Washighton - Invocando a responsabilidade da comunidade internacional de agir diante das ações de Muamar Kadafi, o presidente americano, Barack Obama, defendeu nesta segunda-feira a ofensiva na Líbia e, em um discurso de 27 minutos, afirmou que a coalizão internacional conseguiu parar o avanço do ditador, mas ainda não concluiu seu trabalho. Ele reafirmou que enquanto Kadafi continuar no poder será uma ameaça.


Fonte: Globo

Coligacao parou avanço mortal de Kadafi'
na Líbia e tentará 'apressar' queda do ditador

 

Obama também voltou a dizer, porém, que o objetivo da ação militar no país do Norte da África não é derrubar o ditador e defendeu que incluir a mudança de regime como meta da ofensiva "seria um erro". O presidente americano disse que os EUA trabalharão para apressar a queda de Kadafi, mas não militarmente.


- Nós vamos rejeitar as armas do regime, vamos cortar seus suprimentos de dinheiro, apoiar a oposição, e trabalhar com outras nações para apressar o dia em que Kadafi deixará o poder - disse, ponderando que "se tentássemos derrubar Kadafi pela força, nossa coalizão se dividiria". - Nesta noite, eu posso informar que nós paramos o avanço mortal de Kadafi - afirmou, acrescentando que a missão ainda não foi cumprida.


Pressionado internamente a explicar a participação dos EUA na ofensiva, Obama anunciou que o comando da ação militar será passado na quarta-feira à Otan.


- Por causa dessa transição mais ampla para a coalizão da Otan, o risco e o custo dessa operação, para nossos militares e para os contribuintes americanos, será significativamente reduzido - justificou, ao salientar que os EUA passarão a ter um papel de "apoio" nos campos de inteligência, suporte logístico, resgate e comunicações.


O presidente também lembrou que a primeira medida de seu governo foi retirar funcionários americanos, e, antes dos ataques da coalizão, foram adotadas sanções contra o governo líbio.


"Como presidente, eu me recusei a esperar por imagens de massacres e covas coletivas antes de agir"


- Deixar de lado a responsabilidade da América como líder e, mais profundamente, nossas responsabilidades com nossos iguais sob estas circunstâncias seria uma traição a quem somos - disse, como parte de sua explicação. - Algumas nações podem ser capazes de fazer vista grossa a atrocidades em outros países. Os Estados Unidos da América são diferentes. E, como presidente, eu me recusei a esperar por imagens de massacres e covas coletivas antes de agir.


Presidente dos EUA não usa palavra 'guerra' e descarta intervenção por terra. Fazendo referência à capital dos rebeldes líbios, no leste do país, o presidente americano também afirmou que "se esperássemos mais um dia, Benghazi sofreria um massacre". Obama também chamou Kadafi de tirano.


- Ele negou liberdade a seu povo, explorou sua saúde, assassinou oponentes em casa e no exterior, e aterrorizou pessoas inocentes pelo mundo, incluindo americanos que foram mortos por agentes líbios.


Apesar da transferência do comando da operação, Obama também garantiu que os EUA continuarão ajudando a coalizão. Diante da preocupação dos americanos com o envolvimento em mais uma guerra - a primeira declarada no seu governo -, o presidente evitou usar esta palavra e voltou a garantir que não há planos para uma intervenção por terra.


Obama também disse que a conferência que acontecerá em Londres na terça-feira vai se concentrar na discussão de "ações políticas necessárias para pressionar Kadafi". Ministros de mais de 35 países e líderes de organizações internacionais confirmaram presença. Entre eles estão o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente da União Africana, Jean Ping, e representantes de ao maenos três países árabes: Jordânia, Arábia Saudita, e Qatar.


Antes do discurso, a Casa Branca informou que Obama realizou uma reunião por videoconferência com o premier do Reino Unido, David Cameron, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e chanceler da Alemanha, Angela Merkel, na qual os líderes concordaram que Kadafi perdeu a legitimidade e deve deixar o poder. Mais cedo, um comunicado conjunto de França e Reino Unido reafirmou a posição das potências de que Kadafi deve sair do governo líbio.