Luanda - Ao apresentar a sua candidatura, Samakuva pode estar a resolver uns pequenos problemas internos mas a criar outros bem maiores. Pode ser até que em Dezembro ganhe outra vez a liderança mas como fincará ele na historia? Com esse anuncio Sama demostra que, por um lado, continua a não perceber que a sua missão maior não era chegar ao poder mas antes preparar a nova Unita e a nova liderança e, por outro, que, como os seus opositores e dezenas de estadistas que sempre criticou, também está agarrado ao poder.


Fonte: IM

São as mesmas criticas que fazemos ao MPLA

Felizmente para ele, e isso é que deveria ser a sua missão principal, conseguir manter uma certa unidade interna, o que foi bastante para que os principais quadros, dirigentes do partido (execeptuando o celebre caso dos 70) não desertassem ou não tivessem a tentação de criar novos partidos.

 

É verdade que esse esforço de reconciliação interna não foi totalmente conseguido e, por isso, vemos vozes silenciadas ou que auto-silenciaram, pessoas que abandonaram a politica, e outros que aguardam na sombra que algo de novo aconteça. Seja em que situação estejam, estão dentro do partido e como agora se vê na reacção do grupo de reflexão, não deixam que a Unita sofra do efeito Dlakhama da renamo em que o lider, a sua teimosia e o seu apego ao poder levaram literalmente o partido á desgraça e a sucessivas derrotas eleitorais e à destruturação organizativa e politica. Dlakhama e a Renamo prestam hoje um mau serviço a Moçambique pela debil oposiçao e por falta de ideias alternativas de governação. Ora Samakuva poderia ficar na historia como o homem que arrumou a casa depois não só da morte de Savimbi mas sobretudo depois do passivo negativo deixado pelo lider historico.

 

 Poderia ter reconciliado todos, estabelecido um ritmo democratico interno que fizesse tradição e servisse de bandeira e exemplo para os adversários. Esteve proximo disso. Fez um congresso muito bom, exemplar mesmo e depois fez um outro, o segundo, já com algumas beliscadelas. Agora, teria tudo para fazer um brilharete e afirmar-se na sociedade como uma referencia democratica.

 


Nenhum partido em Angola se pode gabar de ter tido uma ou duas disputas de liderança leais e de voto secreto democratico. Havia até quem tivesse falado em directas e primárias do tipo norte americano. Ora, Samakuva, que podia ter seguido esse caminho de deixar um legado de referencia democratica incontornavel, preferiu sacrificar tudo isso e ir outra vez a votos. E ao inves de no congresso sair pela porta grande pode sair pela pequena. Inves de dar lugar a outro, deixando o passado para tras, vai ser obrigado a explicar como se perde mais de 50 deputados e como se cometeram outros erros. Vai ter que explicar porque é que perdeu o seu momento de fazer historia e quer continuar...apenas pelo poder.


No fundo, são as mesmas criticas que fazemos aos mais velhos, todos, do Mpla. Deram a independencia e a paz. Fizeram historia, mas agora inves de irem tratar dos netos, nos querem levar todos a construir um país de e para jovens conduzidos pelos seus avós. São todos iguais, quando Samakuva, sinceramente parecia que era diferente. É que parecia mesmo...

IM