não poder comer certos alimentos nacionais por causa do cuidado com a gordura, ou ainda, não poder ir a uma festa ou saída com os amigos por ter treinos no dia seguinte pela manhã? É complicado mas em nenhum momento me arrependo de ter escolhido esse caminho (basquetebol).Eu gosto MUITO do que faÇo.

Agora quanto as gastronomias nacionais,por acaso eu como tudo.Sou mesmo um autêntico comilão.Claro queprocuro sempre, manter o peso necessário para ser um bom atleta ( nunca aumentar e nem diminuir ).Com relaÇão as festas bem,durante o tempo de jogos eu não saio muito.Só de uma vez a outra, mas por ser muito caseiro não noto a diferenÇa.Prefiro sempre descansar para estar bem preparado para o dia seguinte.


Bráulio porque acredito que é constantemente identificado como o” irmão caçula de Carlos Morais”, gostaria de saber se de alguma forma se sente confortável com isto?Quais são os momentos que isso lhe é favorável e quais os  que isso torna-se um obstáculo para a sua carreira?


Sim.Souconstantemente identificado como o “irmão caçula de Carlos Morais”.Às vezes sinto-me constrangido, porque existem pessoas que não reconhecem o esforço do meu trabalho, e dizem,"... ele está aqui por causa do irmão dele...".O que me deixa um pouco frustado porque estas pessoas não sabem que não é este o meu caso.Sou muitodedicado e luto muito para poder conseguir manter o meu lugar na equipa .Sei que sou eu, quem deve mostrar o meu talento dentro e fora do campo, para que as pessoas possam ver e chamar-me de Bráulio Morais. Por isso dou sempre o meu máximo; mas,apesar dos apesares isso nunca foi,não é, e nunca será um obstáculo para mim.



Mas tirando isso, existem momentos favoráveis sim. Por exemplo: nós somos muito amigos e  vejo o meu irmão, como uma fonte de inspiraÇão.O que significa, que é uma questão de honra para mim, tentar mostrar sempre o meu máximo para poder igualar-me a ele dentro da quadra.


Sei que começou a sua carreira no Petro onde continua até hoje.Portanto acho que não seria nenhum exagero dizer que o Petro é a equipa “o viu nascer”. Qual seria o auge da sua carreira dentro desta equipa?E o que esta representa para si?

O petro foi a equipa que me formou, comecei nas escolas do petro onde estou até hoje e pretendo continuar.Costumo dizerque, só sairei do petro para fazer carreira internacional.Provavelmente numa liga espanhola, italiana ou mesmo na NBA.O petro representa muito pra mim e como bem disse, é a minha segunda casa.No Petro aprendi tudo que sei professionalmente e não só...Devo-lhes muito.


Já que falou de carreira internacional: no futebol é bastante frequente ver jogadores nacionais a serem transferidos para equipas estrangeiras.Porém, no basquetebol isso émuito raro.Sendo que, os jogadores da selecção angolana há 20 anos que vêm sendo considerados os melhores de África, e consequentemente se encontram nos escalões dos melhores do mundo, Porquê que isso não acontece?Porque é que não temos angolanos na NBA por exemplo?

O problema comeÇa apartir do simples facto que; em Angola infelizmente,quase não existemempresários dispostos a apostar na carreira de um basquetebolista.Para tentar conseguir a atenÇão internacional,normalmente temos de esperar uma competiÇão fora do país e torcer para que algum empresário estrangeiro nos veja jogar e reconheÇa o nosso talento.



Disse que têm de esperar empresários “estrangeiros” ver-vos jogar numa competição internacional para poderem expandir a vossa carreira.Mas Angola é uma das equipes africanas que mais compete internacionalmente.Como explicas mesmo assim a ausência de angolanos entre os melhores clubs de basquetebol mundial?


Bem, na verdade já tivemos angolanos que testaram para entrar em clubes de grande potência internacionalsim.Este foi ocaso do Gerson Monteiro que fez o teste no San Antonio Spurs, e também foi o caso de Olímpio Cipriano.


Acredito que além de talento também é preciso sorte para poder garantir um lugar nestas grandes equipas e com certeza sorte, foi a única coisa que faltou-lhes.


Será que o basquetebol angolano já chegou ao seu auge?Se não, o que acha que ainda precisa ser feito para o melhorar?



Eu creio que ainda não.Ainda precisamos fazer muito pelo nosso basquetebol ou então acabará daqui a mais 10 ou 15 anos.Antigamente era bastente comum ver um grande número de tabelas nas ruas o que possibilitava com que nós os jovens praticassemos nas ruas.Mas com o passar do tempo isso vem se tornando cada vez mais raro.Sem falar que também existe a  ausência de quadras de basquetebol que deviam ter como objectivo incentivar os jovens a aderir a modalidade.Esses obstáculos não facilitam o crescimento do desporto.


E já que falou dos jovens...Infelizmente temos que admtir que ultimamente não temos dado tantas razões de orgulho a nossa geração mais velha(de um modo geral ).Acredita que se houvesse mais jovens envolvidos no desporto provavelmente hábitos lamentáveis como o de drogas entre outros poderiam ser evitados?O que achas que precisa ser feito para encentivar os jovens a ingressar nestas actividades?



Existem muitos jovens delinquentes sim como também temos muitos meninos de ruae coisas do género.Acho que se tivessem alguma coisa para os distrair como quadras de basquetbol nas (por exemplo), além de investir no desporto também estariamos a dar oportunidades de vida à estes meninos.Acredito que o governo da juventude e desporto deveria fazer uma parceria com as escolas e investir mais em actividades extra curriculares.Isso iria manter-lhes mais ocupados e desviaria a atenÇão deles de coisas inúteis.


Acha que será possível ver Angola um dia ganhar o campeonato mundial de basquetebol?Sobre o seu olhar profissional, o que vem nos faltando até então para conseguirmos alcançar esta conquista?

É uma pergunta difícil.Angola ganhar o campeonato do mundo! Não digo que é impossível mas ainda temos de trabalhar muito .É necessário novos talentos; insisto, precisamos investir mais em campos pela cidade para que os jovens possam descobrir-se...e desta forma,quem sabe um dia não chegaremos lá.


O sonho de todo jogador é chegar até a selecção nacional. O que acha que ainda precisa fazer para chegar a este patamar da sua carreira?

Treinar, treinar e treinar,acho que este é o único caminho.Claro que também preciso ser bastante humilde,aceitar críticas e muita dedicaÇão.



Como tem sido a experiência de estar a dividir a quadra com o seu irmão mais velho?Depois do jogo existem críticas em casa ou nem por isso?



Está a ser uma das melhores experiências da minha vida.Além de ser meu irmão, ele também é um dos meus maiores ídolos.É o sonho de todo o fã poder dividir a quadra com o seu ídolo e no meu caso não é diferente.Sobre as críticas, felizmente não existe nada disso! Muito pelo contrário, damos-nos forÇa e por vezes até combinamos certas jogadas para fazer dentro da quadra.



Já que falou de um dos seus ídolos,gostaria que falasse-nos de mais 2 no nosso basquetebol e porquê os admiras tanto?


Primeiramente Armando Costa, porque gosto da sua forma de jogar, joga como se não tivesse com mais ninguém na quadra.É na minha opinião o melhor base de Angola. E claro,“General Lutonda”( Miguel Lutonda ) meu ídolo número 1.surpreende-me muito o seu espírito desportivo,com 39 anos de idade, joga como se tivesse 20.É incrível !


Quero que termine com uma frase inspiradora para todos os jovens que também querem seguir o seu exemplo e quem sabe um dia ser como um Carlos Morais ou Miguel Lutonda?


Queria primeiramente agradecer a oportunidade que me foi dada para poder falar da minha vida profissional e dizer a todos o jovens que pretendem seguir o meu exemplo que: continuem e nunca disistam.Vaõ existir sempre obstáculos mas temos de ser fortes para ultrapassa-los.Aconselho a terem sempre os vossos estudos em primeiro lugar, é muito importante mesmo dentro do desporto e acreditem que tudo é possível com esforÇo e dedicaÇão.


*Mila Malavoloneque