Eu explico-me se possível ao longo do meu texto, mas também quero e posso deixar, vazante, e intencionalmente, o tema em situação subjetiva. Mas não tanto, para bons entendedores será possível enxergar a objetividade do assunto, se um esforço necessário de espírito, de preferência, vocês dedicarem a esse meu artigo.

No nosso caso (angolanos), não são sós os subordinados do regime, criticados pela oposição que aí está, que têm beneficiado-se por essa ordem social. Onde o mecanismo eficiente de relacionamento humano é supostamente a bajulação. A própria oposição que hoje se sente na pele de defensor das pessoas sofridas fez, faz e usa o sistema para satisfazer suas ambições oportunistas usando o método de relacionamento referido.

A bajulação no nosso ordenamento social e cultural está mais difundida do que imaginamos e ela é praticada de maneira descarada sem limites políticos para se conquistar mentes e corações que ainda hoje odeiam, de maneira mortal, aos antigos adversários políticos reconhecidamente como criminosos.

Esse bajulador por incrível que pareça amigo leitor está mais próximo de você, e o pior, não usa só a bajulação: usa também o oportunismo e até mesmo a ingenuidade do eleitor e o cidadão; se depender faz uso das tuas necessidades econômicas para que um dia instale-se lá (no poder) onde, diretamente e com a força de milhões, você tem a missão de coloca-lo. O que pensando bem, não deixaria de ser um ato de bajulação, afinal de contas foi contra esse povo que eles sempre estiveram e até estão contra. É só perguntarmos aos historiadores onde eles procuraram ajuda nos “momentos mais difíceis”. Eles próprios, os bajuladores, vão responder: no diabo.

O bajulador tem a capacidade de trans-vestir-se em um réptil e sair por aí chorando como uma típica jibóia ou um velho crocodilo oportunista. O mesmo andou fazendo a guerra indevidamente. A história jamais dirá ou escreverá que o mesmo entrou triunfalmente pela capital do país, ou mesmo por alguma de suas províncias ou municípios. A história jamais dirá que o mesmo foi recebido como um herói pelas ruas de Luanda; ao contrário, seu encaixamento como uma peça inadequada e indesejável no sistema, além de ser incomoda para milhões de angolanos; é produto de um arranjo de acordos compreensível, mas também mal visto. Seu encaixe é produto de um amor e respeito pela vida humana; é produto de se dar uma chance a paz e ao respeito e dignidade que esse povo merece. Coisa que os mesmos ignoram pela sua capacidade de ingratidão. Ou melhor, quando recordam algo o fazem usando os atos de bajulação, repugnante para qualquer cidadão civilizado e que preze pela moralidade.

Esse tipo de bajulador, mesmo sendo pouco inteligente, tem o que se chama de jogo de cintura, sabe quando e como deve fazer bajulação interna, ou simplesmente aproveita-se da ordem interna para praticar seus atos de política; por certo, uma má política. Assim, igualmente, sabe quando deve fazer a bajulação externa, é deverás um experto em bajulação externa a ponto de ir praticar seus atos a uma distância de 10 mil quilômetros. Onde menos se espera ajuda e compreensão para um povo sofrido como é o nosso.

Vejamos, por exemplo, um exemplo de bajulação externa e que contraria a dignidade, a honra e os sentimentos de um povo aqui dentro; reabrindo suas magoas e feridas, ainda frescas, e até mesmo a sangrar. É aquele tipo de choro de criança desesperada para contentar ex-patrões financiadores de uma longa guerra: “os portugueses estão no coração dos angolanos”. Em nossas terras vindo de quem vem todos sabem para quem vai dirigido esse tipo de discurso, é a típica bajulação. Coisa de gente faminta, sem honra, sem dignidade. E que não merece respeito nem consideração do povo aqui dentro. Esse povo que com toda razão é o grande chefe dessa nação.

É essa bajulação que à bem pouco tempo estendeu o seu pescoço de cobra, foi chorar e estender sua cabeça em ombros dos antigos patrões. Aqueles que eram os donos das roças de café, os donos das nossas minas no passado, eram os donos dos nossos poços de petróleos. Aqueles que tinham até em seus patrimônios e bens os braços e a almas dos nossos irmãos tratados como contratados e monangambés.


* Nelo de Carvalho
Fonte: blog.comunidades.net/nelo/