Luanda - A curiosidade mata, ninguém terá duvidas. Mas eu acredito, que mata muito mais a ignorância, o desconhecido, a cegueira. É pois, munido desta ideia, que dei-me a consultar, algumas paginas mais recentes da nossa historia, donde no capitulo 2002, descobri um heroi discreto. Falo-vos de Paulo Lukamba Gato, General que milita na Unita, cujo papel viria a garantir o fim do conflito, amargamente experimentado por todos nós. Sem o papel desempenhado por Gato, a afamada arquitectura da paz, não teria visto a luz do dia.
 

Fonte: facebook


Afinal a historia tem de ser contada de novo. No meu lugar, na mimha visão, será absolutamente impossivel, conquistarmos uma paz, que nao ameace ruir nas nossas cabeças, enquanto inexistir coragem, para perante o mundo, admitirmos a verdade (historia) tal como ela é e, darmos a Cezar o que pertence a Cezar.

 
Infelizmente, o medo ainda domina a mente de muitos Angolanos e é pena que dele não escapem nem Doutores, nem carpinteiros, artistas, ou mesmo os chamados homens de letras. Todos com o discurso condicionado pela face partidaria, com receio de serem ouvidos ou lidos, havendo mesmo casos de pessoas que defendem uma ideia em off e outra bem diferente em on/publico, tudo porque o receio de contrariar o amigo ou o patrão, familia do esposo ou a da esposa, fa-los tremer todos.

 
É inadmissivel, que apesar de uns repetidamente falarem em reconciliação nacional, na pratica continuem a ver os cidadãos que militem na Unita, como seres não iguais, nunca admitindo os seus bons feitos e, parece mesmo que para eles a Unita é um partido que não pode, de maneira nenhuma, governar Angola. Do âmago, consigo sentir a angustia que uma mãe ou um pai da Unita sente a cada vez que um filho seu é diabolizado por reclamar o direito a ter voz igual, perante os seus semelhantes e, pergunto-me se será está a justiça dos nossos corações.

 
Na minha visão, consegui compreender, que Jonas Savimbi, não era apenas o lider do partido politico, ou do exercito. A Unita não se resume a isso. A Unita representa a vontade de todo um povo de Angola. A parte do povo que sempre a apoiou, primeiro militarmente e agora politicamente. Isto significa, que mesmo que um lider, ou representante, cometa erros e possa ser visto como vilão da historia, os direitos da pessoa ou povo que o mesmo nao podem ser beliscados. Assim, voltando ao capitulo 2002 do nosso livro, recordamos que Jonas Malheiro Savimbi, faleceu em combate neste ido, deixando desde logo varias perguntas no ar. Quem sucederia a Savimbi? Seria melhor ou pior?

 
Enquanto levantada a duvida, eis que Paulo Lukamba Gato, já na altura um famoso General, aceita encontrar-se com as chefias das FAA(forças governamentais) e, como nós sabemos, sem a boa vontade deste hoje deputado na Assembleia Nacional, poderiamos ainda estar a braços com a guerra.

 
Portanto, não pode ser verdade, que a paternidade da Arquitectura da Paz, pertença a uma só parte. Tambem não há qualquer justiça na ideia de que a guerra findou porque o Mpla derrotou a Unita. Savimbi, nem vivia na mata, pelo que só a morte dele, jamais deve ser vista como a derrota cabal da Unita. Tivemos foi sorte, que Lukamba Gato, para além de ocupar o lugar que ocupava, estivesse no espaço e tempo certos, que tivesse boa fé, que concordasse em dialogar e entender-se com o Mpla e, finalmente, após entendimento, ele mesmo, Paulo, qual apostolo, falasse via radio, a todas as chefias e demais corpos da Unita, para que fosse iniciado cessar fogo em todo o teritorio nacional. Portanto as tropas da Unita nao depuseram as armas por terem sido derrotados, mas sim porque a sua propria chefia os mandou parar.

 
A paz devemos e muito, tambem a Gato e a todos que na Unita o apoiaram na decisão, que para alem do mais essencial, devolveu ainda ao nosso povo, a tranquilidade dos caminhos do mato e, a oportunidade de recuperarmos o pouco que ainda restava das nossas tradiçoes. Jamais podemos esquecer, que somos um povo com muitos povos, pelo que dentre eles, nenhum deve ter a pretensão, de ser o sabedor de tudo e de ter toda a razão do seu lado.
 

Gato fez a sua parte, abriu-nos o corredor. Chegou agora o tempo em que os proximos passos já não podem depender do Mpla ou da Unita. Pelo contrario o nosso desejo enquanto povo, é que deve ser a voz que dita o que deve ser escrito nas paginas dos proximos capitulos do nosso livro. Na coragem de desafiarmos a nossa propria pessoa, a sermos capazes de mudarmos o mau habito que nos dividiu, estará encontrado o meio, de plantarmos uma e unica verdadeira reconciliação para todos os Angolanos.

 
Cabe a juventude compreender, que antes de mais, só a mudança do discurso petulante e ofensivo, para um discurso gracioso e disciplinado, poderá dar a todos a oportunidade de vermos o quanto somos perfeita e justamente iguais. Todos temos aspirações, todos desejamos o pedaço social que nos é de direito.
 

É obvio que ao dispor-se para conversar com a Unita, o Mpla fez a coisa certa e tem aqui um merito que ninguem lhe tira. Mas a verdade é que a boa e patriotica iniciativa do Mpla, cairia em saco roto, se não fosse a boa e patriotica vontade de Lukamba Gato e da Unita.

 
E embora saibamos muito bem, que para uns, a paz que dizem querer defender, é aquela em que eles são os donos do dinheiro do povo e, o povo o pedinte, temos ainda assim consciência de que é chegada a hora da mudança. E que os ventos de mudança que hoje batem a nossa porta, não são, senão frutos que brotam do aperto de mão que Lukamba Gato, protagonizou com o Mpla.
 

Um acto heroico de Lukamba Gato. No nosso livro, um dos arquitectos da paz. Paulo Lukamba Gato um Heroi do nosso Tempo.