Luanda - Os organizadores das manifestações em Angola dizem que há feridos e pessoas detidas após as as tentativas de manifestação. Os relatos que nos cheguem dão conta de protestos, tanto em Luanda como em Benguela. Adão Ramos, um dos organizadores da manifestação diz que há 5 feridos graves.
Fonte: Lusa
A agência Lusa diz que vários civis têm armas brancas e cabos elétricos para controlarem os acessos à Praça da Independência e a baterem nalguns jovens, enquadrados por um grande dispositivo de polícias a pé.
Em Benguela, segundo contacto telefónico da Lusa com Hugo Kalombo, um dos organizadores da manifestação naquela cidade do centro litoral de Angola, quem atendeu, um jovem que se identificou como Gando, informou que Hugo Kalombo e mais duas pessoas tinham sido detidos por agentes da Polícia de Intervenção Rápida.
A Lusa contactou também telefonicamente Vienas, dirigente do Bloco Democrático, partido da oposição, em Benguela, que confirmou a detenção de Hugo Kalombo, de Samalata, jornalista da Rádio Despertar, afeta à UNITA, e de Jesse Lufendo, da organização não-governamental OMUNGA.
Em Luanda, depois da tentativa de concentração no local conhecido por Tanque do Cazenga, para organizar a manifestação antigovernamental marcada para a Praça da Independência, dispersada à bastonada pela polícia, os manifestantes optaram por dispersar e tentar chegar à zona da manifestação em pequenos grupos. Aqui, a reportagem da Lusa testemunhou a atuação musculada de civis armados com armas brancas e cabos elétricos, a espancar alguns jovens, que eram levados, enquadrados pela polícia, para zonas vizinhas de difícil acesso. Outros jovens, com mochilas, foram interpelados pela polícia e pelos civis empunhando armas brancas, e obrigados a revelar o que transportavam.
A Lusa contactou o comandante Nestor Goubel, porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional, que disse não ter informações sobre o que se estava a passar na Praça da Independência e tentativas de contactos posteriores revelaram-se impossíveis de concretizar. Nesta iniciativa, convocada pelo autodenominado Movimento Revolucionário Estudantil, os organizadores exigem o afastamento da presidente da Comissão Nacional Eleitoral e a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos.
A manifestação de Luanda visa protestar contra a designação de Suzana Inglês para a presidência da CNE, que desencadeou uma série de iniciativas dos três maiores partidos da oposição com representação parlamentar, UNITA, PRS e FNLA, junto do Conselho Superior da Magistratura Judicial e do Tribunal Supremo, onde interpuseram uma providência cautelar, e que foram liminarmente rejeitadas por estes dois órgãos judiciais.