Lisboa – A Ausência de José Eduardo dos Santos na tomada de posse como membro do conselho da República, nesta sexta-feira (16), esta a ser interpretada em meios competentes do regime angolano como “uma recusa”, “que já se esperava” por se enquadrar em traços de uma alegada supremacia pessoal identificada no antigo Chefe de Estado.

Fonte: Club-k.net

“Eduardistas” alegam  que constituição não manda tomar posse no CR

Eduardo dos Santos deveria tomar passe como membro do Conselho da República em conformidade com o artigo 135 da constituição que estabelece que os antigos Presidentes da República - que não tenham sido destituídos do cargo - devem integrar este órgão colegial de natureza consultiva do Chefe de Estado angolano.



Para além de JES, também estiveram ausentes o Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos e o Presidente da UNITA, Isaías Ngola Samakuva. O Primeiro encontra-se na Africa do Sul, em missão de serviço onde assistiu  a tomada de posse do novo Chefe de Estado. Já o líder da UNITA, esteve  ausente por estar há mais de três dias fora do país, em missão partidária.

 

Quanto  a ausência de José Eduardo dos Santos fontes próximas ao seu circulo de confiança disseram ao Club-K que o antigo Presidente é por imperativo constitucional membro deste órgão de consulta colegial e que a constituição da República não fala em toma de posse para o Conselho da República. “O que existe é a confirmação de uma convocatória para uma reunião do órgão em causa”.

 

Antecedentes  da Supremacia de JES

 

José Eduardo dos Santos é conhecido como tendo um sentimento de supremacia para com outros. No passado teve problemas de afirmação com o antigo líder sul africano Thabo Mbeki, ao qual JES recusava-se em efectuar uma visita de Estado a Pretoria por se sentir líder regional. Aos seus consultores de imagem, dizia que fazia gosto   de sair do poder e de conservar um prestigio igualado ao de Nelson Mandela. 

 

No inicio de 2008, o regime angolano  avançou com uma campanha de “culto da personalidade” de JES fomentada pelo general “Kopelipa”, para a sua promoção como líder regional e africano – estatuto que JES ambicionava e pensava  estar ao seu alcance no seguimento da retirada de Thabo Mbeki do poder. 

 

Eduardo dos Santos  nunca aceitou estar com Mbeki que na realidade estava num nível  superior ao seu, traduzido no respeito e visão que este ex- Chefe de Estado sul africano teve em criar o NEPAD e de ter transformado a extinta OUA em União Africana.

 

Outro traço do sentimento de supremacia de JES, para com terceiros,  verificou em Agosto de 2014, quando o então Presidente norte americano  Barack Obama convidou lideres africanos para uma cimeira EUA/África, em Washington. O ex-Presidente angolano foi o único líder africano/convidado que não fez se pessoalmente presente  por as autoridades americanas não atenderem o seu pedido para um encontro em separado com Barack Obama no decorrer da cimeira.

 

Eduardo dos Santos esteve no poder durante 38 anos. Nos últimos 15 anos da sua governação, apostou no culto de personalidade que o projectava com um líder de características raras e que tudo de positivo que acontecia no país era “graça a sua visão estratégica”. Em 2008, Angola foi qualificada para o Mundial de futebol na Alemanha e o então SG do MPLA, Dino Matross, chegou a usar também esta justificativa de que os jogadores angolanos foram qualificados por terem recebidos conselho estratégicos   de JES.