Segundo uma tese marxista é na sociedade que  encontramos toda força propulsora para se levar a cabo transformações  que permitirão que o próximo estágio do processo histórico possa ser um estágio de equilíbrio necessário. Esse estágio normalmente pode ser alcançado com maior ou menor  velocidade, se entre as condições subjetivas tivermos elementos que possam contribuir favoravelmente, ou não,  no alcance desse equilíbrio. Mas de que o mesmo um dia, tarde ou cedo, será alcançado, é tido como um processo inevitável.

Faço aqui uma analogia entre o troca-troca de partidos, ou o acomodamento dos nossos agentes políticos  na praça da política angolana, e a situação social, econômica e política em que o país está. Ou, simplesmente, o momento histórico em que o país está, e onde essa trajetória histórica deve convergir. Que em minha opinião é, primeiramente, na manutenção da paz. Em segundo lugar  na reconstrução do país, na elevação do nível de vida da sociedade, com a diminuição da miséria e das desigualdades sociais. Em terceiro lugar, como em uma revolução de verdade, só que desta vez uma revolução democrática, ou pela democracia,  na necessidade da existência  de um partido direcionador ( precisasse sempre de um partido guia). Por incrível que pareça, trinta anos depois, quem novamente tem essa missão é o MPLA, o partido no poder.

O troca-troca de partidos (condições subjetivas) e o processo democrático ( condições objetivas) são duas coisas que não devem ser confundidas. Este é um processo global no contexto nacional que inclui aquele, mas que não depende do primeiro para que siga seu curso indefinidamente. Naquele temos um conjunto de atributos  de personalidade que podem  chegar a ser uma desgraça para o conjunto da sociedade. Um exemplo, bom e bonito, pedagogo, de análise  sociológica é a empreitada savimbista. Savimbi e seus  seguidores fizeram o que fizeram  para obstaculizar a democracia, mas o processo democrático não parou. A democracia e  a evolução  de  qualquer sociedade é como um comboio maluco no tempo, que não espera  e  se depender, não faz nunca concessões. Assim, as barganha dos políticos ( desejos, muitas vezes individualistas) só podem acelerar, mais, ou não, esse trem, que nós aqui chamamos o “trem da democracia”.

É nesse conjunto de barganhas e troca-troca que aparecem e revelam-se, às vezes, o talento humano (individual), mas, também, e igualmente, ressurgi  toda a estupidez humana.  Em nossa opinião o talento brilha e é visível quando o individualismo impulsiona  a marcha desse trem, ou ainda, vai na mesma direção e sentido do trem. Da mesma maneira temos o grupo dos trogloditas, dos ineptos, daqueles que não têm controle sobre os seus sentidos  e  que vivem  em função de matar as esperanças, o progresso e as verdadeiras mudanças que um pais como Angola precisa.
Assim, nessa nossa querida nação quem é do MPLA e diz aos quatros ventos que é do “eMe”, e até seu suposto fundador, se é mesmo, mas que votará naquele fenômeno ruidoso e incompreensível  chamado de FpD;  ou está brincando de político( e que não é nada sério) ou então quer sair por aí imitando a genialidade e o talento de quem verdadeiramente tem contribuído para impulsionar esse comboio. O comboio dos vitoriosos. Imitar não é proibido desde que não seja uma aberração execrável, repugnante e enjoativa.

Se o problema nesse tipo de procedimento ou atitude é de vingar-se pelo ofuscamento da personalidade que sente necessidade, agora, de dar vazão naquilo que nunca conseguiu na vida, o melhor conselho, que poderia vir de qualquer observador, é a procura de um bom psicólogo. Ofuscamento de personalidade não se resolve dando declarações esdrúxulas na TPA, ou aproveitando-se  da propaganda eleitoral que se tem  por direito.
Agora, se for simples imitação, que o façam bem de tal forma que um dia fiquem na memória desse povo como verdadeiros heróis  e não como vilões.

O povo,  a sociedade precisa de verdadeiros heróis, lideres, gente que possa dar exemplos de vida. Gente em que um dia as futuras gerações não possam se envergonhar.Resumindo: crises existenciais resolvem-se num sofá ao lado de um  psicólogo. E se não houver solução, então, de baixo de uma camisa de força ao lado de um psiquiatra.

A pergunta que sai disparada é:  se esse tipo de  metamorfose afetará o partido no poder.  O MPLA não é a UNITA de Jonas Savimbi, que até hoje vive em função da dança vampiresca  deste, e do roto  a paladar sanguíneo  de dois milhões de angolanos  que até hoje esse partido procura digerir. O MPLA livrou-se das  personalidades elegantes ( em particular dos seus fundadores),livrou-se dos  psicopatas, dos  egocêntricos,e das personalidades  vitalícias para se transformar  no maior partido de massas existente no continente, talvez  além Àfrica. O MPLA é um  verdadeiro fenômeno, um fenômeno da nação angolana.

O MPLA não é aquela coisa subjetiva, cafona, vacilante, ao contrário, é  o desejo de uma nação, de um sistema. Esse sistema, agora, chama-se democracia. O MPLA é a coisa objetiva e material, é uma fase da  história dessa nação, que por vontade própria desse povo queremos que perdure.

*Nelo de Carvalho,
Fonte:
WWW.a-patria.net