Luanda - É também conhecido por Ino ou Mbuta. Lazarino dos Márteres André Poulson nasceu na casa da sua avó, nas proximidades da Lixeira, no bairro do Sambizanga, a 8 de Fevereiro de 1973. Mas do Sambila guarda poucas referências. Aos dois anos e em vésperas da proclamação da independência de Angola, o pai, na qualidade de funcionário do palácio do governador de Angola, teve direito a uma habitação do Estado. Até hoje, a casa numero 67, da Rua governador Silva Carvalho do bairro Saneamento pertence à família de Lazarino Poulson. É filho de um grande electricista, Teodoro Poulson Neto e de Constância André Neves.


* Ferraz Neto
Fonte: JA


A paixão pela escrita em Lazarino Poulson despertou aos 14 anos. Lia muitos livros e era um bom aluno. Em 1992, fruto do seu excelente aproveitamento escolar foi chamado pela Delegação Provincial da Educação de Luanda, para leccionar no ensino primário.


Aos 19 anos, Lazarino Poulson deu aulas na escola Heróis de Camgamba, localizada nas imediações do Motel Sunset, no município da Samba. Queria dar sequência dos estudos, no ensino superior mas as dificuldades económicas e sociais foram um entrave.


Em 1993, depois do teste de admissão consegue entrar para a Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. Logo, no primeiro ano, foi distinguido como um dos melhores estudantes daquela instituição de ensino. Foi-lhe atribuído um prémio monetário em dinheiro.


Com esse dinheiro conseguiu comprar os livros do curso de Direito. No final de cada ano arrecadava prémios. Foi graças às suas excelentes qualidades académicas que Lazarino Poulson, foi convidado para assistente estagiário.


Passou a professor auxiliar na disciplina de Direito Administrativo 1 e 2. Dois anos depois foi dinamizar o núcleo da Faculdade Lusíada de Angola no Lobito, em 2005.


Colunista e escritor


A sua paixão pela escrita despertou aos 15 anos. Lia muitos livros e transformou-se num dos leitores assíduos da biblioteca do Governo Provincial de Luanda.  Lazarino Poulson escreveu “Pensar Direito I” e “Pensar Direito II”.


A iniciativa começou em 2005, no Lobito. Nas horas vagas, analisava o contexto jurídico angolano e escrevia as suas ideias.  Estes escritos eram públicos num jornal privado cuja coluna tinha o nome de “Pensar Direito”.

 
Aos 39 anos, Lazarino Poulson destaca-se pela sua exuberância intelectual. É vencedor dos prémios “Democracia e Direito” em 1997, “Chevron” em 1998/1999 e o de melhor trabalho com a peça “Crítica ao Ante-Projecto de Lei de Terras” em 2002/2003.


O exame e a morte do filho


Em 2003, Lazarino Poulson estava a frequentar o quinto e último ano da Faculdade de Direito. Horas antes da realização do exame que lhe dava o título de licenciado em Direito, foi informado que o seu primeiro filho se tinha queimado em casa. Transportado ao hospital dos queimados não resistiu e morreu. “Minutos antes de entrar para a sala onde ia fazer o exame disseram-me que ele tinham morrido.  Mesmo assim, não desisti e fiz a prova. Obtive a nota de 17 valores. Nunca irei esquecer”.


Poulson Responde

Jogou futebol na infância?

Claro que sim. Joguei caçulinha da bola no grupo Epigel. Sou praticante de xadrez e actualmente respondo por uma área da Federação Angolana de Xadrez. Fui jogador federado desde o Persistentes, Lojas Francas, Benfica de Luanda e a ERT. Mas sempre tive amor pelos livros. Quando terminei o ensino médio fiquei um ano sem estudar e fiz da biblioteca do Governo Provincial de Luanda a minha sala de leitura e passatempo.


Tem muitos amigos?

Na infância tive muitos amigos. Aindame recordo de muitos deles. Há uma pessoa que hoje é uma figura publica e que na nossa infância já era líder. Trata-se do professor Zeca Amaral. É um indivíduo que nasceu a treinar e a dar ordens aos outros fora e dentro do campo. Não jogava nada.

É introvertido?

Até aos meus 14 anos fui uma pessoa muito extrovertida. Mas depois dos 14 anos, o meu carácter mudou. Fechei-me muito. Foi nesse período em que me voltei mais para os estudos e para a leitura. Sou uma pessoa que sempre me destaquei naquilo que faço. Lembro-me que na infância havia um jogo chamado stop, onde o essencial era decorar os nomes de países e capitais. Os mais velhos do bairro chamavam-me para testar a minha capacidade de memória.


É o primeiro filho dos seus pais?


Não. Sou o quarto filho entre 17 irmãos.

É casado?

Sou casado há três anos e pai de três filhas. A minha mulher é Maura Vanneza Gomes Ferreira que também é jurista. Mas as minhas duas primeiras filhas são de um relacionamento antes do casamento.

Restam-lhe tempos livres?

Restam. Dá para me divertir com os amigos e familiares. Gosto de fazer praia, viajar e de velocidade.

Velocidade?

Sim. Gosto de carros de alta cilindrada. Velocidade é comigo. Adoro carros velozes. Gosto de meter o pé no acelerador.

Teve uma vida de luxo?

Enganam-se as pessoas que assim pensam. Já lhe disse que fiquei sem estudar durante um ano. Depois o meu pai foi suspenso no serviço, o que afectou gravemente a nossa vida em casa. Durante o ensino superior não tinha quem me pudesse ajudar em termos de livros e transporte. Andei a pé e financiei os meus manuais com os prémios que fui ganhando ao longo dos anos.