Luanda. - A operação de voos domésticos em Angola mostra indícios de insustentabilidade financeira, devido aos elevados custos de operação, aliados a uma inadequação da frota e reduzida procura na maioria das rotas domésticas, segundo o Governo.

Fonte: Lusa

A situação foi descrita pelo ministro dos Transportes de Angola, Augusto Tomás, quando discursava na quarta-feira na abertura da Conferência Internacional de Aviação Civil, que hoje conta com a presença, em Luanda, do presidente da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), Alexandre de Juniac.

De acordo com o governante angolano, o mercado encontra-se fragmentado de forma excessiva, com a existência de várias companhias privadas de reduzida dimensão, o que resulta numa fragilidade da operação privada, que ao longo dos últimos anos tem conduzido a diversas falências no setor.

"Neste contexto, tornou-se imperativo rever o modelo de operação doméstica, de forma a garantir a sua sustentabilidade", disse.


Como solução, segundo o titular da pasta dos Transportes em Angola, poderá optar-se para um novo modelo que promova uma maior integração entre os diferentes operadores e reforce as sinergias entre o setor público e o privado", avançou.

Em declarações à Lusa, a 31 de outubro passado, a administração da estatal TAAG tinha avançada a previsão de o serviço doméstico, ligando Luanda a 13 das províncias, poder dar lucro a partir de 2020, necessitando para tal de adequar a frota a essas ligações.

A posição foi assumida na altura à agência Lusa por Rui Carreira, então coordenador adjunto da comissão de gestão que administrava a TAAG, após a saída da Emirates, que em julho último terminou o contrato de gestão da transportadora angolana que vigorava desde 2014.

"Faz parte do nosso plano de negócios mudar a frota, para essas cidades mais próximas de Luanda. Porque estes 737-700 [Boeing] não são para pequeno curso, são ideais para três horas de voo. Para estes voos de meia hora não são os mais adequados", explicou Rui Carreira, um antigo piloto de caça da Força Área Angolana, agora na administração da TAAG.

"O negócio doméstico não é rentável em todos os destinos. Temos Cabinda, Saurimo e Catumbela como destinos bons, mas a TAAG tem de cumprir o serviço público, naturalmente", acrescentou.

Estas ligações domésticas, de Luanda para 13 das restantes 17 províncias, realizadas apenas com aviões de grande porte, não são lucrativas para a TAAG, situação que a companhia pretende reverter com a introdução de aviões mais pequenos, turboélice, para os destinos mais próximos de Luanda.

"Com a adequação da frota, nós pensamos chegar muito próximo do breakeven point [custos iguais às receitas] no serviço doméstico, se calhar até entrar nos lucros. Vamos pensar talvez em 2019 ou 2020. Mas teremos que adequar a nossa frota aos destinos os quais voamos", apontou Rui Carreira.

A frota da TAAG é composta por 13 aviões Boeing, três dos quais 777-300 ER, com mais de 290 lugares e recebidos entre 2014 e 2016. Conta ainda com cinco 777-200, de 235 lugares, e outros cinco 737-700, com capacidade para 120 passageiros, estes utilizados para as ligações domésticas e regionais.