Luanda - A empresa M.A.S Group, de origem costa-marfinense, pretende implementar em Angola um mega-projecto que envolve, além da edificação de cidades inteligentes, a construção de um parque industrial que terá como um dos principais objectivos a produção de materiais de construção civil com base em matérias-primas locais.

*António Nogueira
Fonte: Valor Economico

Diz que o  projecto  está  a ser analisado na Presidência da República

A informação foi avançada, ao Jornal VALOR, pelo presidente do grupo, Dabine Dabire, tendo acrescentado que o plano engloba ainda a implementação de um programa de energias combinadas e outro voltado para a área da agro-silvo-pecuária.

 

O programa de energias combinadas deverá ser implementado, numa primeira fase, “para contribuir para a resolução das necessidades que o projecto irá precisar em todas as suas fases de realização, operação e de gestão”, prevendo-se o aumento da produção com recurso à energia solar, fóssil e eólica além da biomassa.

 

Já o segundo programa deverá servir, numa primeira etapa, para satisfazer as necessidades do capital humano envolvido nas obras de execução do projecto que se estima que venha a criar mais de três milhões de postos de trabalho directos. O megaprojecto inclui outros dois programas, um de produção de óleos vegetais e outro de reflorestação e protecção do meio ambiente.

 

De âmbito nacional, a primeira fase do projecto, que envolve a construção de bairros-piloto no quadro do projecto cidades inteligentes, deverá abranger Luanda e Bengo. Para as fases seguintes, seguem-se Kwanza-Sul e Benguela.

 

No entanto, esta primeira etapa deverá arrancar, no Bengo, com a construção de um mini parque industrial que “terá o propósito de transformar localmente as matérias-primas que irão ser utilizadas na construção de todas as infra-estruturas relacionadas com o projecto”, nomeadamente cidades, infra-estruturas e estruturas de apoio administrativo.

 

O empresário assegura que o mini parque industrial, após estar em pleno funcionamento - que se estima seja num período de quatro anos -, estará “capacitado para produzir localmente mais de 3.500 produtos diferentes”.

 

O plano de Dabine Dabire prevê também a inclusão de um total de 120 mil linhas de produção de material de construção civil nomeadamente betão, vidro, ferro, madeira, plástico, no parque industrial, visando a redução da importação destes produtos.

 

Sem avançar o valor global do investimento, Dabine Dabire garante que esta estratégia deverá contribuir para a diminuição dos custos de construção das moradias que a sua empresa pretende construir nas cidades inteligentes e, consequentemente, o custo de venda às populações.

EMPRESÁRIO DESVALORIZA ACUSAÇÕES

O empresário minimiza, por outro lado, as acusações de que foi recentemente alvo, onde se alude que os investimentos que pretende implementar em Angola não passam de falsas promessas. “O boato é uma coisa e o trabalho real é outra. O africano tem de pensar no futuro das nossas crianças. Essas lutas inúteis, estes ciúmes, têm de parar para que possamos juntar sinergias e tornar as coisas possíveis para o nosso país”, disse, afirmando que o grupo que dirige e os seus parceiros possuem recursos financeiros, humanos e tecnológicos suficientes para a execução do projecto.

 

Sobre a existência de eventuais problemas com empresários italianos, Dabine Dabire nega a existência de qualquer fricção e assegura que as pessoas em causa fazem parte do grupo de peritos que estará brevemente em Angola para a implementação do seu mega-projecto.

 

O empresário garante que toda a execução do projecto será assegurada mediante “a transferência de ‘know how’ e da tecnologia que será trazida por peritos qualificados internacionais”, sendo que, para tal, foram já seleccionadas 850 empresas internacionais que serão implantadas no parque industrial.

 

O projecto de Dabine Dabire já foi analisado na extinta Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), tendo as assinaturas dos acordos ocorrido a 25 de Setembro de 2017. O processo está agora a ser analisado na Presidência da República, dada a sua magnitude.

 

Enquanto isso, o grupo tem estado a efectuar vários estudos topográficos e levantamentos antropológicos e sociológicos “de forma a adequar o programa à realidade das regiões do país onde vai ser implementado”.

 

Para essa fase de implementação, a M.A.S Group terá já gasto mais de 50 milhões de dólares, segundo o seu presidente, com os estudos realizados e com o pagamento de viagens e do pessoal contratado.