Luanda -  1. Os jovens de Angola decidiram enfrentar as feras do regime e desde o 7 de Março que não param de implorar por uma mudança de governo e de liderança do país, encarnada na figura do Presidente José Eduardo dos Santos há mais de 32 anos, sem nunca ter sido eleito. Dizem as fontes oficiais ser o número de manifestantes  insignificante, quer no 07 de Março, como no 02 e 04 de Abril no Largo da Independência. É verdade! Mas é significante a transposição do MURO DO MEDO por estes poucos jovens, com o seu grito a plenos pulmões: queremos uma verdadeira democracia, abaixo a corrupção e Zedu fora.


Fonte: Folha8

JES  é o único  no mundo que apóia  Laurent Gbagbo

2. Antes dessa data, 07 de Março, isso era publicamente impossível, hoje, a maioria dos jovens angolanos, estudantes ou não, taxistas ou zunqueiras, considera Dos Santos um ditador e um obstáculo à estabilidade do país, por inviabilizar uma verdadeira reconciliação entre os angolanos, principalmente depois da descomunal concentração de poderes ao abrigo da nova Constituição. Esta reconhece no papel alguns laivos de liberdades aos cidadãos, mas na realidade é um texto discriminatório por permitir a quem está no poder a apropriação das riquezas de todos. É possível inverter o quadro, depende apenas da vontade do presidente em cunhar a sua passagem pelo poder, pela positiva, com menos prisões arbitrárias, menos assassinatos, menos corrupção, menos enriquecimento ilícito dos filhos e familiares e uma verdadeira reforma constitucional.

 

3. A situação está crítica porque as armas e a arrogância do regime cega os seus detentores. Será inevitável uma mudança, mais cedo do que tarde e, entretanto, no dia 07 de Abril, Angola teve mais uma prova da saturação social, face à política concentracionista de Dos Santos, quando mais de MIL ex-comandos militares da Unidade da Guarda Presidencial se reuniram diante do Ministério da Defesa, exigindo o cumprimento de promessas feitas e não cumpridas há 4 anos, quando os desmobilizaram. Hoje todos reclamam a política ruinosa do REGIME PARTIDOCRATA, que discrimina a maioria, roubando aos POBRES PARA DAR AOS RICOS...

 

4. A Líbia, continua a ferro e fogo, face à teimosia do quarentão ditador Kadhafi, de não abandonar o poder, contando apenas com a cínica solidariedade de alguns comparsas africanos, eles também ditadores, que reclamam a intervenção da comunidade internacional. Cínicos, porque se calaram, quando o ditador líbio atirou indiscriminadamente contra cidadãos inocentes, matando-os por centenas como se fossem pombos. Cínicos os comentadores, desconhecedores da realidade da Líbia, por no pedestal do seu desconhecimento pretenderem institucionalizar e credibilizar uma aberração, considerando, num bater constante na mesma tecla, estarem os Estados Unidos e a comunidade internacional interessados no seu petróleo.


Ledo engano. Primeiro, o ditador por mais de 50 anos já engajou o crude na Europa e qualquer governo que lhe suceda tem de respeitar os compromissos internacionais. Dois, a maior refinaria Líbia está situada na Alemanha, país que se absteve na votação da ONU e que é responsável por refinar mais de 80 por cento do petróleo deste país africano, comercializado na Europa. Três, o ditador tem os seus maiores investimentos de fundos, aplicados na Itália e a sua riqueza pessoal e dos filhos, fruto da dilapidação dos cofres públicos, na Suíça e demais países europeus.

 

5. Outra questão não menos importante na bilateralidade relacional Angola-Líbia, prende-se ao facto de o nosso país servir de trampolim para a lavagem de dinheiro líbio direccionado para alguns partidos da esquerda radical da Europa Ocidental. O Banco Nacional de Angola, de facto, desde os idos de 1976 que serve de ponte para o financiamento dos órgãos do partido comunista português, por exemplo, graças ao envio de fundos por parte de Kadhafi, que seguramente, vai cair, mesmo depois de ter implorado clemência ao presidente Obama. Esta relação de a Líbia colocar dinheiro em Angola e depois este país pagar a terceiros é mais uma nódoa no lençol do regime que nos governa, na sua eterna paixão com déspotas...   

 

6. O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos é o único estadista no mundo que disse apoiar o candidato derrotado, às eleições presidenciais marfinenses, Laurent Gbagbo, sugerindo em sua defesa a repetição das eleições, por ser um tempo de se lidar com questões semânticas de transformar ditadores em presidentes constitucionais. A oposição e maioria da sociedade civil colocaram-se ao lado do mundo, apoiando o candidato eleito, nas urnas; a União Africana e a ONU decidem, depois de tantas tentativas falhadas, fazer valer, e bem, a força do direito internacional, avançando, face a recusa de livremente abandonar o poder, contra o bastião do novel ditador da Côte d'Ivoire. Agora sairá humilhado e deverá responder por crimes contra a humanidade. Isto anda tudo ligado?

 


7. Finalmente, Angola deve mudar, a constituição deve mudar, a moeda nacional deve mudar, a bandeira deve mudar, Dos Santos deve mudar, para que possa haver eleições verdadeiramente livres e justas, pois se isso não ocorrer dificilmente haverá PAZ no coração dos angolanos, por todo sistema estar viciado, ser uma fraude assente na tese da BATATA NA LÓGICA DA BATOTA. E os exemplos estão à mão de semear. Se houver eleições em 2012 a BATOTA será uma instituição e a democracia um mero sonho, miragem...Porquê? As regras do jogo estão viciadas...

 


8. A presidente da Comissão Nacional Eleitoral, CNE, a deputada pela bancada do MPLA, Suzana Inglês, é professora docente na Universidade Católica da cadeira de Direito da Família e uma pessoa bastante visível, sobretudo depois de ter assumido o cargo supra-referido na CNE. Quando ela aparece na universidade o espalhafato é tanto que os olhares se voltam para o sítio de onde ela vem, para ver se não virá, por acaso atrás dela e a segui-la o presidente de República. Vejam só, uma senhora aparentemente inofensiva com três guarda-costas armados até aos dentes e uma secretária, catalogada como dama de companhia. Que ali está para lhe carregar a mala e alguns dossiers...

 


9. Mas o pior está a seguir. Entra na sala e com ela entram um dos guarda-costas e a secretária, que ali ficam a assistir à aula, transmitindo inevitavelmente alguma intimidação aos seus alunos. Entretanto, no corredor, de atalaia, não vá o diabo tecê-las, postam-se os outros dois guardas, para o que der e vier. Ridículo, francamente denunciador de um temor absurdo se não estivéssemos em Angola, pais liderado por guerrilheiros. Assim se mostrando em público, a senhora deputada demonstra não ser o CNE um órgão credível, pois se o fosse não precisava de temer tanto fantasmas, os do presente, pois os do passado foram quase todos assassinados. E estes só são alguns que são visíveis e instigadores de chacota. Se calhar em casa deverão ser mais de 20. Muito mau presságio para as futuras eleições. Com este comportamento as futuras eleições vão ser de novo um acto de prepotência.

 

10. Por último, o Presidente e os seus bajuladores, estão contentes de, por enquanto, as manifestações ainda serem pequenas, logo, acreditam ter salvo o regime dos ventos da MUDANÇA (ou seja, ter adiado o seu regime das consequências da sua própria política), reage às investidas adversárias dizendo que este não é o momento para as pessoas reclamarem por estarmos apenas com 9 anos de paz. Mentira! Estamos com 9 anos do calar das armas, em que a maioria empobreceu e uma minoria no poder tornou-se milionária e corrupta, endividando o país até daqui a duas gerações. Ora isto é grave e não são questões insignificantes, mas relevantes por se tratar do nosso futuro colectivo."Estamos em paz apenas há nove anos e a reconstruir o país", disse o presidente. Ok! Salazar afirmou mais ou menos o mesmo em 1961, quando os angolanos decidiram pegar em armas, investindo violentamente contra a opressão colonial. Encarando as distâncias dos dois pensamentos, parece uma visão dos que se  consideram providenciais. É um discurso que nos dias de hoje, pelo nível de corrupção institucional do regime convence pouco. A sorte do presidente tem sido a falta de jeito e coragem dos seus adversários internos e externos.