Luanda - O ex-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, foi ouvido pela Procuradoria-Geral da República pelo suposto envolvimento numa transferência alegadamente ilícita de 500 milhões de dólares (406,2 milhões de euros) para uma conta no exterior do país.

Fonte: Lusa

A informação hoje avançada pela rádio pública angolana, que cita fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR), dando conta que Valter Filipe foi ouvido "demoradamente" na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP).

O antigo governador do banco central angolano foi alegadamente ouvido um dia depois de ter regressado a Angola, proveniente da África do Sul, respondendo a uma notificação que o intimava a comparecer na manhã de terça-feira na DNIAP.

A Lusa tinha já contactado a PGR para confirmar esta informação, incluindo as suspeitas do alegado envolvimento de José Filomeno dos Santos - ex-presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Angola e filho do anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos - neste processo, mas sem sucesso até ao momento.

Já Valter Filipe foi ouvido, avança ainda a emissora estatal angolana, sobre a transferência que realizou em setembro de 2017, um mês antes da sua demissão do cargo a seu pedido, para uma conta do banco Credit Suisse de Londres.

Contactada pela Lusa, em janeiro, sobre este processo, cuja investigação está a decorrer com o apoio das autoridades britânicas, fonte oficial do Serious Fraud Office (SFO) - autoridade especializada da Justiça do Reino Unido em fraude e corrupção complexa - limitou-se a informar que não confirmava ou desmentia o teor das investigações.

Já segundo fonte da PGR, citada na notícia de hoje, Valter Filipe "entrou e saiu livremente das instalações da DNIAP, com o propósito de colaborar com as autoridades judiciais".

No processo a que agora responde Valter Filipe estão também arrolados outros funcionários do banco central angolano e entidades públicas, cujos nomes não foram revelados, de acordo ainda com a rádio pública.

A fonte da PGR citada sublinha que as autoridades judiciais angolanas querem celeridade no processo, nesse sentido, várias diligências continuam a ser feitas para a recolha de provas, com a auscultação de todos os elementos envolvidos no caso.