Luanda - Por causa da bajulação, que em Angola já assumiu estatuto de “instituição de utilidade pública”, a transportadora aérea angolana de bandeira, TAAG-Angola Airline, pode pagar uma multa altíssima e receber uma severa reprimenda das autoridades internacionais da aviação civil.

Fonte: makaangola.org

Aniversario da ministra no avião

No intuito de agradar a ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, durante o voo realizado no passado dia 20 de Outubro, no percurso São Paulo-Luanda, o comandante Araújo Vasconcelos violou de forma flagrante e irresponsável as normas internacionais da aviação civil. Nesse dia, a governante celebrava mais um aniversário natalício e a tripulação, por ordem do comandante, felicitou-a pela data. Foram mestres de cerimónia os assistentes Carolina Prata e gentil Silveira. Até aqui, nada de anormal.


Mas como a adulação é geralmente vista na sociedade angolana como um lanço de escadas para a ascensão profissional, o comandante Araújo Vasconcelos não se conteve e entendeu que uma pomada nos sapatos da ministra pode, eventualmente, ajudar um dia. Por isso, além dos “parabéns a você” que envolveu quase toda a tripulação e muitos passageiros, o lesto piloto convidou a ministra a entrar no cockpit da aeronave, onde pousou para fotos que jamais esquecerá.

 

Acontece, porém, que a “simpática” bajulação do comandante Araújo Vasconcelos configura uma tremenda violação às normas de segurança da aviação civil, estabelecidas desde o 11 de Setembro de 2001. De acordo com essas regras, a entrada no cockpit é vedada a todos os passageiros, sejam eles quem forem. E no caso, Carolina Cerqueira era nada mais do que apenas uma passageira como dezenas de outros que viajaram nesse voo.

 

A irregularidade foi “denunciada” pelo Jornal de Angola na sua edição de 22 de Outubro de 2011. Ao fazê-lo, porém, o diário governamental não foi movido pela vontade expressa de informar ao mundo com que displicência alguns comandantes da TAAG lidam com questões de segurança. Pelo contrário, quando a matéria foi estampada na página 43, correspondente à secção Gente da tendenciosa  publicação, o intuito era também prestar vassalagem à ministra. Só que o resultado, este, foi completamente desastroso, pois a foto acompanhada do texto encimado pelo título Surpresa a 37 mil pés, é prova material bastante para levar as autoridades internacionais da aviação civil a tomarem medidas drásticas contra a TAAG.


*Carlos Duarte