Luanda - De um tempo a esta parte, é comum vermos manifestações mais contundentes de desagrado relativas ao estado da nação, Angola.  Nenhum angolano em sã consciência crer estar a viver BEM e sem problemas. As dificuldades a todos, de forma directa ou indirecta, afectam.


Fonte: OPais


Estas mesmas dificuldades, penso que não deviam ser capazes de cegar-nos...não deviam ter a força de tornar-nos semi-irracionais, e não deviam ser capazes de despertar em nós sentimentos de inveja ou avivar ódios!

 

Passou a fazer moda “intramuros” pessoas usarem a internet e as redes sociais, com elevado destaque para o facebook, transformando-o numa espécie de “depósito” das suas frustrações.  Nas vestes de “revolucionários”, “visionários” e até “justiceiros”, alguns compatriotas nossos (digo mwangolês), passaram a ver um mundo de fantasia, no qual só a opinião deles deve prevalecer, e quem a ela se oponha é taxado de “bófia”, agente do “Sinfo”, “bajulador”, “lambe-botas”, “apoiante da ditadura” e outros adjectivos.

 

Atribuem-se títulos, atribuem-se patentes e cargos políticos em clara demonstração de desconhecimento dos processos que resultam na atribuição de títulos, patentes ou nomeações para cargos políticos. Temos mesmo uma “Presidente dos Angolanos no Facebook...” (sic) Acreditando pia e cegamente serem eles detentores do monopólio do saber, no que a realidade sócio-económica e politica de Angola diz respeito, estes grupos, constituídos por pessoas que nos seus perfis nas redes sociais, omitem deliberadamente as suas identidades, assumem posições extremistas e até chegam a incentivar atitudes tribalistas, regionalistas e xenófobas.

 

Como os meus “cabelos brancos” já chegaram, sem que a minha mocidade tenha acabado, dispenso boa parte do meu tempo a ler e até a intervir em vários debates, uns promovidos por tais “revolucionários cibernéticos” e outros por mim. Os resultados têm sido assustadores...


Custa acreditar que gente que se crê ser adulta radicalize de forma tão contunde as suas posições. É triste ver o culto da intolerância, é desolador ver os maus tratos que dão à língua portuguesa (que é oficial em Angola), é desanimador perceber que “jovens da nova geração” como alguém os apelidou, (será que há jovens da velha geração??) desconhecem em absoluto os mecanismos de funcionalidade do nosso Estado, repito, do nosso Estado, de Angola!


Como perceber que hoje ainda alguém que se diz angolano, consiga afirmar que os Bilhetes de Identidade dos angolanos, são impressões com a foto do PR?


Verdadeiramente decepcionante é assistirmos a intervenção de alguns jornalistas, e de algumas figuras públicas que alinham no mesmo diapasão e posicionam-se como verdadeiros animadores da fanfarra...


A democracia, no conceito destes “revolucionários Cibernéticos” permite deposição de Presidentes e de Governos que tenham sido eleitos.  O conceito de democracia destes “iluminados e proprietários da razão” permite alternância de poder sem recurso a eleições, sem ida as urnas.


O manual de civilidade que serve de bíblia aos nossos companheiros (muitos deles na diáspora), orienta-os a ataques pessoais em vez do debate de ideias.  O entendimento de exercício de cidadania destes compatriotas é de que basta criticar, basta atacar, basta exigir, sem que se sugira melhorias, sem que se observe os fenómenos por prismas diferentes, sem que se dê nada em troca.  E muitas vezes vão ao ponto de abeirar-se da imbecilidade pois acreditam que mesmo escrevendo e falando mal em português quem os lê e os ouve é o povo e este povo os entende e segue...