Luanda - O preço para comprar divisas nas ruas de Luanda está em queda, que no caso do euro chega aos 8%, no espaço de um mês, em sentido contrário à contínua depreciação oficial do kwanza angolano.

Fonte: Lusa

Numa ronda feita esta quinta-feira por alguns dos bairros da capital angolana, as ‘kinguilas’, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, transacionam um dólar a 390 kwanzas (1,35 euros), uma descida de quase 5% em menos de um mês.


A cotação no mercado informal mantinha-se praticamente inalterada desde meados de fevereiro e a variação que agora ocorre contrasta ainda com os 475 kwanzas (1,65 euros) do final de janeiro, o mesmo acontecendo com a moeda europeia.

 

No pico da crise cambial que afeta Angola desde finais de 2014, cada nota de dólar chegou a ser transacionada na rua a mais de 600 kwanzas (2,10 euros), quase quatro vezes acima da taxa de câmbio oficial. Na mesma ronda realizada, a Lusa encontrou o euro a ser transacionado na rua, igualmente em bairros como Maculusso, Mutamba ou São Paulo, em médio, a 440 kwanzas (1,50 euros), neste caso uma queda de 8% no espaço de um mês.

 

A falta de kwanzas no mercado é a explicação apontada por todas as ‘kinguilas’ para a manutenção prolongada da cotação do dólar e do euro, resultando na prática, devido à retirada de moeda de circulação física, numa valorização da moeda angolana. Na prática, e apesar de continuar escassa a quantidade de divisas nos bancos, o preço no mercado paralelo não dispara, como aconteceu em anos anteriores.

 

A retirada de dinheiro de circulação física tem sido uma medida adotada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) para conter a escalada da cotação do euro e do dólar no mercado informal, alternativo, embora ilegal e a preços especulativos, para angolanos e expatriados que não conseguem comprar divisas aos balcões dos bancos, face à crise cambial.

 

Durante o mês de janeiro, no mercado de rua, negócio que a polícia angolana tenta combater, o custo da nota de dólar tinha aumentado quase 20% e a de euro 15%, segundo os cálculos feitos pela Lusa, tendência que continua a ser invertida. Na cotação oficial, o kwanza angolano já acumulou uma perda de 35% nos seis meses do regime flutuante cambial, em que as taxas de câmbio são formadas nos leilões de divisas.

 

Esta depreciação, que foi mais acentuada em janeiro e que desde fevereiro tem rondado um ritmo de quase 1% por semana, foi confirmada pela Lusa com cálculos feitos a partir das taxas cambiais oficiais do BNA, desde janeiro. Hoje, a taxa de câmbio média do euro ronda os 285,4 kwanzas, quando a 1 de janeiro era de 185,40 kwanzas. Já o dólar norte-americano é cotado à taxa média de 246,8 kwanzas, quando no início de janeiro valia 165,92 kwanzas.

 

No modelo cambial anterior, até 9 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, tendo passado desde então a ser a moeda europeia a referência.