As desconfianças em relação avolumaram-se por efeito de uma entrevista que Moco deu à revista “Cruzeiro do Sul”, ao longo da qual fez afirmações contidas nas seguintes ideias: - O Presidente da República não é intocável; sempre que merecer deve ser criticado. - As suas relações com o Presidente foram sempre de carácter institucional; não foram relações amigáveis nem empresariais. - As riquezas do país são “açambarcadas” (sic) por um grupo de pessoas – sempre as mesmas , ligadas ao Governo e oriundas de Luanda. 

A par da entrevista em si, foi também considerado “intencional” nos referidos meios o facto de a mesma ter ocorrido no Huambo, onde Marcolino Moco se encontrava em viagem de carácter privado. A atenção acrescida prestada agora a M Moco – incluindo a incomodidade que as suas declarações alimentaram – é decorrência de conjecturas segundo as quais a sua conduta e o desígnio que lhe é associado não são estranhos aos movimentos internos de contestação registados no ANC e no Quénia.

O perfil de Marcolino Moco ajusta-se à reprodução de um fenómeno equivalente no regime do MPLA:  - Pertence ao sistema, no qual fez carreira, mas em relação ao qual passou a ser “marginal”. - Foi Primeiro Ministro, SG do MPLA  e também secretário executivo da CPLP. - Ficou ressentido pela forma como foi afastado do cargo de Primeiro Ministro; não tem vida partidária. - É tido como um despojado (desprovido de fortuna; sem negócios). - É umbundu (o que mais singrou e se evidenciou no sistema).

 Fonte: Africa Monitor